Tribuna Ribeirão
DestaquePolítica

Justiça homologa delações premiadas

O juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Enéas Alberto da Silva Ferreira, homo­logou nesta sexta-feira, 15 de se­tembro, mas dois acordos de de­lação premiada assumidos com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no âmbito da Opera­ção Sevandija em Ribeirão Pre­to. Os novos colaboradores são Alexandra Ferreira Martins, ex­-namorada de Marcelo Plastino, dono da Atmosphera Constru­ções e Empreendimentos, e o ex-sócio dele, Paulo Roberto de Abreu Junior.

Wagner Rodrigues, presidente destituído do Sindicato dos Servi­dores Municipais de Ribeirão Pre­to, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP), já havia fechado acordo de delação no processo dos hono­rários advocatícios e vem cola­borando com o Gaeco e a Polícia Federal. Luiz Alberto Mantilla Rodrigues Neto, ex-diretor do Departamento de Água e Esgoto (Daerp), também é colaborador, mas na ação penal que envolve fraude em licitações da autarquia.

As delações de Alexandra e Abreu Júnior são as primeiras do último tripé da Sevandija, que envolve apadrinhamento político, pagamento de propina, fraude em licitações e favorecimento na ação da Companhia de Desenvolvi­mento Econômico de Ribeirão preto (Coderp). Os novos dela­tores relataram aos promotores do Ministério Público Estadual (MPE) fatos que podem revelar novas denúncias contra os investi­gados. São cerca de 400 páginas de prováveis provas que o empresá­rio teria deixado antes de scome­ter o suicídio, em novembro do ano passado, em seu apartamento.

As colaborações estão relacio­nadas ao processo que apura frau­des envolvendo a Atmosphera, empresa vencedora de licitações da Coderp para terceirização de mão-de-obra. Segundo o Ministé­rio Público e a Polícia Federal (PF), Marcelo Plastino pagou propina a vereadores e a secretários do alto escalão do governo Dárcy Vera (PSD) para obter favorecimento em processos licitatórios da Pre­feitura de Ribeirão Preto. Segundo o Gaeco, a namorada e o ex-sócio de Plastino indicaram as engrena­gens e a dinâmica das contratações ilícitas, a realização de periódicos e vultosos saques em dinheiro vivo das contas da empresa e os conta­tos entre o empresário falecido e agentes públicos.

Os dois apresentaram centenas de relevantes documentos, como ofícios e e-mails originais com as­sinaturas de autoridades chance­lando a contratação de indicados políticos, listas de indicações para contratações de cunho político por agentes públicos e vereadores, de­zenas de manuscritos elaborados por Plastino sobre os fatos e seus contatos na administração mu­nicipal, bem como documentos demonstrando seu contato com as autoridades envolvidas.

Também foram entregues ao Gaeco registros de ligações pesso­ais e partidárias entre contratados pela Atmosphera e agentes públi­cos; documentos demonstrando o desvio de função do pessoal contratado pela empresa devido às indicações políticas entre tantos outros. Como prêmio aos cola­boradores foi estipulado limite de pena a ser fixada pelo juiz em caso de condenação, regime diferencia­do para cumprimento e desblo­queio de parte de seus bens.

Foi mantida a previsão de con­denação e cumprimento de pena, parte da qual em regime de prisão domiciliar, parte com prestação de serviços comunitários, além da perda de todos os valores em pecúnia bloqueados em suas contas bancárias e a alienação imediata de seus veículos apre­endidos em favor da Justiça para ressarcimento do município.

Para o Gaeco, o conteúdo das colaborações comprova diversos pontos da acusação, reforçando os demais, bem como premia os colaboradores, que não exerciam cargos públicos, papel de liderança na organização criminosa e nem mesmo na empresa, de maneira equânime, sem significar impuni­dade. O material ainda deverá ser utilizado para confirmar suspeitas em torno de outros fatos e agen­tes públicos não incluídos nesta ação penal. O processo referente à Coderp está em fase final (últimas semanas) de audiências de teste­munhas indicadas pelas defesas dos acusados.

Em seguida, o juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto agendará os interrogatórios dos réus, fase final antes da senten­ça, que devem ser realizados em outubro. Abreu Junior foi preso em setembro de 2016, quando a Operação Sevandija foi defla­grada em Ribeirão Preto. Já Ale­xandra foi presa dois dias depois ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, ao lado de Marcelo Plastino.

O sócio de Plastino é acusado de participar ativamente das ativi­dades ilícitas desenvolvidas pelo empresário, enquanto Alexandra, que era funcionária da Atmos­phera, seria a responsável por fazer saques em dinheiro, entregues ao superintendente da Coderp, Mar­co Antônio dos Santos, e a pessoas ligadas a ele. Alexandra e Abreu Junior estão em liberdade provisó­ria desde outubro do ano passado. Santos foi preso em março deste ano, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassar o habeas cor­pus que o mantinha em liberdade.

Os promotores do Gaeco concederam entrevista no final da tarde de ontem para falar so­bre a homologação do acordo. Leonardo Leonel Romanelli diz que os depoimentos dos 21 réus nesta ação penal não têm data, mas devem acontecer na primei­ra quinzena de outubro.

Postagens relacionadas

Incêndio atinge prédio na Vila Amélia

Luque

Anfavea quer volta do Salão do Automóvel

Redação 2

Ribeirão inicia estudo sobre o Aquífero Guarani 

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com