Sérgio Roxo da Fonseca *
[email protected]
Taís Costa Roxo da Fonseca **
[email protected]
Os árabes ocuparam a Península Ibérica em 1711. A tropa arábica era até então comandada por Al Tarik que conseguiu atravessar o Canal de Gibraltar recebendo o seu nome até apresente data: o nome Gibraltar deriva de “Jabal Tarik”, ou seja, o Rochedo de Tarik. Os árabes venceram as tropas cristãs em Jerez de La Frontera.
A civilização arábica introduziu vários costumes, seja na Península Ibérica, como também por toda a Europa.
Demonstraram que os algarismos romanos eram completamente inadequados tanto para aqueles tempos, como para todo o futuro da civilização. Assim introduziram o sistema decimal, que haviam conhecido na Índia. Argumentaram que os números de zero a nove continham, quando compostos, toda a numeração até hoje conhecida. Tratava-se do sistema decimal que substituiu o algarismo romano.
Não ocultaram que o zero havia entrado na realidade após perceberem as leves palmas de uma árvore da Índia eram balançadas por um fraco vento, chamado “zéfiro” que teria gerado o zero.
A sua linguagem foi tão apreciada que até hoje as palavras da língua portuguesa iniciadas por “al” tiveram origem arábica, tal como “alfaiate”, “alicate”, “almejar”, por exemplo.
Mas a civilização arábica doou para a Europa inesquecíveis sábios. Todos eles eram filósofos, juristas, políticos e médicos a um só tempo.
O mais notável foi Averrois (1126-1198), nascido em Córdoba e falecido na África. Tornou-se jurista, médico e juiz. No seu tempo foi um dos mais estudiosos da filosofia grega, exercendo fortíssima influência sobre os católicos, com notável repercussão em Paris e sobre a obra de São Tomás de Aquino. A sua obra mais famosa recebeu o nome de “A Destruição da Destruição”. Foi expulso para África, onde faleceu. Seu trabalho caiu no esquecimento.
Seu contemporâneo em Córdoba foi o judeu Maimônides Moisés (1136-1204), também conhecido como Rambam que se refugiou no Egito, onde ganhou expressão quando se torno médico do sultão. Como filósofo deixou a obra denominada Misn Torá em árabe. Trata-se da obra mais importante da cultura judaica Guia para os Perplexos (1190). Foi criticado por apoiar a obra de Aristóteles. Seus contemporâneos afirmavam que “De Moisés a Moisés não houve ninguém como Moisés”.
Voltando ao mundo maometano há necessidade de registrar o trabalho deixado por Avicena, Abu Ali Huceine ibne Abdalá ibne. Não havia nascido na Península Ibérica. Nasceu perto de Bucara em 980 e faleceu em Hamadã, hoje no Irã. Deixou vasta obra de reflexão filosófica, cerca de 250. No âmbito médico influiu nesta área em grande parte junto à Universidade de Montpellier e na Faculdade Católica Louven. Até hoje é referido pelo nome por ele adotado para identificar a “catarata” sustentando tratar-se de uma doença resultante da queda de líquido caído do cérebro atingindo os olhos do paciente.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada