Uma grande cidade maia no meio da floresta no Estado de Campeche, no sudeste do México, foi descoberta por acidente. Luke Auld-Thomas, um doutorando na Universidade Tulane, nos Estados Unidos, estava buscando por dados na internet quando encontrou um levantamento a laser do local, feito por uma organização mexicana para monitoramento ambiental.
Ao processar os dados com métodos usados por arqueólogos, ele viu o que outros não tinham visto: uma enorme cidade maia antiga. As informações são da BBC. Segundo a emissora britânica, o levantamento encontrado por Luke era uma pesquisa de Lidar, técnica de sensoriamento remoto que dispara milhares de pulsos de laser de um avião e mapeia objetos abaixo usando o tempo que o sinal leva para retornar.
Os pesquisadores acreditam que a cidade pode ter sido o lar de 30 mil a 50 mil pessoas no seu auge, de 750 d.C. a 850 d.C – é mais do que o número de pessoas que vivem na região hoje. Luke Auld-Thomas e o restante da equipe nomearam a cidade de Valeriana, em homenagem a uma lagoa próxima. A equipe descobriu três sítios no total, em uma área de levantamento do tamanho da capital da Escócia, Edimburgo.
O professor Marcello Canuto, coautor da pesquisa, que foi publicada no periódico acadêmico Antiquity, falou à BBC que a descoberta ajuda a mudar a ideia de que os trópicos eram o lugar para onde “as civilizações iam para morrer” – ele diz que esta parte do mundo na verdade era o lar de culturas ricas e complexas.
“Escondida à vista de todos” – Os pesquisadores encontraram 6.764 edifícios de vários tamanhos nos três sítios. A BBC aponta que Valeriana tem as “características de uma capital” e em densidade de edifícios só fica atrás do sítio Calakmul, a cerca de 100 km de distância.
Os arqueólogos encontraram casas, calçadas, praças com pirâmides de templos, anfiteatros, uma quadra onde as pessoas jogavam um antigo jogo de bola e evidências de um reservatório. Segundo os pesquisadores, a antiga cidade maia estaria “escondida à vista de todos”, já que fica a apenas 15 minutos de caminhada de uma estrada principal perto de Xpujil.
A pesquisa sugere que a erradicação das cidades-estado maias ocorreu, dentre outros motivos, por elas serem muito densamente povoadas e não conseguirem sobreviver aos problemas climáticos, além de outros problemas, como a guerra e a conquista da região por invasores espanhóis no século XVI.