O empresário Marcelo Plastino, dono da Atmosphera Construções e Empreendimentos, também deixou no celular-bomba indícios do pagamento de propina a ex-prefeita Dárcy Vera, presa em Tremembé, no valor de R$ 1,5 milhão, referente ao contrato da coleta de lixo. A afirmação consta no laudo da perícia feita no aparelho encontrado no apartamento do suicida, no dia da morte dele, em novembro do ano passado, pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Federal (PF).
Dárcy Vera está presa desde 19 de maio deste ano por acusações de chefiar um esquema criminoso na Prefeitura de Ribeirão Preto que teria desviado R$ 45 milhões – referente à ação penal dos honorários advocatícios do Plano Collor (acordo dos 28,35%). A perícia feita pela PF no celular de Plastino localizou um documento que cita a ex-prefeita como controladora das contratações feitas pela Atmosphera para atuar em cargos terceirizados pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp). Ela teria passado a determinar quem ocuparia as vagas, após perceber o aumento do volume de contratos, que passou de R$ 5 para R$ 20 milhões.
O documento também cita que Dárcy Vera recebeu R$ 1,5 milhão no contrato da coleta de lixo, e que vereadores também receberam a parte deles, R$ 80 mil cada. Os nomes dos parlamentares, no entanto, não foram listados. Em 2013, quando estava em seu segundo mandato, então filiada ao PSD, a chefe do Executivo firmou dois contratos com a empresa Leão Ambiental, um de R$ 54 milhões e outro de R$ 13 milhões por um ano de acordo. Em setembro de 2013, a Leão Ambiental foi comprada pela Estre Ambiental.
A advogada de Dárcy Vera, Maria Cláudia Seixas, sempre disse que sua cliente é inocente e vai provar que não participiou de nenhum esquema criminoso. A assessoria da Estre Ambiental informa que a empresa desconhece o assunto referente ao contrato executado anteriormente à compra da Leão Ambiental.
Nove pessoas estão presas em Tremembé por causa da Operação Sevandija. Além de Dárcy Vera e do ex-presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB), também estão detidos os ex-advogados do Sindicato dos Servidores Municipais (SSM/RP), Sandro Rovani e Maria Zuely Alves Librandi, os ex-superintendentes da Coderp, Marco Antonio dos Santos (também ex-secretário da Administração e ex-chefe do Departamento de Água e Esgoto, Darep) e Davi Mansur Cury, os ex-secretários Layr Luchesi Júnior (Casa Civil) e Ângelo Invernizzi Lopes (Educação) e a ex-funcionária da Coderp, Maria Lúcia Pandolfo. Todos negam envolvimento em atos ilícitos.