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Bye-Bye, telonas e telinhas 

Conceição Lima *

As telonas, já dissemos adeus a elas há um bom tempo. Quantos cinemas fechados no mundo inteiro! Passamos, depois, a adorar as telas médias da TV. Mas já nos cansamos delas também! Por sinal, que as grandes redes televisivas já estão num considerável apuro financeiro. Será que duram muito tempo ainda? Como diria Camões, “Cesse tudo que a antiga Musa canta, porque outro poder mais alto se alevanta!” Aliás, um poder maior, mas de tamanho bem menor. Agora (por enquanto) é a vez das telinhas dos celulares. Por que será? Porque as telas e telonas são fixas e o mundo de hoje é móvel. O mundo de amanhã talvez não seja.

Tanta gente implicando com as telinhas do celular e todo o mundo usando sem parar! Há mesmo um uso excessivo dessas telas. Todos concordam com isso. As escolas não tiveram dúvida: trataram logo de proibir os telefones celulares e o governo avalia o assunto. Porém… acredite… o sonho de uma vida sem tanta telinha pode ser que já esteja se transformando em realidade.

A nossa sociedade valoriza demais o visual. Mas temos vários outros sentidos que são até mais ricos que a visão. O ouvido, por exemplo, é um órgão muito mais sensível que os olhos. Quando alguém vai a um concerto musical e se arrepia, isso não acontece pela sua visão, mas pela sua audição. O ouvido é um órgão muito poderoso e sensual. Eis que a dominação visual pode estar perdendo seu poder. Queremos profundidade e os olhos nos tiram isso. A audição e o tato é que nos dão isso.

E o que estou eu querendo dizer com essa lenga-lenga toda?

Isso mesmo! Sim, o smartphone, tal qual o conhecemos, está se tornando obsoleto, cansativo. Não que ele vai desaparecer de todo. Apenas que ele não estará mais no topo. Portanto, também a telinha está se tornando fora de moda. E o que vai substitui-la? A voz, o áudio, dizem… E tudo por culpa da Inteligência Artificial!

Eis que uma empresa, a Humane, traz uma inovação promissora, denominada de AI PIN, um dispositivo desprovido de tela, que utiliza um pequeno projetor a laser para sobrepor informações na palma da mão. É como se fosse um bottom, um broche para ser afixado na roupa e funciona como a Alexa ou a Siri. Será que vai pegar? Penso que a eficácia do AI PINem conduzir-nos para um futuro pós-celular ainda é incerta. Mas a sua proposta é ousada: libertar os usuários dos milhares de aplicativos,aos quais estamos acostumados. Aliás, no início deste mês de outubro, a ex-topmodel Naomi Campbell circulou com um AI PIN pendurado na lapela de um paletó estiloso pela Paris Fashion Week. Eta broche caro esse!

Mas há outras opções, não propriamente com o mesmo tipo de funcionamento, mas todos eles sem tela e movidos a Inteligência Artificial. A que está mais na frente é a empresa Rewind, que fez uma parceria com a OpenAI para criar um ChatGPT individual: um robô quegerencia sua agenda, faz a ata das suas reuniões, sabe de seus e-mails.  Tudo isso na forma de um pendente, um cilindrozinho de pendurar no pescoço. Grava tudo que você ouve e fala no mundo real. O preço é uma bagatela!

E há também o designer inglês Jony Ive, que está conversando com a mesma OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, para criar “o iPhone da Inteligência Artificial”. E ele tem experiência, adquirida diretamente na Apple. Sua aposta principal: o fim das telas. Ou, ao menos, a possibilidade de que a Inteligência Artificial nos leve a interagir com o mundo digital sem a necessidade de telas.

Tudo isso será invasivo demais para as pessoas? Ou nos adaptaremos? Afinal, quem aguenta mais passar de oito a doze horas na frente de uma tela? Omundo não precisa ser tão quadrado e plano. Pode ser holográfico, multiforme, tridimensional.

* Professora de ensino superior aposentada, escritora e palestrante, é membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e fundadora da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras 

 

 

 

 

 

 

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