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Estudo desmistifica quem é mais tagarela 

Pesquisa reuniu 2.197 participantes - homens e mulheres -, que usaram um dispositivo que registrava pequenos trechos de conversa  

Pesquisa mostrou uma diferença considerada pequena entre o que o homem e a mulher falam por dia: 1.073 palavras em média (Reprodução)  

Um estudo realizado pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, quis descobrir quem é mais tagarela: o homem ou a mulher. Para isso, os pesquisadores gravaram conversa de mais de duas mil pessoas para contar as palavras diárias pronunciadas por eles. No estudo, os pesquisadores reuniram 2.197 participantes que usaram um dispositivo que registrava pequenos trechos de som ao longo de suas horas de vigília. Foram coletadas mais de 600 mil gravações, que depois foram transcritas e tiveram suas palavras contadas. 

No total, os homens falaram, em média, 11.950 palavras por dia. As mulheres superaram esse número com uma média de 13.349 palavras por dia. Porém, a diferença foi considerada pequena: 1.073 palavras em média. 

Para os especialistas, medir esses padrões era importante para investigar o estereótipo das mulheres como muito falantes, que frequentemente carrega conotações negativa. Os pesquisadores descobriram que havia grandes diferenças individuais na eloquência dos falantes, o que adiciona uma “incerteza estatística” aos resultados.  

O participante menos falante proferiu menos de cem palavras por dia, enquanto o mais falante disse impressionantes 120 mil. O estudo foi publicado na Revista Science, da AAAS – Associação Americana para o Avanço da Ciência.  

“A noção de que mulheres e homens diferem em seu ‘orçamento lexical’ diário existe há muito tempo, sem ser amplamente testada empiricamente, e se tornou um elemento recorrente nos argumentos sobre diferenças de gênero”, afirmaram os pesquisadores responsáveis pelo estudo. 

Origem da fama de tagarelas 

Um dos primeiros especialistas responsáveis por sustentar a teoria das mulheres sendo as mais falantes foi a neuropsiquiatra e clínica americana Louann Brizendine, que publicou há quase duas décadas o livro “The female brain” (“O cérebro feminino”, em tradução livre). 

Nele, a autora defende que os cérebros masculino e feminino têm distinções que explicariam o dato de as mulheres falarem mais. Segundo a especialista, elas dedicam mais células cerebrais à fala do que os homens. Isso seria causado pela presença maior do hormônio sexual testosterona no corpo masculino, que afetaria o cérebro. 

O livro de Brizendine também tinha números que expressariam essa diferença: 20 mil palavras por dia para mulheres e 7 mil para homens. Mas dados foram mais tarde contestados por não terem fonte confiável. 

Na época, Mark Lieberman, professor de linguística da Universidade da Pensilvânia, questionou os dados e tentou rastrear a origem fama das mulheres, mas teve pouca sorte: só encontrou uma declaração semelhante em um folheto de 1993 de aconselhamento matrimonial, que está longe de servir como base científica. 

 

Porque a ‘fofoca’ foi taxada como coisa de mulher 

O termo “fofoca”, já bastante conhecido no Brasil, tem participação recente no vocabulário brasileiro. O primeiro registro oficial data de 1975, segundo Aurélio Buarque de Holanda, criador do dicionário Aurélio. No Brasil, antes do termo fofoca utilizavam-se outras expressões, como mexerico, futrica e fuxico para referir-se ao ato de falar sobre a vida alheia.  

Se hoje o termo é visto como algo ruim, até o século XII, a palavra tinha conotação positiva. Gossip (fofoca) vem do antigo substantivo em inglês godsibb e abrangia a ideia de que você poderia contar qualquer coisa a um amigo próximo.  

Na época medieval, o nascimento de uma criança era um grande evento social. Essa era uma época em que godsibbs costumavam passar horas conversando com a mãe para fornecer apoio moral durante o parto.  

A partir disso, os homens começaram a associar a fofoca às mulheres. Do século XVII em diante, o significado da palavra mudou, sendo atrelado a quem fazia conversa fiada e partilha de segredos. Mas como essa mudança ocorreu? 

Inicialmente, a fofoca era uma forma de criar laços, um meio de comunicação, mas logo depois passou a ser algo pejorativo. Mas o que mudou? No final da Idade Média, as pessoas organizavam reuniões para conversar e, nelas, discutiam-se todos os assuntos, desde relacionamentos até questões políticas.  

Com o tempo, as mulheres passaram a fazer muitas reuniões, e esses grupos começaram a se multiplicar, inclusive resolvendo problemas sociais e disputas. Nesse momento, os homens passaram a se preocupar, estereotipando as amizades femininas como cultos às bruxas. Afinal, as mulheres poderiam dar as costas às regras sociais e alterar a sociedade.  

Vale ressaltar que isso não significa que os homens não fofocavam, porém eles faziam isso de modo particular, especialmente quando se tratava de políticos e nobres. Até aquele momento as mulheres sempre se encontravam em público e não se preocupavam com olhares.  

Portanto, os homens foram inserindo na sociedade que o ato de fofocar era banal, que só mulheres o faziam, pois não trabalhavam e ninguém as levava a sério. Já os homens poderiam fofocar, pois seus motivos, teoricamente, eram “importantes”. 

 

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