Por: Adalberto Luque
Os empresários Guilherme Osório de Oliveira, de 50 anos, e sua esposa Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira, de 48, foram presos na noite desta terça-feira (28). Eles eram procurados, suspeitos de lesar dezenas de produtores de café na cidade de Altinópolis, região metropolitana de Ribeirão Preto. Os dois estavam escondidos em Caraguatatuba, litoral Norte do estado.
O casal opera diversos armazéns de café na cidade. Eles têm duas empresas, a Cafeeira Osório e a Coffee Mogiana. A primeira em atividade desde 2013 e a segunda desde 2017. Desde então, mantinham uma relação de amizade e confiança com produtores de café.
O caso vem sendo investigado desde 16 de janeiro, quando um grupo de produtores procurou a Polícia Civil para denunciar o sumiço das sacas que haviam sido deixadas nos armazéns operados pelo casal. Também relataram não conseguir contato com os empresários.
Segundo o delegado Seccional de Ribeirão Preto, Sebastião Vicente Picinato, vários outros produtores procuraram a delegacia, na sequência, informando que haviam deixado suas sacas de café nos armazéns e que se sentiam lesados.
“Já passa de 50 vítimas que foram lesionadas e o prejuízo estimado está na ordem de R$ 63 milhões”, explicou Picinato. O casal era procurado desde 17 de janeiro, quando a Justiça decretou sua prisão preventiva.
Os dois devem continuar presos em Caraguatatuba. Devem ser ouvidos por carta precatória, isto é, à distância, enquanto as investigações prosseguem. O número de vítimas pode aumentar à medida em que avançam as investigações. Uma única família disse ter mais de 7,5 mil sacas armazenadas em um dos galpões do casal.
Após a prisão, Picinato revelou que foi pedida a quebra do sigilo bancário e fiscal do casal. A Polícia Civil também listou mais de 20 imóveis que pertencem aos dois. Esses imóveis estão indisponíveis pelo menos enquanto durarem as investigações.
O delegado também adiantou que deve ser instaurado um novo inquérito para apurar se houve crime de lavagem de dinheiro. A Polícia Civil quer saber para onde esse café foi levado e quem mais estaria por trás do golpe.
O caso
No dia 16 de janeiro, 16 produtores de café de Altinópolis, estiveram na delegacia da cidade para denunciar Guilherme Osório de Oliveira e sua esposa Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira. O casal é dono de pelo menos duas cafeeiras, que armazenavam e negociavam sacas de café.
Os produtores disseram que não estavam conseguindo contato com o casal, que havia desaparecido, justamente no momento de fazer os acertos financeiros das negociações. A Polícia Civil passou a investigar o caso e constatou, ao cumprir mandados de busca e apreensão, que os armazéns estavam quase vazios.
O casal desapareceu com milhares de sacas de café e o prejuízo pode passar de R$ 70 milhões. Os empresários armazenavam e intermediavam a venda do café de produtores da cidade há mais de 10 anos. As duas empresas ligadas ao casal ainda estão com seus CNPJs ativos. A reportagem não conseguiu identificar se o casal já constituiu defesa.