Tribuna Ribeirão
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As antífonas do ó e a Freguesia do Ó  

Mário Palumbo * 
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Oh Sabedoria do Altíssimo, que tudo governais com firmeza e suavidade, vinde ensinar-nos o caminho da Salvação”. O bandeirante Manoel Preto em 1580 fixou a sede de sua fazenda ao redor do Pico de Jaraguá, lugar de descanso para os exploradores do “lendário” ouro daquela linda montanha. Em 1610 construiu a capela Nossa Senhora da Esperança, ou Nossa Senhora do Ó. Assim inicia a história de um dos mais antigos bairros da cidade de São Paulo que até hoje conserva o nome original de Freguesia do Ó.  
 
O Ó da Freguesia era o Ó que ecoava nas catedrais europeias no tempo do Advento a expressar esperança de vida sem fome, sem guerras, sem pestilências. Era a expectativa do Messias dos Judeus e dos pagãos com suas sibilas e poetas e dos cristãos com seus profetas e mártires. A esperança da salvação das almas em uma vida futura sem sofrimento.  
 
O mundo mudou: até meados do século passado tudo nascia e crescia em volta da igreja e a religião preenchia o tempo e o espaço da vida. Vivi este tempo nos anos 60, quando o Padre era o líder natural dos bairros e das vilas: Pirituba, Vila Zatt, Vila Retiro, Jardim da Felicidade, etc cresceram em volta das Capelas e Igrejas construídas pelos Padres Beneditinos de Vallombrosa que eram os lideres naturais na ausência do Estado.  
 
Que sentido teria, hoje, o nome Freguesia do Ó? “Mala tempora currunt”? Ou seja, estamos atravessando tempos ruins?  
 
Creio que estamos vivendo apenas uma mudança, com certeza a mais veloz. Pode ser também a mais trágica. Não deixa de ser, porém, uma grande oportunidade de crescimento tanto individual como social.  
 
Com certeza o amor vencerá o ódio, pois, a vida é mais forte do que a morte de indivíduos que viviam no coletivo quase que instintivamente e por necessidade, podemos passar a termos pessoas protagonistas de uma nova sociedade mais consciente e mais humana: transformaremos o mundo se nos transformarmos.  
 
Motivos de medos que nos elevem para patamares humanitários mais altos não faltam. Guerras e tragédias anunciadas pelos sinais dos tempos e da própria natureza nos impulsionam à procura da salvação.  
 
O Ó de novas freguesias estão dentro de cada um de nós, pois, somos habitados pelo Espírito de Deus que paira sobre nossos caos e aridez espiritual que luta contra a vida e o amor. O amor vence o ódio e a vida é mais forte do que a morte.  
 
O Espírito de Deus tudo cria e recria e a cada dia renova a face da terra. Se eu que escrevo e você que lê agora, aceitarmos o divino que vive em nós, passaremos do Ó da gravidez e da esperança para a luz do Nascimento do Cristo que anseia a nos doar a vida e a vida em plenitude. Maria que nos deu Jesus com seu sim incondicional, nos ajude a proferir o nosso sim.  
 
Nosso sim com Maria nos dará o Salvador e o amor vencerá o ódio e a vida vence o ódio. 
 
* Professor 

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