Tribuna Ribeirão
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O espelho distorcido reflete a realidade! 


José Eugenio Kaça *  
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A educação é a única ferramenta usada pelos seres humanos, para que as tradições culturais, os conhecimentos sociais e científicos possam ser transferidos para as novas gerações. Isso mostra que a qualidade na educação depende de como estas tradições culturais e socias são impingidas para as novas gerações. Para organizar o aprendizado destes conhecimentos foi criada a pedagogia, que é a área da ciência responsável pelos métodos e estratégias da educação e do ensino. Ao longo do tempo os donos do poder descobriram que o tesoura mais valiosos para se manter no poder é o conhecimento, e portanto, tem que ser restringido aos donos do poder, pois se a população absorvesse estes conhecimentos iriam querer dividir este poder.  
 
Nos primórdios da raça humana, a educação era oral e de observação, os conhecimentos eram compartilhados entre todos, homens e mulheres tinham suas tarefas especificas, houve um tempo em que as mulheres eram as chefes, e suas ordens eram seguidas por todos. Aos poucos a evolução da humanidade, começou a esquecer a solidariedade do construir juntos, substituindo o coletivo pelo individual, e o individualismo é um sentimento que já existia no âmago da maioria dos seres humanos, e como a semente foi lançada em terra fértil; cresceu e os frutos são colhidos até hoje.   
 
E com isso o individualismo começou a segregar para tomar o poder, que outrora era coletivo e passou a ser de um pequeno grupo. E a educação que no inicio era compartilhada passou a ser segregada, e com o tempo um um muro invisível foi erguido para demarcar essa segregação, mas não foi suficiente; agora estão erguendo os muros físicos. Nas escolas a meninada vai aprendendo que tem que estudar para poder fazer parte do mundo maravilhoso dos adultos. Aprendem que houve heróis que ajudaram a construir um mundo melhor, mas quando confrontam a realidade, não conseguem vislumbrar essa maravilha.  No Brasil criminosos como os bandeirantes são exaltados pelos livros de história, como heróis que ajudaram a expandir o nosso território, mas não falam da crueldade dessa gente, que escravizava e matava os indígenas – tudo gente de “bem”. 
 
O conhecimento liberta, e por saber disso os donos do poder não permitem que a educação básica pública no Brasil alcance o patamar em que a prática da cidadania seja um gesto natural. O clima de solidariedade que a população pobre brasileira ainda conservava, herança de seus antepassados foi se dissipando dando lugar ao individualismo, e a meritocracia que não fazia parte deste ambiente ganhou força. A educação básica pública é o assunto favorito de políticos em ano eleitoral, onde as soluções aparecem em projetos mirabolantes, mas que nunca se realizam. 
 
A educação é feita com exemplos, não adianta usar a velha máxima “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, pois caiu no limbo. Como podemos, através da educação construir uma sociedade solidária e cidadã, com um mundo dominado por delinquentes, que detém o poder. A meninada do século 21, vislumbrou novos horizontes, deixou de acreditar nas lorotas contadas pelos adultos, pois parte do que aprendem nas escolas, não têm nexo com a realidade que vivem. Quando o Grande Paulo Freire falou de uma educação autônoma e libertadora, estava falando do potencial que nossas crianças têm para construir um País melhor. A inteligência e a criatividade faz parte do mundo infantil, mas a educação repressora vai tolhendo os sonhos dessa meninada. As crianças chegam cheias de expectativas no primeiro ano do ensino fundamental, e chegam totalmente desiludidas no último ano. Por que isso acontece? 
 
O espelho que reflete a sociedade está com defeito – distorcendo as imagens, e são estas imagens que nossas crianças e juventude estão absorvendo.  
 
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação 
 

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