O Projeto Ribeirão Floresta acaba de concluir o inventário arbóreo de todas as árvores da Avenida 9 de Julho, de Ribeirão Preto. 123 árvores e 28 palmáceas foram analisadas e os especialistas alertam para alta prevalência pragas e doenças, inclusive cupins e organismos que se alimentam de tecidos mortos das árvores em decorrência da falta de manejo adequado das plantas.
Segundo o engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo Silva, coordenador do Projeto Ribeirão Floresta, apenas três árvores apresentam ótima qualidade da poda, outras 27 têm boa poda. Mas, 49 têm poda regular, 26 têm péssima poda. Além disso, foram contabilizados 91 cortes incorretos. As árvores com ótima e boa poda apresentam-se saudáveis, mas os cortes incorretos são gravíssimos porque é onde surgem cupins e várias outras pragas e doenças.
Segundo o inventário arbóreo, 46 árvores estão infestadas de cupim. A avaliação da presença de pragas e doenças constatou ainda a presença de formiga saúva e formiga quem-quem, ácaros, broca, podridão de colo, escaldadura etc. Trinta buracos foram identificados e isso representa risco gravíssimo à saúde das árvores e ao espaço público.
O coordenador do Ribeirão Floresta alerta para um detalhe fundamental: várias colmeias de várias espécies de abelhas sem ferrão na avenida. “Isso vai demandar do poder público um cuidado especial, diria muitíssimo especial, visto que uma colmeia é protegida pela lei de crimes ambientais e o controle de cupins pode matar a colmeia. Matar uma abelha rainha de uma colmeia é como se estivéssemos matando uma onça”.
“A poda não é restrita à questão estética. A alta prevalência de pragas e doenças nas árvores analisadas é decorrente de poda errada. A técnica de cortes deve permitir que a árvore se desenvolva de forma saudável. Buracos em troncos e galhos e feridas causadas por cortes inadequados deixam a saúde da árvore em estado gravíssimo, explica o coordenador do Ribeirão Floresta.
Outra questão relevante na avenida são as figueiras Mata-Pau, que estrangulam árvores. José Walter comenta que o manejo incorreto de simplesmente cortar o broto das figueiras é inútil porque surgem novos brotos. Uma opção é usar arbusticida, mas a aplicação deve ser feita por técnicos porque o produto que mata a figueira pode também matar a Sibipiruna a depender da relação entre os dois espécimes.
Inventário
O inventário arbóreo é um levantamento técnico que identifica espécies, estado geral das árvores, pragas, doenças, poda etc. A análise na 9 de Julho foi feita em todas as árvores localizadas no trecho tombado.
O trabalho foi feito em toda a 9 de Julho: da Av. Santa Luzia até R. Tibiriçá, onde inicia o tombamento; da R. Tibiriçá até a Independência, região tombada, e da Independência até a Av. Portugal.
“Importante dizer que no trecho tombado, os efeitos das podas malfeitas no passado são marcantes, no entanto, notamos uma melhoria considerável nas podas recentes. De um ano para cá, melhorou muito a qualidade”, avalia José Walter.
Os resultados do inventário foram encaminhados ao CONPPAC-Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto e estão compilados em um relatório assinado pelo presidente da AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, Fernando Junqueira, o coordenador do Ribeirão Floresta, José Walter Figueiredo Silva, e o diretor de Agronomia, Leonardo Barbieri.
Seminários Ribeirão Floresta
De março a agosto deste ano, a AEAARP, através do Ribeirão Floresta, ofereceu quase 100 horas de aulas teóricas e práticas gratuitas, incluindo técnicas de poda, como estratégia de educação e conscientização da população. Especialistas alertam que em geral 70% da população urbana são contra o plantio de árvores em suas calçadas. As aulas dos Seminários Ribeirão Floresta foram ministradas por especialistas de várias áreas de atuação e mais de 150 alunos participaram dos módulos.
“Esta foi uma estratégia interessante para conquistarmos a população para o Projeto Ribeirão Floresta, uma vez que, em última instância, a sobrevivência das árvores que serão plantadas na cidade dependerá dos moradores. Porém, além disso, formamos multiplicadores”, comenta Fernando Junqueira, presidente da AEAARP.