Adriana Cristofoli
O Aeroporto Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto, iniciou, na primeira semana de março, uma nova fase das obras de melhorias no local. Desde 2022, o espaço está sob os cuidados da concessionária Rede VOA e vem recebendo adequações. Na primeira fase, realizada ainda em 2022, foram investidos R$ 3,5 milhões. O local recebeu uma nova área de pré-embarque e embarque, obras de infraestrutura, incluindo catracas eletrônicas, rede wi-fi, sistema de ar-condicionado e novos sanitários.
Agora, a nova etapa da reforma compreende a construção do boulevard e a revitalização de todo o sítio aeroportuário, trazendo uma nova experiência para os 700 mil passageiros que passam por ali anualmente.
A concessionária afirma que também serão realizadas alterações no acesso viário, construção de uma passarela de pedestres e de um novo portão de desembarque de passageiros.
Nessa fase, os investimentos previstos chegam à casa dos R$ 30 milhões e representam um aumento de 6 mil metros quadrados na área construída do aeroporto, que passará de 3,6 mil m² para 9,6 mil m².
A área do novo boulevard terá 3 mil m². “Em 2024, alcançamos a marca de 700 mil passageiros em Ribeirão Preto e, após a revitalização do Dr. Leite Lopes, nossa meta é receber 1 milhão de passageiros até o fim de 2026”, prevê o CEO da Rede VOA, Marcel Moure.
Segundo a empresa, o novo boulevard contará com novos estabelecimentos comerciais e gastronômicos e aumentará não apenas a capacidade do aeroporto, mas também o conforto dos passageiros. A previsão é que a obra seja concluída no segundo semestre deste ano. A reforma também prepara o aeroporto para o desejado processo de internacionalização.
Plano de diretrizes
Além da obra em andamento para a construção do novo boulevard e dos novos terminais, foram apresentadas oficialmente ao prefeito de Ribeirão Preto questões como o Plano de Diretrizes, zoneamento de ruído, questões de energia elétrica, entre outras, além do projeto Masterplan, que traz a ideia de integração do Leite Lopes com um terminal rodoviário, hotel e áreas comerciais.
A atual gestão da Prefeitura de Ribeirão Preto informou, em nota, que está realizando um levantamento detalhado das demandas de todas as regiões da cidade, incluindo a região do Jardim Aeroporto.
Nesse período, já foram realizadas ações importantes na localidade, como um mutirão de limpeza no Parque Permanente de Exposições e a alteração da sua administração, medida que permitirá a reestruturação do espaço.
“Além disso, o próprio Aeroporto Estadual de Ribeirão Preto – Doutor Leite Lopes está passando por um processo de internacionalização, o que trará impactos positivos para a economia e a infraestrutura da cidade e da região do Jardim Aeroporto.”
A região também será contemplada pelo Novo PAC, que prevê a interligação de toda a cidade por meio da criação da Avenida Tanquinho, na região Leste, e do prolongamento da Avenida Rio Pardo, na região Oeste. “As intervenções incluem alargamento e melhorias viárias para otimizar o fluxo urbano. Além do projeto principal, novas possibilidades de investimentos foram discutidas para a cidade”, completa.
Principais melhorias previstas para o Leite Lopes
– Ampliação do terminal de passageiros, passando de 10 mil m² para 12 mil m²
– Sala de embarque com cinco portões em área de 1.036 m²
– Restituição de bagagem com duas esteiras em área de 373 m²
– Balcões de check-in com 20 posições em área de 190 m²
– Quatro controles de segurança (raio-X) com 113 m²
– Ampliação do estacionamento
– Reforma do pátio com 11 posições de estacionamento para aeronaves tipo C
Leite Lopes já dispõe de pista apta a voos internacionais
A ampliação da pista do Aeroporto Doutor Leite Lopes, em Ribeirão Preto, para 2.100 metros foi concluída em 1996. Antes disso, a pista tinha 1.800 metros, e o projeto de ampliação visava permitir operações com aeronaves de maior porte, melhorando a infraestrutura do aeroporto. A extensão atual — 2.100 metros de comprimento por 45 metros de largura — é suficiente para receber aeronaves como o Airbus A320, A321 e o Boeing 737-800, modelos amplamente utilizados em voos comerciais na América do Sul.
Apesar de existirem discussões antigas e propostas sobre uma nova ampliação (inclusive para 2.500 metros), nenhuma delas foi concretizada até hoje.
O arquiteto e urbanista Anderson Bueno Pereira, estudioso do tema aeroportos, acredita que uma possível ampliação seria uma das últimas providências necessárias.
“Como o Aeroporto Leite Lopes está autorizado e classificado pela ANAC como sendo da categoria 4C, que permite a operação de vários modelos de aeronaves, pode ter voos internacionais da aviação executiva, de passageiros e de cargas, inclusive na modalidade voos charter (fretados)”, afirmou.
Segundo ele, a prioridade é tornar o aeroporto funcional, com diversos horários de voos para São Paulo, voos para outras capitais importantes como Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de voos regulares para cidades turísticas do Nordeste.
“Com a pista que temos hoje é possível fazer isso. Nosso aeroporto está no mesmo nível de praticamente todos os aeroportos da América do Sul e até do Caribe”, afirma. “Os aviões que as companhias utilizam para fazer voos dentro da América do Sul e Caribe são os mesmos aviões habilitados a pousar e decolar em Ribeirão Preto, na sua carga máxima, inclusive”, diz.
Anderson afirma também que, pelo tamanho da pista, é possível realizar atualmente voos internacionais até para os Estados Unidos. “Sobretudo aviação executiva, com voos fretados”, declara. Segundo ele, o aeroporto de Ribeirão Preto tem potencial para ser um hub nacional de voos de cargas e passageiros. “No âmbito internacional, tem potencial de ser braço direito do aeroporto de Viracopos, em Campinas, com voos fretados de passageiros e cargas para a América do Sul e Caribe. Além de ter voos executivos de longo alcance para os EUA”, completa.