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Pobre Líbano 

André Ali Mere *
andré[email protected]

O Líbano, país pequeno e não populoso, situado no Oriente Médio, se vê neste momento envolvido numa guerra que não é sua e que destrói as esperanças de um povo milenar, os fenícios.

Eu tive a feliz oportunidade de visitar o Líbano em 2011, no início da Primavera Árabe, que foi o movimento que deflagrou as revoltas em vários países árabes contra seus ditadores.

Chegando em Beirute, pude sentir uma cidade cosmopolita, porém, com as marcas de uma guerra civil (1975/1990) absolutamente fratricida. Esta guerra colocou entre lados opostos cristãos maronitas e muçulmanos xiitas. Uma insanidade.

Além de visitar Beirute, fomos visitar o Vale do Bekaa. Meus avôs materno e paterno são imigrantes desta região e vieram para o Brasil no início do século XX. Lá se encontram as ruínas de Baalbeck, antiga cidade romana e um belo sítio histórico. É muito comum se ouvir português nesta área. Para tristeza geral, muitos bombardeios estão sendo realizados ali mesmo.

Em outro dia fomos à Damasco, capital da Síria, não longe de Beirute. Pelo Brasil ser um país tão grande territorialmente, ficamos surpresos quando nos deparamos com países fronteiriços tão próximos. De lá pra cá a Síria entrou em guerra civil tão horrenda como a que acontece em Gaza atualmente.

Voltando ao Líbano, fui questionado por libaneses como era o sistema político brasileiro, uma vez que lá se vive um regime sectário, de acordo com a orientação religiosa.

Segundo a divisão de poder estabelecida desde a independência do Líbano da França em 1943, um muçulmano xiita ocupa a presidência do Parlamento; um muçulmano sunita é o primeiro-ministro e um cristão maronita é o presidente do país. O Estado deveria ser, como na maioria das democracias, absolutamente laico.

Pude conhecer o mausoléu de Rafic Hariri numa região central de Beirute. Ele tinha sido primeiro-ministro e foi fundamental na reconstrução do país pós guerra civil. Foi brutalmente assassinado em 2005 num atentado que vitimou outras 21 pessoas. Todas as evidências indicam orquestração do Hezbollah.

Mesmo que frágil, o Líbano ainda é uma das poucas democracias daquela região, ao lado de Israel e de tantos ditadores árabes.

Dito isto, não há como aceitar os bombardeios que vitimam milhares de civis. O Exército do Líbano é quase inexistente. Israel tem o direito de se defender dos terroristas do Hamas e do Hezbollah, mas não pode massacrar civis como vem fazendo. O povo israelense não merece um primeiro ministro, acusado de corrupção e que usa a guerra para se manter com plenos poderes para matar impunemente.

Não fossem os radicais e extremistas, aquela região seria mais uma pérola lapidada.

Uma homenagem aos descendentes de libaneses e aos meus avôs paterno e materno respectivamente, Sem Ali Mere (viveu em Sertãozinho) e Abdo Calil (viveu em Ribeirão Preto)

* Empresário 

 

  

 

 

 

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