Tribuna Ribeirão
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A extrema direita ardilosamente usa a seu favor a desilusão do pobre 

José Eugenio Kaça *
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O topo da pirâmide social no Brasil é frequentado por herdeiros das capitanias hereditárias, e por descendentes dos maiores criminosos que já passaram por estas paragens – os Bandeirantes. Que praticaram todo tipo de atrocidades para conquistar novas terras e acumular riquezas, e para conseguir seus objetivos, perseguiram, escravizaram e eliminaram as populações indígenas que atravessavam seu caminho, e se especializaram em caçar escravizados africanos que fugiam dos cativeiros, e com muita habilidade e perspicácia conseguiram trazer para o seu lado, alguns escravizados, que com promessas de uma vida melhor, se transformaram em algozes de sua própria etnia. E assim nasceram os capitães do mato, acontece que -o poder determina de que maneira a história oficial e aí os criminosos vão ser tratados como heróis nos livros didáticos, e com isso influenciam as novas gerações.

A República e a Democracia são sistemas de governos, que na sua base o povo como expoente máximo, mas o capitalismo com sua sanha pelo lucro, deixou em terceiro plano a vida humana. Para Platão, que viveu na Grécia há mais de dois mil e quatrocentos anos, a democracia era o pior regime de governo, pois permitia que indivíduos despreparados e corruptos concorressem aos cargos públicos e serem eleitos. No Brasil o sistema democrático-republicano materializou as ideias que Platão tinha sobre os malefícios da democracia. A República foi proclamada sem a presença do povo, que passado pela praça não sabia o que estava acontecendo, e a democracia só conseguiu mostrar a sua cara pálida após a Constituição de 1988, e desde então vem sendo vilipendiada.

Na chamada primeira República, apesar de haver eleições, o povo não participava, e era um regime semi ditatorial, pois os direitos não existiam para o povo pobre, que vivia na ilusão à espera de um futuro maravilhoso que um dia haveria de chegar e todos teriam uma vida digna. Nada aconteceu, e a culpa pela vida desgraçada vivida pelo povo pobre é imputada pelos donos do poder ao próprio pobre, que é preguiçoso, negligente e não sabe votar. um povo que sempre foi enganado pelas astucias e malandragem oriundas do poder, procura se defender das atrocidades e tentar sobreviver. A periferia pobre, por diversos motivos acreditava que através da participação na política mudaria suas vidas, mas os políticos de esquerda não conseguiram introduzir no âmago dessa população um modo de luta que mudassem suas vidas, e com o tempo as promessas da extrema direita começaram sobre o emprendendorismo começaram a fazer eco nesta população.

E neste contexto, e por falta de conhecimento das artimanhas da extrema direita, os pobres se viraram contra as promessas de políticos de esquerda. Entretanto, ao invés de procurar entender os motivos deste deslocamento da população pobre para e extrema direita, preferem jogar nos pobres a pecha depreciadora de “pobre de direita”, não entendendo que essa população vive de sofre na carne as agruras do abandono estatal há mais séculos. O vácuo deixado pelo poder público nas periferias pobres, foi preenchido outros poderes. A presença maciça das igrejas pentecostais nas periferias pobres abriu os caminhos para a extrema direita lançar seus tentáculos.

A proliferação do ódio é descomunal, as informações são deturpadas, mas como são difundidas por homens “ungidos” são absorvidos pela maioria da população pobre e periférica. Combater o comunismo e os esquerdistas é a principal fala dos pastores ungidos, e o povo segue. Conversando com um popular morador da periferia pobre sobre política, ele começou a criticar o Projeto do Pé de Meia, que ajuda os estudantes do ensino médio das periferias pobres a se manter na escola. Ele se mostrou indignado, e afirmou: “ao invés de fazer isso tem que por essa molecada para trabalhar”. Antes de colocar a pecha de pobre de direita na periferia pobre, é preciso levar o conhecimento para estas populações – pois só o conhecimento liberta.

* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação
 

 

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