Por Carla Araújo, enviada especial
Os 11.645 habitantes da cidade de Xambioá, no norte do Estado do Tocantins, aguardam a visita do presidente Michel Temer nesta quinta-feira, 14, para a assinatura da obra de uma ponte que muitos moradores locais dizem esperar desde que nasceram. Conhecida por ter sido palco da guerrilha do Araguaia, entre o final da década de 1960 até o final de 1974, a cidade foi a escolhida por Temer para sua estreia como presidente na Região Norte do País.
Temer, que chegará acompanhado dos ministros dos Transportes (Maurício Quintella), do Turismo (Marx Beltrão), da Integração Nacional (Helder Barbalho) e do Planejamento (Dyogo Oliveira), anunciará um investimento total na obra de R$ 132 milhões, sendo que, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, R$ 25 milhões para dar início às obras já estarão empenhados a partir da assinatura do presidente.
O Ministério dos Transportes prevê oficialmente como montante total de investimento para a ponte e entorno R$ 280 milhões.
Depois de assinar a ordem de serviço para a construção da ponte em Xambioá, o presidente vai sobrevoar o Rio Araguaia de helicóptero e aterrissar na cidade de São Geraldo do Araguaia, no Pará, que fica do outro lado da margem. Lá o presidente também vai participar de uma rápida cerimônia.
Para que o trajeto de 1.700 metros entre as duas cidades possa ser feito por meio da ponte, entretanto, a população ainda terá que esperar até 2021, já que a previsão é que as obras comecem apenas em janeiro do ano que vem e durem pelo menos três anos.
O projeto faz parte da modernização da BR-153 e vai ser mais uma ligação entre os Estados de Tocantins e Pará. Atualmente, o trajeto é feito por caminhões e carros por meio de duas balsas que pertencem a uma mesma empresa. A obra integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já estava prevista desde 2014, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em maio daquele ano, o governo lançou um pacote de investimento para obras no valor de R$ 8 bilhões e a ponte já era uma das previstas.
A senadora Kátia Abreu, que é do Tocantins e é uma voz dissonante no partido do presidente, o PMDB, e foi afastada hoje por 60 dias das atividades partidárias, também já usou a obra como palanque. Em setembro de 2014, durante um evento na cidade, a senadora garantiu recursos e disse que os, na época, R$ 150 milhões, já estariam integrados na rubrica PAC 2.
Rotina
A rotina da pequena Xambioá já sofreu alterações por conta da esperada visita de Temer. Policiais tomaram as ruas. Nos arredores, helicópteros do exército fizeram ações testes que chamaram a atenção da população local. Questionados sobre a expectativa da visita do presidente e da possível construção da ponte, muitos se mostraram descrentes de ver a situação mudar.
A estrada que liga Marabá, cidade que recebe voos de algumas capitais, a Xambioá é praticamente toda sem acostamento. Ao passar por alguns dos trechos com asfalto novo, o motorista avisa que a ação foi feita há pouco tempo justamente por conta de um político local. “Eles fazem assim, arrumam um trecho e esse pedaço todo até lá não tem sinalização, nem marca pra dividir as pistas no asfalto”, diz o motorista.