A Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto inicia uma campanha de vacinação contra a febre amarela na volta às aulas no campus da Universidade de São Paulo (USP) a partir desta segunda-feira, 24 de fevereiro e até dia 28, a partir das oito horas. O objetivo é imunizar os alunos que não têm o registro da vacina na carteira ou têm dúvidas se já foram imunizados.
A Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto implementou ações desde a primeira notificação sobre a morte de quatro macacos da espécie bugio, ocorrida no campus da Universidade de São Paulo (USP), no final do ano passado. No dia 13 de janeiro, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) confirmou que três saguis foram encontrados mortos na cidade.
Estavam nos bairros Ipiranga (Zona Norte), Ribeirão Verde (Leste) e Parque das Andorinhas (Oeste), testaram positivo para a doença. Até agora, não há nenhum registro de febre amarela em humanos em Ribeirão Preto. A ação de recepção aos calouros ocorrerá em locais diferentes do campus (veja a programação em www.ribeiraopreto.sp.gov.br).
No horário de almoço, entre 11h e 13h30, a vacinação será no restaurante universitário, mas também haverá imunização no Teatro do Campus e nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP), de Direito (FDRP), Odontologia (Forp), Ciências Farmacêuticas (FCFRP), Contabilidade, Economia e Administração (FEA-RP) e Medicina (FMRP).
A campanha faz parte de um conjunto de ações que são realizadas desde o início de janeiro em todo o município, após as primeiras confirmações da morte de macacos bugios por febre amarela dentro do campus. “Essa ação é importante para garantirmos a proteção de calouros e veteranos neste início de ano letivo”, diz o secretário municipal da Saúde, Mauricio Godinho.
“Não há registro de febre amarela em humanos em Ribeirão Preto, e o Departamento de Vigilância em Saúde tem atuado em diferentes frentes para combater o vírus”, afirma. Equipes têm feito busca ativa para vacinar a população, também na zona rural da cidade.
A vacina contra a febre amarela faz parte do calendário vacinal. É é aplicada aos nove meses e depois, aos 4 anos. Após esta idade, uma única dose garante a proteção. O governo de São Paulo emitiu um alerta sobre a circulação do vírus da febre amarela no estado e reforçou que os macacos não são transmissores da doença.
Esses animais funcionam como sentinelas naturais: quando adoecem ou morrem, indicam a presença do vírus na região, permitindo que as autoridades sanitárias adotem medidas preventivas. O estado registrou 14 casos e nove óbitos em humanos, além de 30 casos em primatas não humanos nas regiões de Ribeirão Preto, Campinas, Barretos, Bauru e Osasco.
O vírus da febre amarela foi detectado pela primeira vez nas regiões norte e noroeste de São Paulo em 2016, e, no ano seguinte, houve um aumento no número de casos, com destaque para a região de Campinas. Em outubro de 2017, o vírus foi confirmado na Zona Norte da capital, Mairiporã e Caieiras.
Primatas não humanos morreram em 40 municípios e houve o fechamento temporário de algumas Unidades de Conservação, como o Parque Estadual Cantareira. Naquela época, a desinformação gerou perseguição aos macacos, erroneamente associados à transmissão da doença, principalmente os bugios.
Com a proximidade do carnaval, feriado em que o número de viagens costuma aumentar, há recomendação, da secretaria, para que aqueles que vão para regiões rurais ou de mata busquem a imunização. Os sintomas iniciais da febre amarela são o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores musculares, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza.
No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. O homem participa como um hospedeiro acidental ao frequentar áreas de mata. Já no ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de mosquitos Aedes aegypti infectados.
Desde 2020, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra a febre amarela para crianças menores de 5 anos de idade em duas doses. A meta é atingir 95% de cobertura vacinal – atualmente, a cobertura do Estado é de 80%. Em 2024, foram dois casos humanos no estado de São Paulo: um autóctone e outro importado, que resultou em óbito.