Tribuna Ribeirão
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O recado das urnas 

Divaldo Silva *  
 
As urnas das eleições deste segundo turno em Ribeirão Preto trouxeram, em números, um recado claro e objetivo da sociedade à classe política: um basta aos métodos contemporâneos de se fazer política.   
 
No colégio eleitoral (477.595 eleitores) de Ribeirão Preto a vitória de um candidato foi definida por uma ínfima margem (687 – 0,14% do total de eleitores) de votos, ou, para quem preferir, por apenas 1,16% dos votos válidos. Até aí, nenhuma novidade. Faz parte da democracia essa disputa voto a voto. Mas, não é por aí, que se deve entender os números dessa eleição. 
 
Num país como o Brasil, onde o voto é obrigatório, ter em Ribeirão Preto, 179.759 (37,6% do total de eleitores) eleitores ausentes das urnas, é o mesmo que dizer que mais de um terço da população votante não se sensibilizou, ou melhor, não compactuou, com o que viu e ouviu nessa disputa eleitoral. 
 
E mais, levando-se em conta os votos em brancos (11.466 – 3,85% do colégio eleitoral) e os nulos (24.215 – 8,13% do colégio eleitoral) temos um alarmante número de 49,57% (215.440 eleitores da cidade) que deram um “basta” a tudo o que presenciaram nas eleições municipais. Inacreditável! 
 
Lamentavelmente, esses números não se restringem a Ribeirão Preto. Espelham o que ocorreu no cenário nacional, especialmente neste segundo turno. 
 
Os como e os porquê, precisam ser analisados pelos sociólogos e analistas de plantão. Ao que tudo indica, no entanto, essa tendência de afastamento do eleitor das disputas eleitorais vem em uma crescente geométrica, principalmente, desde que o ódio, como arma eleitoral, começou a ser utilizado. Dá audiência, mas não sensibiliza. 
 
É chegada a hora, portanto, de os políticos e seus marqueteiros repensarem as campanhas eleitorais futuras. A culpa é do ódio, ataques, baixarias? Falta credibilidade à classe política? É descrença? Houve um afastamento entre o cidadão e o poder público? O conceito de cidadania se alterou? As expectativas de parte da sociedade estão desconectadas com o que o poder público oferece? Ou, tudo isso somado? 
 
Fato é que o cidadão está tão desanimado com o processo eleitoral que está se recusando a participar do que nos é mais valioso enquanto sociedade: a democracia!!! 
 
* Jornalista e pesquisador 

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