O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira, 25 de fevereiro, que mais de 60 milhões de unidades da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue serão ofertadas anualmente a partir de 2026. O anúncio ocorreu antes do presidente Luz Inácio Lula da Silva anunciar a saída de Nísia Trindade da pasta.
No evento, a ministra fez um discurso emocionado sobre vacinas e foi ovacionada pelo público. Nísia Trindade será substituída pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a partir da posse marcada 6 de março. O presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério.
A produção da vacina será viabilizada por uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, com investimento previsto de R$ 1,26 bilhão. O pedido de registro da vacina foi submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2024 e aguarda o parecer do órgão.
Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira do mundo em dose única e poderá ser aplicada em pessoas de 2 a 59 anos. Nos ensaios clínicos, o imunizante demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática e uma proteção de 89% contra dengue grave ou com sinais de alarme. Com a produção do imunizante, o objetivo do governo é ampliar a proteção contra a doença.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a oferecer um imunizante contra a dengue na rede pública, a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda. Mas, devido ao número limitado de doses, só crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de 521 municípios selecionados foram inicialmente incluídos no programa de vacinação.
Imunizações contra o VSR – O ministério também informou que pretende produzir no Brasil a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) por meio do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). Para isso, uma parceria entre o Butantan e a Pfizer permitirá a fabricação de até 8 milhões de doses anuais. A ação começou em 2023 e segue até 2027.
Segundo o ministério, estima-se que o projeto vai evitar cerca de 28 mil internações anuais relacionadas a complicações do VSR. O primeiro fornecimento da vacina para o Sistema Único de Saúde (SUS) está previsto para o segundo semestre de 2025. A estratégia adotada pela pasta inclui a negociação de preços com os produtores, incorporação de anticorpos contra o vírus para bebês prematuros e oferta da vacina para gestantes.
Insulina – O governo anunciou ainda a fabricação nacional da insulina Glargina como parte do PDP do ministério. O projeto envolve a produção nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a ampliação da fabricação do produto final pela Biomm.
A empresa recebeu o registro para a produção de insulina Glargina. A parceria pode possibilitar a produção de 70 milhões de unidades anuais até o final do projeto. O produto está previsto para chegar ao SUS no segundo semestre de 2025.