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Neurociência da Educação (2)

Vasta quantidade de pesquisas sobre o cérebro podem ter grandes implicações para a prática e as políticas educacionais, entretanto, tem sido relativo o impacto específico da neurociência sobre a educação. A que se deve isto? Certamente, à falta de interação entre educadores e cientistas do cérebro, bem como, às enormes dificuldades de traduzir, para os professores, o conhecimento neurocientífico sobre como a aprendizagem, de fato, ocorre no cérebro. Cérebros individuais, similarmente a corpos individuais, são diferentes um do outro, e quase nada pode ser modificado, ou melhorado, sobre isso. Por outro lado, quando olhamos o mundo ao redor, são vários os exemplos de como a cultura pode agregar valor à natureza. Até recentemente, acreditava-se que o cérebro, após os primeiros anos de vida, estava equipado com todas as células que o constituiriam por toda a vida, e que a maturidade representava, em geral, queda nas células cerebrais e progressiva deterioração na aprendizagem, memória e desempenho. Entretanto, pesquisas têm começado a revelar que esta visão acerca do cérebro é muito pessimista. Explico: o cérebro adulto é flexível, o que leva a novas células poderem crescer e fazer novas conexões, pelo menos em algumas regiões, tais como o hipocampo. O resultado disso? Ainda que novas informações se tornem menos eficientes com o envelhecimento, não há limite de idade para aprender.

A partir do início do desenvolvimento pós-natal, o cérebro começa a formar novas sinapses, de modo que a densidade sináptica aumenta enormemente. Este processo, chamado sinaptogênese, dura por algum tempo: para diferentes comprimentos de tempo dependendo das espécies de animais, sendo seguido por um período de eliminação, ou equilíbrio sináptico, no qual as conexões, freqüentemente usadas, são potencializadas e aquelas pouco usadas, extintas. Assim, tão logo um bebê nasce, suas sinapses começam a crescer e mudar. Quais conexões sobrevivem e crescem, e quais dissipam-se ou desaparecem, são determinadas parcialmente pelos genes herdados pelo bebê de seus pais e parcialmente das experiências iniciais do bebê. Ao longo dos últimos 30 anos, tem-se propagado a ideia de que um animal requer certos tipos de estimulação ambiental em alguns momentos específicos – um período crítico – durante o qual ocorre o desenvolvimento de seus sistemas cerebrais sensorial e motor. Os resultados de tais pesquisas têm sido usados para sugerir que certos tipos de aprendizagens devem ocorrer em certos períodos etários, caso contrário o cérebro nunca se desenvolveria apropriadamente, sendo impossível para a criança, depois, adquirir aquelas habilidades ou capacidades. Todavia, recentes pesquisas realizadas pelos neurocientistas cognitivos têm sugerido que alguma recuperação da função é possível dependendo do período específico de privação e das circunstâncias seguindo a privação.

Atualmente, muitos neurocientistas não acreditam que os períodos críticos sejam muito rígidos e inflexíveis. Ao contrário, muitos os interpretam como períodos sensitivos, que compreendem mudanças sutis na habilidade do cérebro para ser modelado e alterado pelas experiências que ocorrem ao longo da vida e que tais aprendizagem posteriores possam ser diferentes dos tipos de aprendizagens que ocorrem naturalmente durante os períodos sensitivos. Uma característica fundamental do desenvolvimento cerebral? É que as experiências ambientais são tão importantes quanto os programas genéticos, ou seja, considerando um ambiente normalmente enriquecedor, que conduz a mais conexões sinápticas do que um ambiente empobrecido, pesquisas claramente indicam que há um limiar de riqueza ambiental abaixo do qual um ambiente empobrecido, limitado em estimulação, provavelmente prejudica o cérebro de um bebê. Considerando as mudanças evolutivas contínuas que ocorrem no córtex frontal durante a adolescência, período caracterizado por mudanças hormonais, físicas e mentais, espera-se que as habilidades cognitivas que se situam nestas regiões possam, também, mudar ao longo deste período. Por quê? Pelo fato de haver alguma evidência experimental de que o desempenho em tarefas de funções executivas, ou mesmo, a inteligência, melhoram linearmente com a idade. Ademais, demonstrou-se que após a puberdade, as sinapses em excesso tornam-se especializadas formando redes neurais mais eficientes.

Ensinar e aprender são ocorrências que se aplicam para todas as idades. De tempos em tempos, as pesquisas sobre o cérebro têm demonstrado a flexibilidade do cérebro adulto, ou seja, que não há limite de idade para aprender. O cérebro do adulto pode mudar, em tamanho e atividade, e estas mudanças geralmente ocorrem como resultado do uso. Em outras palavras, o cérebro continuamente adapta-se ao seu ambiente. Partes do cérebro, como o hipocampo, podem crescer dependendo do quanto elas são usadas. O cérebro continua muito plástico em flexível na maturidade e este processo, certamente, tem grandes implicações para a aprendizagem ao longo de toda a vida. O resultado disso? O interesse permanente da sociedade na educação é intensamente manifesto em seu interesse concomitante de como podemos melhorar nossas mentes e cérebros para aprender e ensinar. Acompanhar esse desenvolvimento é dever de todos nós.

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