No ano passado, 33 pessoas morreram vítimas de homicídio doloso em Ribeirão Preto, segundo 32 boletins de ocorrência registrados nos sistemas da Secretaria de Segurança Público do Estado de São Paulo (SSP-SP). Houve uma morte a menos em relação aos 34 óbitos de 2023 (de acordo com 32 BOs), queda de 2,94%.
A média no ano passado foi de um crime de morte a cada onze dias. É o número de vítimas de violência mais baixo desde o início da série histórica da Secretaria de Segurança Público do Estado de São Paulo, que começou em 2001. Na passagem de novembro para dezembro, cresceu 50%, de dois para três, um a mais, mesmo cenário em relação a dezembro de 2023.
Nos três anos anteriores, foram 49 vítimas em 2020 (46 ocorrências), 56 em 2021 (53) e 52 em 2022 (51). O recorde de mortes desde o início da série histórica pertence ao primeiro ano do levantamento, 2001, com 181 vítimas – mortes denunciadas em 176 boletins de ocorrência. São 148 a mais que os 33 óbitos de 2024, quase 450% acima.
O Tribuna toma por base o número de pessoas assassinadas. O levantamento inclui homicídios dolosos por acidente de trânsito. Na época, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou a existência de um grupo de extermínio na cidade, supostamente chefiado pelo ex-investigador da Polícia Civil Ricardo José Guimarães.
Segundo a Promotoria Criminal de Ribeirão Preto, o esquadrão da morte atuou no município entre 1994 e 2002. Guimarães já foi condenado por pelo menos seis crimes, acumulando penas que somam 274 anos de prisão. Segundo o MPSP, policiais civis e militares integravam o grupo, que pode ter executado pelo menos 70 pessoas.
Em 1994, quando supostamente o grupo começou a atuar, foram 94 assassinatos na cidade, número quase 185% superior aos 33 do ano passado, 61 a mais. Depois, de 1995 a 2002, o balanço sempre esteve na casa dos três dígitos, atingido 181 em 2001 e 162 (em 140 boletins de ocorrência) em 2002.
Os dados anteriores aos da série histórica são ainda mais altos ‘– 119 (1995), 221 (1996), 209 (1997), 222 (1998), 251 (1999) e 263 (2000). Em 2003, já com Guimarães sendo investigado pelo MPSP, o número de vítimas caiu para 80 em 73 ocorrências. O ex-investigador nega ter participado de muitos crimes a ele atribuídos.
Assume alguns, mas alega ter sido por questões pessoais, com desafetos e para sua própria defesa. Em 2004, quando foi preso pela primeira vez acusado de matar a dona de casa Tatiana Assuzena, de 24 anos, ele fugiu do presídio da Polícia Civil, em São Paulo, pela porta da frente.
Ribeirão Preto registrou 52 homicídios em 2022. No ano seguinte foram 18 a menos, queda de 34,62%. Em 2024 houve quatro latrocínios – roubo seguido de morte –, em fevereiro, abril, junho e novembro, contra três do período anterior, alta de 33,33% e um a mais.
Infosiga – Balanço divulgado pelo novo painel do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito (Infosiga-SP) indica que o trânsito de Ribeirão Preto encerrou o ano passado com uma morte a cada 81 horas. Foram 108 em doze meses, 25 a mais que os 83 óbitos de 2023, aumento de 30,12%.
A cidade também bateu o recorde histórico de 2022, quando 101 pessoas morreram nas vias do município. São sete a mais, aumento de 6,93%. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2022 foi de 6.95 em Ribeirão Preto, após subir de 6.62 em 2020 para 7.69 em 2021, a maior desde 2016, de 7.79. Não há dados municipais a partir de 2023, apenas regionais.
Nas 93 cidades da área de abrangência do 3º Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter 3) e do Comando de Policiamento do Interior 3 (CPI-3), a taxa de homicídios dolosos – quando há a intenção de matar –por 100 mil habitantes foi de 5,80 em 2024, contra 6,27 de 2023. A taxa de vítimas de homicídio doloso por 100 mil habitantes caiu de 6,55 para 6,08.
Estupros – Segundo as estatísticas criminais divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP), as ocorrências envolvendo denúncias de estupro recuaram 7,81% no ano passado em Ribeirão Preto em relação a 2023, de 192 para 177. São 15 casos a menos. A média em 2024 foi de uma denúncia a cada 49 horas (cerca de dois dias)
O recorde da série histórica, que começou em 2021, pertence a 2023. O de 2024 é o segundo com mais casos. Os dois anos com menor quantidade e denúncias são 2005 e 2007, com 39 cada. Houve queda de 18,75% em dezembro de 2024 na comparação com o mesmo período de 2023, de 16 para 13, três a menos, mas avançou 18,18% em relação a novembro. No último mês do ano passado foram dois a mais que os onze do anterior.
Foram 13 ocorrências em janeiro, mais 13 em fevereiro, 15 em março, seis em abril, 13 em maio, 19 em junho, 18 em julho, 21 em agosto, 14 em setembroe 21 em outubro. Os meses com mais casos no ano passado foram agosto e outubro, segundo maior número de denúncias da série histórica, atrás das 25 de janeiro de 2023
Dos estupros registrados no ano passado, 117 envolveram crianças ou adolescentes, que estão nos grupo dos “vulneráveis”, 66,10% do total. Os 192 casos de 2023 superaram em 36,17% os 141 de 2022. São 51. A maioria das denúncias foi registrada na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Dos 192 ataques consumados em 2023, em Ribeirão Preto, 135 envolveram crianças ou adolescentes, que estão nos grupo dos “vulneráveis”, 70,31% do total. A média em 2023 ficou em um crime a cada 45 horas. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo diz que os casos de estupro podem ser denunciados na DDM.
O crime de estupro é o que tem o mais alto índice de subnotificação. De acordo com especialistas no tema, o número real de casos pode ser até quatro vezes maior do que o registrado atualmente, já que grande parte dos crimes acontece no ambiente familiar, que dificulta o flagrante e as denúncias.