Tribuna Ribeirão
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Nossos eletrodomésticos 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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O ótimo filme francês “O Sabor da Vida” reproduz as artes culinárias de um grande cozinheiro daquele país, no ano de 1885, auxiliado sempre por uma brilhante cozinheira, que há 20 anos o acompanha, e que com ele acaba concordando  se casar. O filme passa a  maior parte do tempo na preparação de  um festival de comidas finas, executado em fogão aquecido por carvão e a utilização de precários aparelhos.

O filme me sugeriu como funcionava  a cozinha de então, o trabalho que dava e estabelece um contraste com as modernas instalações, cheias de eletrodomésticos que facilitam o trabalho do cozinheiro e decoram nossas cozinhas.

Comecemos pelo fogão. Lembro-me  de que, menino morando na casa onde nasci, havia um fogão parecido com o do filme, só que movido a lenha. Foi no final da década de 1940, depois da II Guerra Mundial, que começaram a ser utilizados os fogões a gás, hoje encontrados em 95% dos lares brasileiros. Os elétricos não tiveram muito sucesso no país, devido à falta de estoque de energia elétrica na metade do século XX, quando surgiram os botijões.

Hoje os fogões oferecem acendimento automático, variação de intensidade das chamas, fornos autolimpantes, além de poderem ser adquiridos no formato    tradicional ou em plataformas elegantes, com forno em separado.

A geladeira começou em nosso país como um móvel de altura mediana, com um recipiente no topo, onde se colocava o gelo, que descia por serpentinas nas paredes, gelando os produtos que se encontravam em seu interior. Pequenas firmas garantiam o suprimento regular do gelo.

As geladeiras modernas que encontramos hoje em nossas cozinhas têm tecnologia sofisticada e oferecem modelos de uma só porta, duas portas, só geladeira ou geladeira e freezer, com design ultramoderno, que decoram nossas casas.

Até o começo do século XX, a mistura de vários ingredientes era feita manualmente, em pilões ou amassamento, num trabalho demorado e cansativo. Em 1922, o polonês naturalizado norte-americano Sthephan Poplawski inventou o primeiro liquidificador, muito parecido com os modelos atuais, inicialmente destinado a bater o milkshake, mas logo se expandindo para ocupar importante lugar nas nossas cozinhas.

Os modelos de hoje têm alta tecnologia, oferecem inúmeras funções de uso e são indispensáveis para o trabalho dos cozinheiros.

O forno de microondas surgiu do acaso: um engenheiro da empresa americana Raytheon, especializada em fabricar magnetrons para radares, de nome Percy Spencer, estava montando um desses aparelhos, quando sentiu que uma barra de chocolate que se encontrava em seu bolso começou o derreter. Intrigado,  pesquisou e deduziu que o derretimento fora produto das microondas originadas no magnetron. Colocou milho pipoca ao alcance das ondas e ele se transformou na guloseima preferida quando se vai ao cinema.

Levou um tempo para colocar o magnetron numa caixa de paredes espelhadas, com um pequeno ventilador que melhor distribuía as microondas, aparelho que, em 1947, foi lançado nos Estados Unidos.

De lá para cá, houve inúmeros aperfeiçoamentos do forno, com a introdução do disco giratório, que permite um cozimento mais uniforme dos alimentos, bem como uma tabela de funções que pode ser utilizada para preparar a comida  ou reaquecê-la.

O filme também me fez concluir que os moderníssimos aparelhos de hoje continuam dependendo da criatividade e do talento dos bons cozinheiros.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

 

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