A Fundação Florestal (FF), vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, realizou na tarde desta quinta-feira, 31 de agosto, a tradicional divulgação anual da Operação Corta-Fogo, uma parceria com o Corpo de Bombeiros e a iniciativa privada para coibir as queimadas em áreas de preservação. O evento teve como sede a Estação Ecológica de Ribeirão Preto (EEcRP, a popular Mata de Santa Tereza), que há três anos sofreu um incêndio de grandes proporções que destruiu 98 de seus 181 hectares. O plantio simbólico de mudas marcou o início do plano e recuperação do local.
Foram plantadas mudas de espécies nativas como cedro-rosa, angico-branco, embaúba, jerivá e jequitibá-branco. O evento é considerado um marco desta nova fase da unidade de conservação. Lucila Manzatti (gestora das unidades de conservação da Fundação Florestal), Alessandra Pinezi (da Mata de Santa Tereza), integrantes da Polícia Militar Ambiental e do Corpo de Bombeiros apresentaram palestras e falaram sobre planos, ações e projetos eficazes de redução de riscos de incêndios florestais. Também foram abordadas as respostas emergenciais.
O vereador Marcos Papa (Rede), autor da representação que levou o Ministério Público Estadual (MPE) a instaurar inquérito para investigar a omissão e prevaricação do governo estadual em relação à Mata de Santa Tereza, por causa do atraso de quase três anos para iniciar o projeto de recuperação, foi convidado a plantar a primeira muda. Ele escolheu uma de cedro-rosa, fez o plantio e destacou que aquela era a primeira espécie nativa do processo de recuperação da reserva.
O projeto de restauração da Mata de Santa Tereza, prometido em dezembro de 2014, só começou de fato na última terça-feira (28), com a assinatura do termo de compensação ambiental entre a Fundação Florestal e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O objetivo do acordo é a recuperação de 40 hectares da vegetação natural da EEcRP.
O documento prevê que o plano de recuperação terá a coordenação geral de Alessandra Pinezi, coordenação técnica a cargo da companhia e trabalhos de campo feitos por uma empresa contratada pela CPTM, que aceitou participar do projeto pela necessidade de realizar a compensação ambiental por causa dos impactos ao meio ambiente de suas operações com trens na Região Metropolitana de São Paulo.
A descrição do plano inclui a retirada dos fatores de degradação, manutenção e condução da regeneração, plantio de adensamento e plantio de enriquecimento. O prazo previsto para conclusão é de cinco anos. A Fundação Florestal já iniciou negociação com outra empresa interessada em realizar compensação ambiental na área da Mata de Santa Tereza atingida pelo fogo – a Leão Engenharia, que expandiu sua extração de basalto.
O trabalho coletivo, realizado através da parceria entre órgãos públicos, sociedade civil e a iniciativa privada, tem assegurado importantes avanços em atividades de prevenção a incêndios e capacitação de voluntários para assegurar a integridade da Estação Ecológica, importante fragmento florestal localizado em uma área de expansão urbana. “É esse o espírito. A comunidade precisa ajudar a cuidar da Mata Santa Tereza, sob a orientação dos bombeiros e da Defesa Civil”, explica Lucila Manzatti, diretora do Núcleo Metropolitano e Interior da Fundação Florestal.
A Estação Ecológica de Ribeirão Preto também irá receber diversos equipamentos para monitorar e combater os focos de incêndios, como caminhonetes equipadas com apagadores de fogo, equipamentos de segurança, além de uma torre de monitoramento e uma caixa d’água. Também irão desenvolver materiais sobre a preservação ambiental para serem distribuídos paras crianças.
Representando a Prefeitura de Ribeirão Preto, o presidente da Defesa Civil, Renato Catita, disse que a administração municipal trabalha para atender essas demandas ecológicas. “Aqui em Ribeirão Preto, o prefeito tem a proposta de trabalhar as questões ecológicas e de sustentabilidade. É importante a Mata Santa Tereza ser preservada”, afirma.
A área afetada pelo incêndio foi dividida em dois polígonos, onde da CPTM e a Leão Engenharia vão atuar. As quatro etapas para recuperação são a retirada de fatores de degradação (como as espécies oportunistas, as lianas, que cresceram após o incêndio), manutenção e condução de regeneração, plantio de adensamento e de enriquecimento. Atualmente, a Fundação Florestal é responsável pela gestão de 94 (noventa e quatro) Unidades de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável, sendo 44 na região de Ribeirão Preto.
A Mata de Santa Tereza tem no total 181 hectares, ou 1.810.000 metros quadrados – o equivalente a mais de 200 campos de futebol (120x75m). Mas a Estação Ecológica de Ribeirão Preto é um pouco menor e tem oficialmente 154 hectares – os demais 27 hectares são propriedades particulares. A área abriga 174 espécies vegetais nativas, 126 diferentes espécies de aves (a jacu está ameaçada da de extinção) e nove espécies de mamíferos (o lobo-guará corre risco de extinção). É um dos derradeiros refúgios de onças pardas e suçuaranas, animais que no passado habitavam as matas da região.