Adriana Cristofoli
Ribeirão Preto receberá novas áreas de galpões a partir deste ano, após um hiato de dez anos. A Log Commercial Properties já tem prevista, para o próximo ano, a entrega de um empreendimento de 48 mil metros quadrados, sendo que metade da área já está pré-locada, segundo levantamento da consultoria Binswanger.
Outro destaque na região é a Barzel Properties, que adquiriu da Multiplan um terreno de 128,6 mil metros quadrados para o desenvolvimento de galpões de 55 mil metros quadrados. Embora a data de conclusão não tenha sido divulgada, esse novo projeto reforça o potencial de crescimento de Ribeirão Preto no setor.
Com uma taxa de vacância em queda — passando de 6,9% no primeiro trimestre para 5,2% no segundo — e um preço médio de locação de R$ 26,00 por metro quadrado, a região mostra sinais de aquecimento. Empresas como Raia Drogasil e SuperFrio Logística são os principais ocupantes, com mais de 21 mil metros quadrados cada uma.
Os investimentos na ampliação e capacidade no Aeroporto Estadual Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto contribuem para esse crescimento.
Para o consultor econômico José Rita Moreira a internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, prevista para 2026, promete inaugurar uma nova era para Ribeirão Preto e seu entorno. Com voos internacionais de passageiros e cargas, o terminal aéreo se posicionará como um hub logístico estratégico do interior paulista, impactando positivamente diversos setores econômicos e sociais.
“A nova configuração do aeroporto atenderá diretamente a uma demanda reprimida por voos internacionais na região, que já é reconhecida como um dos principais polos econômicos e agroindustriais do país”, diz. Ainda segundo ele, a localização privilegiada, a poucos minutos da Rodovia Anhanguera (uma das principais vias de escoamento de produção do Sudeste) reforça o potencial logístico da cidade.

O economista afirma que empresas do agronegócio, indústria farmacêutica, tecnologia e comércio exterior devem se beneficiar com redução de custos e prazos no transporte de mercadorias, principalmente para exportações. “O transporte de cargas perecíveis, como frutas, flores e cortes especiais de carne, ganhará agilidade e eficiência, consolidando a posição de Ribeirão Preto como porta de saída da produção agroindustrial brasileira”, declara.
“Com a internacionalização, espera-se uma valorização significativa dos imóveis nos arredores do aeroporto, especialmente nos bairros do Jardim Aeroporto, Campos Elíseos e Vila Elisa. A tendência é que o entorno passe por um processo de adensamento urbano, com novos empreendimentos residenciais, comerciais e logísticos”, acredita Moreira.
Valorização de áreas
Corretoras da região já projetam uma valorização média entre 15% e 30% nos próximos anos, especialmente em terrenos aptos à instalação de galpões logísticos, centros de distribuição e hotéis executivos. “A internacionalização do Leite Lopes também traz ganhos estratégicos para a Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, com voos internacionais diretos, a feira poderá atrair um número ainda maior de expositores, investidores e visitantes estrangeiros, ampliando o alcance global do evento e aumentando sua relevância no calendário internacional do agronegócio”, afirma.
Estudos preliminares indicam que a ampliação e internacionalização do aeroporto poderão gerar até 10 mil novos empregos diretos e indiretos nos primeiros cinco anos de operação. “Isso inclui vagas em transporte, logística, segurança, serviços aeroportuários, comércio, hotelaria e alimentação”, diz.
Moreira acredita também que o aumento na movimentação econômica deve impulsionar a renda média local, com efeitos positivos sobre o consumo e o recolhimento de impostos municipais e estaduais.
O economista destaca que o setor hoteleiro deve passar por uma nova fase de expansão. Redes nacionais e internacionais já monitoram a movimentação do projeto, considerando a instalação de unidades nas imediações do aeroporto ou no centro expandido da cidade. “Hotéis voltados ao público corporativo e eventos internacionais devem ganhar protagonismo”, diz.
A gastronomia local também será beneficiada. Com maior fluxo de turistas e empresários estrangeiros, “haverá espaço para a diversificação da oferta culinária, além de oportunidades para chefs, bares, cafeterias e restaurantes regionais, que podem explorar a valorização da cultura e da identidade gastronômica do interior paulista”.
A chegada de novos fluxos internacionais deverá atrair bancos, fintechs e empresas de câmbio para atender à nova demanda de serviços financeiros. “O comércio local, especialmente o de alto padrão e os shopping centers, terá oportunidade de se reposicionar para atender um público mais diversificado e exigente”, acredita Moreira.
Outro ponto destacado pelo economista é que conexão internacional deve impulsionar o ecossistema de inovação e startups da cidade, facilitando a atração de investimentos estrangeiros, parcerias tecnológicas e intercâmbio de conhecimento.
Atenção a pontos críticos
-Infraestrutura viária e mobilidade urbana: Será necessário investimento em vias de acesso ao aeroporto e ampliação do transporte público.
-Planejamento urbano e ambiental: O crescimento da região precisa ser equilibrado, com foco em sustentabilidade.
-Segurança e governança: O aumento de fluxo exige reforço nas estruturas de segurança pública e fiscalização aduaneira.
Região
A demanda por áreas logísticas no interior de São Paulo vem crescendo, e Ribeirão Preto pode se beneficiar da descentralização do mercado. Mesmo com desafios regulatórios para aprovação de novos projetos, outros municípios próximos, como Cravinhos e Jardinópolis, também têm atraído o interesse de desenvolvedoras e ocupantes, como Shopee e Mercado Livre.
Nos últimos anos, a região se consolidou como uma alternativa estratégica para grandes empresas, principalmente pelo fácil acesso às principais rodovias, aeroportos e portos, além de sua proximidade com Minas Gerais e o Centro-Oeste do país.