A prefeitura de Ribeirão Preto, por intermédio da Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp), assinou nesta terça-feira, (10 de dezembro), depois de quase três meses, a ordem de serviço que autoriza o início dos estudos de captação, tratamento e distribuição de água do Rio Pardo.
A prefeitura de Ribeirão Preto concluiu o processo de contração do Consórcio Geasa – Nippon Koei lac, composto pelas empresas Geasa Engenharia, Nippon Koei Lac do Brasil e Techne Engenheiros Consultores, em 18 de setembro, segundo edital de homologação publicado no Diário Oficial do Município (DOM).
O grupo venceu com a proposta de R$ 2.599.756,55, valor 15,68% inferior ao estimado pela administração, de R$ 3.083.288,32, desconto de R$ 483.531,77. A licitação foi lançada em 24 de fevereiro. Os recursos para a realização dos estudos serão provenientes de financiamento com Caixa Econômica Federal.
O estudo foi dividido em quatro etapas. Depois de prontos, os novos gestores terão todas as informações necessárias para um planejamento adequado do sistema de abastecimento de água, podendo começar a operação de captação, tratamento e distribuição de água do Rio Pardo a partir do ano de 2030.
O evento contou com a presença do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e do secretário da Saerp, Antonio Carlos de Oliveira Junior, além de representantes Caixa Econômica Federal e do consórcio. O financiamento da Caixa Econômica Federal vem do Programa Saneamento para Todos, do governo federal.
Este investimento abrangerá estudos preliminares, um projeto básico, a estruturação econômica e financeira e o estudo ambiental. O projeto do Rio Pardo tem sido debatido há anos na secretaria dada sua importância para a sociedade e o meio ambiente.
Entre os principais pontos relacionados ao abastecimento de água em Ribeirão Preto, destacam-se a necessidade de segurança hídrica a longo prazo, a redução de perdas e vazamentos, e a promoção do uso consciente da água para diminuir o desperdício.
“O consumo de água em Ribeirão Preto é elevado, superando 273 litros por habitante ao dia, significativamente acima da média nacional. Essa situação nos preocupa, considerando a necessidade de garantir o abastecimento futuro da cidade e a preservação deste recurso vital”, diz Duarte Nogueira .
“Portanto, o estudo sobre a captação de águas superficiais do rio Pardo é essencial para assegurar a segurança hídrica a longo prazo, assegurando o abastecimento de água para a população, comércio, indústria e, principalmente, a construção civil, além de contribuir para a proteção do Aquífero Guarani”, emenda o prefeito.
Atualmente, Ribeirão Preto tem 100% de atendimento de abastecimento de água. Entretanto, para que essa realidade seja contínua, no futuro, é necessário que o sistema de abastecimento do município não dependa somente de um manancial, como o Aquífero Guarani.
“Em busca de novas fontes de abastecimento e considerando as limitações da estrutura atual, com diversas restrições para perfuração de novos poços, o rio Pardo será a garantia de uma cidade com desenvolvimento, com água de qualidade para todos”, explica o secretário da Saerp, Antonio Carlos de Oliveira Junior.
“Para tanto, investimos cerca de R$ 2,6 milhões, com financiamento da Caixa Econômica Federal, no Projeto Básico do Rio Pardo, que analisará a viabilidade técnica, operacional e ambiental de um sistema de abastecimento de águas superficiais complementar ao atual”, diz.
O projeto Rio Pardo está estruturado em quatro etapas. A primeira consiste em “Estudos Preliminares”, com duração prevista de seis meses, que realizarão o levantamento de dados do sistema existente, estudos demográficos, inspeções de campo, pré-dimensionamento das instalações propostas e estudo da tratabilidade.
A segunda etapa, chamada de “Projeto Básico”, deve durar um ano e abrangerá as propostas de captação, adução, estação elevatória, tratamento e centros de reservação. A terceira etapa envolverá “Estudos Econômicos e Financeiros” por meio da avaliação de investimentos e despesas de exploração ao longo do período de alcance do projeto.
Por fim, a quarta etapa compreenderá os “Estudos Ambientais”, demonstrando a viabilidade da implantação do empreendimento e apresentando os documentos necessários para o licenciamento ambiental. O estudo completo tem duração prevista de 18 meses.
O projeto do Pardo prevê a captação, tratamento e distribuição da água complementação do abastecimento para toda a cidade. A secretaria já tem a outorga liberada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Autoriza a utilização de três metros cúbicos por segundo da água do rio.
Em 2013, no segundo mandato da ex-prefeita Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto elaborado pela prefeitura, o extinto Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.
Aquífero: tempo de recarga preocupa
No dia 27 de novembro, prefeitura de Ribeirão Preto, Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp) e a empresa Tritium Geologia e Meio Ambiente Ltda. apresentaram mais informações sobre o Estudo de Resiliência, projeto inédito para assegurar a preservação e o uso sustentável do Aquífero Guarani.
A administração investiu R$ 2 milhões no levantamento. Ribeirão Preto é o maior município que utiliza 100% da água retirada do aquífero para abastecimento público, o que reforça a importância de estudar e ter informações sobre o manancial, para fins de planejamento e garantia de água para a população e empresas.
“Até o momento, já podemos informar que a água consumida em Ribeirão Preto tem aproximadamente três mil anos, o que demonstra a sua qualidade e ao mesmo tempo a preocupação com o tempo de recarga do aquífero”, disse o professor Ricardo Hirata.
Ele é um dos maiores especialistas em águas subterrâneas do país, com 42 anos de vida profissional realizando pesquisas em mais de 30 países, incluindo Banco Mundial, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Unesco), entre outros órgãos
Atualmente, o abastecimento de água em Ribeirão Preto é totalmente feito a partir do Aquífero Guarani, mas estudos geológicos apontam queda nos níveis do manancial. Este cenário acendeu o alerta quanto à preservação da fonte e necessidade de busca de novas alternativas de captação de água.
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população de 728.400 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segundo estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo.
O manancial é o maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo, tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ribeirão Preto é a cidade que mais usa a água do aquífero.