Por Hugo Luque
O Botafogo encerra sua campanha no Campeonato Paulista neste domingo, às 18h30, no Estádio Santa Cruz/Arena Nicnet, contra o Novorizontino. Eliminado matematicamente na última rodada, o Pantera não vai disputar o mata-mata pelo segundo ano consecutivo, um preço que terá de pagar pelo início conturbado de competição.
No entanto, aquele que se transformou na maior meta da equipe ao longo da campanha, a luta para fugir do rebaixamento, foi concluída com sucesso. Para a surpresa de muitos, inclusive, sem sustos na reta final. Portanto, fica um gosto agridoce no paladar da torcida botafoguense. Afinal, o Tricolor mostrou ser um conjunto com potencial.
Sob comando de Márcio Zanardi, o clube se reforçou e fez uma verdadeira limpa no elenco que brigou para não cair no Paulistão e na Série B do Campeonato Brasileiro de 2024. O perfil na maioria das contratações foi semelhante: atletas experientes, com rodagem e que já disputaram a elite do futebol nacional.
Mas o começo não foi animador. Logo na primeira rodada, uma derrota contra o Guarani, com falhas defensivas que mudaram a história do duelo, trouxeram de volta a pressão do ano anterior.
Para piorar, o Bota também era inoperante no ataque. Nas três partidas seguintes, o time de Ribeirão Preto acumulou empates sem gols com os reservas do São Paulo e o Noroeste, além de perder por 1 a 0 para o São Bernardo. O fantasma do rebaixamento voltava a rodear o Estádio Santa Cruz.
A remontada
No fim de janeiro veio, enfim, o primeiro gol botafoguense em 2025, que partiu da cabeça do zagueiro Allyson. Foi uma melhora, mas a equipe cedeu o empate ao Água Santa e pouco melhorou sua situação. No jogo seguinte, um apagão no início custou o resultado na Arena Pacaembu: derrota por 3 a 2 para a Portuguesa.
Mas foi ali que o Tricolor deu os primeiros indícios de que poderia reagir. O duelo decisivo foi o seguinte, frente ao Santos, na reestreia de Neymar pelo Peixe, em plena Vila Viva Sorte. O Pantera saiu atrás, mas foi guerreiro e buscou o empate com Alexandre Jesus – ao lado de Leandro Maciel, grande destaque ofensivo da temporada até aqui. Mesmo com um a menos, os comandados de Zanardi seguraram o precioso ponto.
A “chave” virou e a primeira vitória veio, em casa, contra o Velo Clube, por 1 a 0. Bater um rival direto foi fundamental para o início de uma sequência de vitórias, já que, no jogo seguinte, a vítima foi o Red Bull Bragantino, também por 1 a 0.
No fim de semana passado, o empate sem gols com a Ponte Preta praticamente livrou o Botafogo da Série A2. A confirmação veio mesmo sem entrar em campo, na quarta-feira, quando Água Santa, Inter de Limeira e Noroeste não venceram seus compromissos. Assim, o time foi ao Allianz Parque mais tranquilo e com um sonho.
“Tivemos um início conturbado. Demoramos para conseguir a primeira vitória, apesar de termos feitos alguns jogos bons, e os resultados não tinham vindo. Tivemos o jogo contra o Santos, em que conseguimos um ponto importante, depois duas vitórias em casa e um ponto contra a Ponte. Viemos aqui com alívio sobre a questão do rebaixamento, porém sonhando com classificação”, disse o goleiro João Carlos.
Para chegar à rodada derradeira com chances de voltar às quartas de final, a equipe tricolor precisava derrotar o Palmeiras e torcer para uma derrota do Mirassol. A segunda parte aconteceu, e a primeira também chegou a ocorrer por um curto período de tempo.
Com gol de Alexandre Jesus, o Pantera saiu na frente e calou o Allianz. Porém, logo em seguida, Estêvão empatou. Depois de perder chances claras, o Botafogo cedeu a virada e levou ainda mais um gol. Foi um 3 a 1 para sair de São Paulo com o queixo erguido e de olho no início da Série B, agendado para o primeiro fim de semana de abril, contra o América-MG.
“A gente encarou esse desafio com muita sabedoria, inteligência e aproveitou a oportunidade. Mas nosso início [de campeonato] foi muito ruim. A gente fica com aquele sentimento de que poderia fazer mais. Mas é aprender com os erros e virar a página”, lamentou o técnico Márcio Zanardi.
Retrospecto e escalações
O Botafogo chega à última rodada do estadual na terceira colocação do Grupo A, com 11 pontos, cinco de desvantagem para o Mirassol, vice-líder que enfrentará o Corinthians, fora de casa, nas quartas de final. O Pantera chega à partida com duas vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Foram sete gols marcados e 11 sofridos (quarta melhor defesa da competição).
Do outro lado, o Novorizontino está garantido na fase eliminatória e ainda pode terminar na liderança do Grupo C. Para isso, o Tigre do Vale, que soma 15 pontos, precisa bater o Tricolor de Ribeirão e torcer pelo tropeço de outra equipe de três cores: o São Paulo, líder da chave com 16, que terá pela frente o São Bernardo.
Desde o primeiro encontro, em 2016, foram 13 confrontos entre Bota e Novorizontino. Os ribeirão-pretanos venceram seis, empataram dois e perderam cinco. Nos dois últimos, pela Série B de 2024, deu Aurinegro. Neste ano, inclusive, os rivais do interior paulista voltarão a se enfrentar no nacional. Porém, Zanardi não se adiantar.
“A Série B é dura, difícil, mas temos de pensar no Novorizontino que vai querer ficar em primeiro. A gente vai fazer um grande jogo. A gente tem de honrar essa camisa como eles fizeram. O resultado [contra o Palmeiras] é ruim, a gente sai triste, mas feliz com a forma que as coisas aconteceram”, pontuou Zanardi.
Suspenso no duelo contra o Palmeiras, o meia argentino Leandro Maciel deve retornar. Jeferson e Gustavo Bochecha, por outro lado, permanecem no departamento médico.
Assim, um provável time titular tem: João Carlos; Ericson, Edson e Alisson Cassiano; Wallison, Leandro Maciel, Sabit (Gabriel Bispo) e Gabriel Risso; Alejo Dramisino, Jonathan Cafu (Douglas Baggio) e Alexandre Jesus.