Por Hugo Luque
Especialistas do mundo todo afirmam que a prática esportiva, quando iniciada na infância, traz benefícios para a vida toda. Na casa de Leandro Faraoni e Marcela Yamasita, não foi da forma mais usual, com o futebol, o vôlei ou a natação. As filhas do casal, Maya, de 12 anos, e Sophia, de 8, tiveram a influência dos pais e seguiram o rumo de esportes mais radicais.
Leandro é apaixonado desde muito novo pelo skate e, atualmente, é dono de um bar em Ribeirão Preto que fortalece a cultura das quatro rodinhas. Marcela, por sua vez, já viveu o esporte em sua face mais competitiva, quando fez parte da geração pioneira da ginástica artística ao lado da ex-atleta olímpica Lais Souza.
Sua história com a ginástica foi repleta de alegrias e frustrações. Uma promessa da modalidade, com títulos brasileiros e do Pan-Americano, a esteticista e empresária praticou o esporte dos quatro aos 15 anos e chegou a sair de Ribeirão e até do país para defender a seleção brasileira. Contudo, problemas na coluna levaram ao abandono da grande paixão. Marcela encerrou seu ciclo grata pelas experiências e, agora, vive esses momentos por meio das filhas, mas sem pressão.
“As meninas adoram praticar skate e ginástica. No momento, não temos a intenção de participar de competições. Acredito que tenha de ser uma vontade genuína da criança. Futuramente, caso for da vontade delas, com certeza terão todo nosso apoio”, diz a mãe, que aproveita sua vivência para auxiliar no crescimento das filhas no esporte.
“Os maiores desafios como atleta são diários, são os treinos intensos que você chega ao seu limite todos os dias. Tem de se manter em forma e exige muito do nosso corpo, físico e psicológico. Acredito que a disciplina e a persistência que eu adquiri ao longo do tempo podem impactar diretamente na vida das meninas.”
No rastro da Fadinha e do pai

Em era de skate nos Jogos Olímpicos, a dupla de garotas tem ainda mais motivos para seguir o rastro de Rayssa Leal, a popular Fadinha. O pai, Leandro, é apaixonado pelo esporte e pela cultura das pistas desde criança. Embora sempre tenha vivido essa atmosfera, o empresário aprendeu a fazer manobras em idade mais avançada, depois dos 25 anos.
“Um amigo comprou uma mini ramp e a gente andava quase todo dia na casa dele. Foi mais difícil pela idade, porque o corpo não está com aquela elasticidade toda de quando você é mais jovem. Mas nada que, com força de vontade e dedicação, não dê certo”, conta.
Ainda que não participe de campeonatos, Leandro promove eventos para o fomento da prática do skate em seu estabelecimento. Além disso, construiu, em casa, uma pista, muito utilizada por Maya e Sophia. A dupla foi influenciada para o lado desse esporte radical pelo pai, mas também por um professor histórico no cenário local e nacional.
“Comecei um pouco antes de a Maya nascer, então ela viu todo o meu amor e meu gosto pelo skate. A Sophia também viu grande parte da minha trajetória, tanto andando como contribuindo para a cultura. A gente tem um bowl em casa, então elas cresceram vendo as sessões de skate em casa e os amigos indo. Elas começaram a gostar, a fazer aula com o professor Rui Muleque, que deu um up na evolução delas.”
Esporte é vida
Seja para o lado do pai ou da mãe, as meninas se desenvolvem cada vez mais longe do sedentarismo, problema que hoje afeta três em cada quatro jovens no Brasil, segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde.
“A cada dia fica mais legal, porque elas vão tendo mais interesse e pegam mais gosto. No início, talvez elas não gostassem tanto. Se eu fosse perguntar se elas queriam ou não, talvez não. Era mais pelo gosto de fazer parte de todo um contexto que o pai vivia. Aos poucos, foram pegando o gosto e hoje amam o skate”, recorda Leandro.
Além da diversão, a prática também já trouxe parcerias comerciais para as simpáticas e talentosas irmãs. Diferente de Marcela, que veio muito jovem de Serrana e sofreu com os diagnósticos errados de seu problema na coluna, Maya e Sophia têm mais estrutura ao redor, ainda se decidirem não trilhar esse caminho no futuro. Afinal, o esporte não é só conquistas, mas também a vivência e os laços criados ou reforçados.
“Somos apaixonados por esportes, porém elas vão poder decidir o que irão seguir. O esporte sempre nos une. Temos mais tempo com a família e temos muitas trocas significantes dentro do esporte e da vida. Costumo dizer que esporte é vida. A criança que pratica esporte desenvolve muitas habilidades físicas e emocionais. Ela aprende a ter disciplina, responsabilidade, foco, a seguir regras, desenvolve autoconfiança e autoestima, aprende a superar os desafios. Ensina a criança a lidar com frustrações. Só tem benefícios”, afirma a mãe, que, com experiência no esporte de alto rendimento, deixa uma dica para as meninas.
“Respeite todos os seus limites, tanto físico como psicológico.”