Mário Palumbo *
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São Januário (Gennaro) preferiu morrer do que renunciar a sua fé em Cristo. Como seu corpo ficou insepulto, cristãos conseguiram, com esponjas, absorver um pouco de sangue e o guardaram em frascos que são expostos ao público, onde aparece uma matéria escura que, de repente, sem nenhuma intervenção humana, se liquefaz em sangue vivo. Repete-se este milagre desde 1389.
Para celebrar o Santo, Mário Palumbo, que radiava o programa “SAPORE D’ITALIA”, propôs a festa de San Gennaro, cuja primeira edição se deu no dia 17 de dezembro de 1983. Convidaram-se grupos folclóricos, academias de ballet, bandas musicais, escolas, conjuntos, corais, cantores e músicos. O evento perdurou por 14 anos. A cada edição, certas peripécias aconteciam, dando aos cristãos a sensação de que lá estava o Santo, cuidando dos fiéis que se reuniam em seu nome.
As autoridades públicas prometiam auxílio, mas nem sempre cumpriam. Conta-nos Mário sobre a festa: “a segunda festa foi realizada na frente da Catedral, para a qual tivemos que pedir água pois as torneiras da praça não tinham. Também ficamos sem iluminação, que foi improvisada por um artesão que se ofereceu para fazer uma gambiarra; subiu no caminhão que serviria de palco, pegou uma escada e fez uma ligação. De repente, caiu de costas no palco com os fios sobre o peito nu. De imediato arranquei-lhe os fios de corpo, e então o moço levantou como se nada tivesse acontecido. Exclamei: é San Gennaro!
Importante notar que, como tudo ficava na praça, ao relento, meu filho Giulio, então estudante do ensino médio, com seus amigos, trabalhavam como voluntários durante todo o período da festa e, à noite, ficavam no espaço fazendo a guarda e vigia dos equipamentos e barracas. A festa já havia pego muito vulto, chegamos a ter umas cinco mil pessoas.
O bispo Dom Romeu Alberti apoiava a festa e se divertia conosco ao som das músicas italianas, tarantelas, pizzas e da deliciosa macarronada providenciada por Dona Margarida, minha esposa. Escolas de ballet ornamentavam as festas com as crianças bailarinas, entre as quais figurava minha filha Giuliana, então com 8 anos.” Recebemos carta do Cardeal Ursi de Nápoles demonstrando apoio à festa.
Também nosso Arcebispo Dom Romeu Alberti ditou uma belíssima oração à San Gennaro, ambos os documentos estão no nosso arquivo. Mário recorda interessante fato: “os pintores Arnaldo Mulin e Antônio Guarino presentearam a festa com o quadro de San Gennaro, que durante a festa ficava pendurado na porta da Catedral. O padre Gilberto Kasper apoiava muito este evento.
A um certo ponto da festa começou a ventar forte e o quadro, que é relativamente grande, estava balançando. Embaixo dele, sentada no chão, havia uma mendiga com uma criança no colo. Preocupado com a possível queda do quadro que poderia atingir mulher e criança, pedi para o amigo senhor Rocco Galati, que fosse verificar.
De repente, o quadro despencou, mas o vento fez com que ele aterrissasse para dentro da igreja sem bater na mendiga com a criança. Exclamei: é San Gennaro!”. A festa recebeu apoio do saudoso empreendedor Roberto Jábali como também do vereador Antônio Marcos Borges de Oliveira.
Duas vias públicas ganharam as denominações “Rua dos Italianos” e “Rua San Gennaro” por iniciativa do vereador Valdemar Corauci Sobrinho. Além disso, a comemoração se estendeu para as cidades de Batatais e Franca. Somos gratos pela oportunidade de celebrar a fé cristã de modo tão belo nas praças da cidade. “Viva San Gennaro!”.
* Professor