Após oito meses de trabalho, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e o Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais (IPCIC) apresentaram os resultados da segunda fase do projeto Requalifica Ribeirão, voltado ao mapeamento de dados econômicos, urbanísticos e sociais da região Central da cidade.
Este levantamento detalhado visa orientar estratégias para a requalificação da área, reconhecida como polo comercial e cultural da cidade. Os resultados da pesquisa e as ações propostas foram apresentados a associados, empresários e convidados em evento realizado na manhã desta segunda-feira, 11 de novembro, na sede da Acirp.
Com base na análise realizada, o projeto propõe quatro eixos de atuação: Inteligência; Patrimônio Histórico; Urbanismo e Verdejamento; e Eventos: Cultura e Lazer. O eixo de Inteligência é responsável por coletar e analisar dados que fundamentem as decisões estratégicas.
Já o eixo de Patrimônio Histórico busca preservar e promover o patrimônio cultural e arquitetônico do Centro, incentivando o engajamento dos proprietários e da sociedade na conservação desses bens. O eixo de Urbanismo e Verdejamento visa melhorar a infraestrutura e a arborização urbana, valorizando a estética e a acessibilidade da área central.
Por fim, o eixo de Eventos: Cultura e Lazer promove atividades que revitalizem o centro como espaço cultural e de lazer, atraindo visitantes e movimentando a economia local. O governo de São Paulo vai investir R$ 500 mil no projeto. A presidente da Acirp, Sandra Brandani Picinato, considera o projeto essencial para tornar o Centro mais acessível e atrativo, com impacto direto no comércio local.
“Esse é o primeiro passo para requalificar a região central, proporcionando as condições necessárias para que as pessoas possam novamente desfrutar do comércio, lazer e cultura do Centro”. Além disso, a melhoria na infraestrutura, segundo ela, cria um ambiente que impulsiona o desenvolvimento econômico da região, atraindo empresas de diversos segmentos.
Parcerias e iniciativas – Uma característica importante do projeto é a colaboração com outras entidades, como Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), consolidada em parcerias já firmadas ou em fase de negociação.
Entre as iniciativas práticas em andamento, destaca-se a Incubadora de Moda e Design, que, além de difundir a cultura empreendedora, representa uma alternativa promissora para a geração de novos negócios, empregos e renda na área central.
“Com foco em apoiar novos empreendedores e estilistas locais, a incubadora oferece estrutura física e apoio logístico temporário para a instalação de lojas, além de consultoria especializada que auxilia no desenvolvimento dos negócios”, diz Maria de Fátima Costa Mattos, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisa em Moda e pesquisadora do IPCIC.
Outro exemplo de ação prática é o restauro do Edifício Antonio Diederichsen, marco arquitetônico da cidade, inaugurado em 1936, que busca retomar o empreendimento para fins multifuncionais. Entre os novos usos propostos, o projeto destaca a criação de uma clínica de saúde popular em um dos andares, em parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto, proprietária do edifício.
O edifício também abrigará um espaço cultural na área do antigo cinema, mantendo o uso para eventos e exposições. O projeto conta também com uma parceria estratégica com o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá, que participa com projetos de conservação e requalificação das praças públicas no centro histórico da cidade.
Praças como XV de Novembro, Carlos Gomes, Sete de Setembro, das Bandeiras e Luís de Camões estão recebendo diagnósticos de realidade elaborados pelos estudantes da instituição. O envolvimento dos alunos e professores do curso tem como objetivo proporcionar uma requalificação que preserve os valores históricos e paisagísticos dessas áreas, além de implementar um novo modelo de gestão focado em questões ambientais e de zeladoria.
Fachadas revitalizadas
Para atender à crescente necessidade de melhorias nas fachadas comerciais, foi criado o Escritório de Orientação de Fachadas. A iniciativa surge em resposta aos dados da primeira fase da pesquisa, que indicaram que 23% das fachadas apresentam pintura desbotada e 50,1% delas algum grau de sujidade, especialmente nas ruas Saldanha Marinho, Amador Bueno, Barão do Amazonas, Floriano Peixoto, entre outras.
Com uma agenda pré-definida, o escritório atenderá comerciantes interessados em orientação para a organização visual de suas fachadas, oferecendo sugestões de limpeza e organização. “A proposta inicial é ouvir as demandas dos comerciantes, avaliar as possibilidades de intervenção imediata e recomendar projetos mais abrangentes, quando necessário, para que os proprietários possam se planejar adequadamente”, comenta Marcela Cury Petenusci, urbanista do IPCIC.
“O Requalifica Ribeirão surgiu da necessidade histórica de proporcionar ao Centro da cidade uma oportunidade de retomada com avanço. Retomar para valorizar o que foi bom, e avançar, porque a modernidade traz novas demandas”, explica Adriana Silva, coordenadora geral do projeto Requalifica Centro pelo IPCIC. “Ribeirão Preto merece um centro que a represente e fortaleça o sentimento de pertencimento do cidadão com sua cidade”, completa.
Composto por 3.466 lotes distribuídos em 177 quadras, o quadrilátero central de Ribeirão Preto apresenta uma predominância de imóveis isolados, com 71,9% do total, seguidos por 16,1% de condomínios verticais e 10,7% de condomínios horizontais. Os dados são da primeira fase do Requalifica Ribeirão
Os dados coletados revelam que 80,8% dos lotes estão em uso, enquanto 19,2% estão fechados, seja para venda, aluguel ou sem uso aparente. As áreas com maior concentração de imóveis fechados encontram-se nas proximidades das avenidas que delimitam a região, destacando-se as ruas Barão do Amazonas, General Osório e São José.
A pesquisa também apontou que as calçadas da área central apresentam sérios problemas de acessibilidade, com 48,9% delas possuindo desníveis ou rachaduras, e apenas 7,1% dotadas de piso tátil. A arborização também é escassa, com apenas 23,3% dos lotes possuindo árvores em frente às suas fachadas.
O levantamento analisou 3.466 lotes em 177 quadras do quadrilátero central e também revelou que apenas 23,3% dos imóveis (concentrados principalmente no quadrante sul da região) possuem árvores em suas fachadas. A baixa arborização impacta diretamente o clima e a qualidade de vida no Centro.
Praças como a XV de Novembro, Carlos Gomes, das Bandeiras e Sete de Setembro ajudam a amenizar o problema. Segundo o relatório final do Inventário Amostral da Arborização de Acompanhamento Viário, divulgado em maio de 2022 (www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/meio-ambiente/inventario-amostral), o Centro tem apenas 3,58% de sua área arborizada.