Por: Adalberto Luque
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) acatou o pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e tornou réus 10 pessoas presas e indiciadas pela Polícia Civil, por participação no ataque ao carro-forte.
Após o indiciamento, o MPSP apresentou a denúncia e a Justiça acatou, tornando réus os 10 homens apontados pela Polícia Civil como integrantes do grupo que atacou o carro-forte. Eles devem responder por roubo, formação de quadrilha, organização criminosa, lavagem de dinheiro, tentativas de homicídio, entre outros crimes.
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Ao acatar a denúncia, o TJSP determinou a prisão preventiva de três dos réus. Os demais poderão responder em liberdade, desde que respeitando as medidas cautelares impostas. Ainda não há data para o julgamento do grupo, nem se serão julgados todos juntos.
O ataque ao carro-forte
As investigações começaram após uma série de crimes graves ocorridos na região de Ribeirão Preto. No dia 9 de setembro deste ano, cerca de 15 homens fortemente armados atacaram um carro-forte na Rodovia Cândido Portinari, altura do km 384, em Restinga. O carro-forte seguia de Franca para Ribeirão Preto, quando foi interceptado pelo grupo.
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Houve troca de tiros e os bandidos explodiram o carro-forte, mas o cofre pegou fogo e eles fugiram sem levar nada. Na fuga, houve ao menos três confrontos entre o grupo e policiais, sendo que cinco pessoas ficaram feridas – um PM, três vigias e um engenheiro de uma usina que passava no local onde houve tiroteio.
UPA de Valinhos
No dia seguinte ao confronto, um homem deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de Valinhos. Alegou ter ferido o pé com um vergalhão, numa obra. Disse ter chegado até lá de caminhonete.
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Os atendentes desconfiaram que o ferimento fosse de fuzil e acionaram a PM. Assim que os policiais chegaram ao local, pediram o local da obra e constataram que não havia nada em construção. Depois notaram que o homem usava documento falso. Constataram que ele era, na verdade, Ricardo Marques Trovão Lafaeff, que reside em Jundiaí e se apresentava como empresário.
No final de 2023, Lafaeff havia sido preso com um arsenal semelhante ao usado pelos bandidos no ataque ao carro-forte em Restinga. Um delegado de Franca foi a Valinhos e prendeu o suspeito em flagrante. A partir daí começaram a surgir os nomes de envolvidos. Ele foi denunciado pelo MPSP.
Mortes em Cajuru
No dia 11 de setembro, uma viatura do BAEP fazia patrulhamento pela Rodovia Altino Arantes (SP-351), quando se deparou com um Mitsubishi Outlander Comforte marrom, que fugiu ao ver os PMs. Houve perseguição e eles entraram na Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338), que liga Santo Antônio da Alegria e Cajuru.
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A PM organizou um cerco próximo ao trevo da Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Cajuru. Os criminosos reagiram. Houve um grande tiroteio. O Sargento Márcio Ribeiro, do Baep, foi ferido na cabeça. Levado para um hospital em Altinópolis, morreu enquanto era atendido. Um caminhoneiro também foi ferido na cabeça e morreu algumas semanas depois, no Hospital das Clínicas Unidade de Emergência, em Ribeirão Preto.
Os três homens que atiraram contra os PMs foram mortos em confronto. Com eles, um grande arsenal foi apreendido.
Operação Carcará 1ª Fase
No dia 4 de outubro, a Polícia Civil realizou a primeira fase da Operação Carcará. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na comunidade de Paraisópolis, Capital e na cidade de Praia Grande. Um dos investigados reagiu à aproximação dos policiais e foi morto em confronto. O outro foi preso.
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Fechando o cerco
Com as prisões e o aprofundamento nas investigações, a Polícia Civil conseguiu identificar membros que participaram do ataque ao carro-forte e outros que atuaram na logística ou em outras situações. Além de Lafaeff, que já estava preso, os policiais prenderam Denis da Costa Oliveira, de 31 anos e Luiz Carlos Oliveira, de 48 anos. A dupla foi presa em Franca.
Eles seriam responsáveis por ceder o veículo que levou Lafaeff para Valinhos, onde receberia atendimento médico. A única mulher presa na operação é Cleusa Aparecida Duarte Ribeiro, que teria levado Lafaeff até a porta da UPA de Valinhos. Também foi preso o gestor da UPA de Valinhos, Marcus Vinícius Cavalcante Pereira. Ele é acusado de ter usado seu cargo para evitar que Lafaeff fosse identificado e preso durante o atendimento médico.
Operação Carcará 2ª Fase
Em 16 de dezembro, a Polícia Civil realizou uma megaoperação para prender outros envolvidos no ataque ao carro-forte. Foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão e 14 pessoas foram presas, 11 das quais por cumprimento dos mandados.
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Nesta fase da operação, os agentes apreenderam mais de R$ 900 mil em cédulas, meio quilo de maconha, 9 veículos (avaliados em R$ 1,03 milhão), 2 computadores, 21 aparelhos celulares, 5 armas de fogo, 100 munições de alto calibre, 1 casa de fuzil e 1 máscara de personagem da série espanhola La Casa de Papel.
A Operação recebeu o nome de Carcará em homenagem ao sargento Márcio Ribeiro, do BAEP, morto em confronto com suspeitos em 11 de setembro. No decorrer das investigações, a Polícia Civil indiciou 10 dos presos desde o ataque ao carro-forte. A reportagem não conseguiu o contato das defesas dos citados. Mas o espaço segue aberto caso haja manifestação.