Tribuna Ribeirão
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As horas

Gosto das horas mortas do dia, quando o sol começa a se por no horizonte e seus raios fa 
Uma calma profunda penetra o ambiente, as formas vão se distorcendo, começamos a não distinguir as coisas, tudo fica meio indistinto. 
 
Parece que o mundo, cansado do dia, começa a cochilar. 
 
Somem os barulhos normalmente ouvidos, alguns pássaros ainda insistem em lançar seus cantos, mas a natureza se prepara para dormir. 
 
Há uma paz, uma languidez. 
 
Também em nós o entardecer age. Olhamos o escurecimento que se aproxima, parece que depomos as armas do trabalho, das atividades, damos trégua às nossas preocupações. 
 
É o tempo eterno, que em sua marcha inexorável, nos mostra sua existência em períodos que se repetem. 
 
A noite se aproxima. 
 
E com ela o nosso descanso. 
 
Damos vaza às necessidades de notícias do dia. Queremos nos encharcar com o que aconteceu no mundo durante nossa faina diária, afinal somos moradores de uma aldeia global e precisamos saber o que nossos irmãos estão vivendo. 
 
Saboreamos nossa última refeição do dia, lemos nossos livros, conversamos sobre o que vivenciamos, preparamo-nos para o merecido sono tranquilo. 
 
Gosto das horas frias das madrugadas, quando os fantasmas se agitam, a paisagem são sombras e vultos, as corujas buscam seu alimento, os morcegos voam e nossos momentos insones teimam em nos manter acordados. 
 
Tudo são somente vultos, recortados num céu escuro, dando-nos lembrança do que são durante o dia. 
 
É o reino do Silêncio. 
 
Gosto das horas nascentes do amanhecer, quando as primeiras luzes dos albores iluminam as árvores. A Terra vai ganhando vida. Sons próprios da natureza começam a ser ouvidos. Há movimento nos ares.  
 
Abrimos as janelas e recebemos a brisa suave das manhãs. Já dá para ver tudo o que decora a Terra. Integramo-nos ao mundo. 
 
O cheiro do café coando invade a casa, novas energias se juntam à nossa vontade de um novo dia. 
 
O pão, alimento sagrado, já está à mesa, junto das saborosas frutas de nosso país. 
 
Nossa primeira refeição é momento de alegria e satisfação. 
 
Gosto das horas vivas de nossos dias, quando despertos e cheios de entusiasmo, enfrentamos nossa faina diária. 
 
Cada um carrega consigo a responsabilidade de continuar construindo seu destino. 
 
Reuniões, encontros, estudos, planos tomam nosso tempo. 
 
E vamos construindo nossa história. 
 
Enfim, gosto de todas as horas de meus dias. 
 
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

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