Após quedas de 0,55% em junho, de 7,7% em julho e de 1,8% em agosto, o preço da cesta básica de alimentos essenciais subiu pela segunda vez seguida em Ribeirão Preto. Depois de disparar 8,06% em setembro, avançou mais 5,68% em outubro e atingiu o maior valor da série histórica, de R$ 710,87, contra R$ 672,65 do mês anterior, acréscimo de R$ 38,22.
Superou o recorde anterior que pertencia a fevereiro, de R$ 702,46. São R$ 8,41 a mais, aumento de 1,20%. O levantamento mensal é do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
Em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o pacote com 13 alimentos essenciais custava R$ 612,02, a alta chega a 16,15%, acréscimo de R$ 98,85. No acumulado do ano, entre janeiro e outubro, a inflação na cidade é de 10,93%, contra 5% até setembro e deflação de 2,86% até agosto – era de 7,17% no primeiro semestre.
O levantamento do Instituto de Economia Maurílio Biagi aponta que o aumento foi impulsionado, principalmente, pelas queimadas e pela estiagem prolongada, que vêm afetando a produção de alimentos básicos e elevando os custos de vários produtos essenciais.
“A seca e as queimadas nas regiões produtoras impactaram fortemente o custo da cesta de consumo em outubro. Produtos como a carne, que já vinham sofrendo com o preço dos insumos, foram ainda mais afetados por estas condições adversas”, avalia Livia Piola, analista do IEMB-Acirp.
O estudo aponta ainda que da região com menor custo (R$ 662,16) para a mais cara (R$ 837,04), o consumidor pode chegar a gastar até R$ 174,88 a mais pela compra dos mesmos 13 itens básicos. A variação chega a 26,41%, segundo a pesquisa do IMEB-Acirp.
Entre os vilões do mês, o preço da alcatra subiu 12,06% em outubro, após alta de 12,12% em setembro, reflexo da menor oferta de gado para abate e da necessidade de confinamento dos animais, o que encarece a produção. Outro produto de destaque na pesquisa foi a batata-inglesa, que subiu 9,35% em média e ainda apresentou variações expressivas em determinadas regiões, como no Centro, onde o aumento chegou a 56,71%.
O pão francês subiu 5,06% e o feijão carioca avançou 4,41%. O açúcar cristal registrou aumento de 3,12% e o tomate italiano também está 1,91% mais caro, assim como o leite longa vida (0,48%) e o óleo de soja (0,16%). As quedas foram constatadas nos preços da farinha de trigo sem fermento (-6,54%), margarina com sal (-6,28%), café em pó (-3,32%), banana nanica (-2,93%) e arroz branco (-1,18%).
O preço do kit na cidade registrou dois meses seguidos de deflação, de 3,34% em março e 1,59% em abril, depois avançou 3,33% em maio. Subiu 3,89% em janeiro e 3,95% em fevereiro, quando o preço do pacote de itens essenciais superou a barreira de R$ 700 pela primeira vez desde o início da série histórica.
Os dados do Índice Mensal de Cesta Básica foram divulgados nesta terça-feira, 29 de outubro. Os analistas da Acirp percorreram 15 estabelecimentos no dia 18: onze supermercados e hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade. O levantamento não tem caráter fiscalizador.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 39,98% do valor total da cesta, é o da carne, que em setembro consumia 37,71%. Frutas e legumes absorvem 26,31% do orçamento (27,38% no mês anterior), seguidos dos farináceos (20,16%, ante 20,67% de setembro), laticínios (6,71%, depois de 7,15% no mês anterior), leguminosas (3,61%, era de 3,66%), cereais (2,37%, ante 2,54%) e óleos (0,85%, após 0,9%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 54,44% de sua renda apenas com gastos alimentares em outubro.
A alta foi de 2,93 pontos percentuais em um mês – era de 51,51% em setembro. Em carga horária, equivale a trabalhar 119,76 horas das 220 previstas na jornada do assalariado só para comprar comida, 6,44 horas a mais do que em setembro – era de 113,33 horas no mês anterior. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.
Zona Sul tem a cesta mais cara
A região Central tem o kit mensal básico de alimentos mais caro da cidade, com valor de R$ 837,04, pela primeira vez acima de R$ 800. O aumento chega a 21,14% em comparação com os R$ 690,96 de setembro, acréscimo de R$ 146,08. O aumento foi impulsionado pelo reajuste no preço da batata-inglesa (56,71%). Outros destaques são a alcatra (46,65%), o óleo de soja (25,47%) e o pão francês (23,81%)
Na Zona Sul, o kit mensal básico custa R$ 741,39, contra R$ 716,38 de setembro, aporte de R$ 25,01 e alta de 3,49%. O aumento expressivo no preço do óleo de soja (11,58%), do tomate italiano (8,12%) e do arroz branco (7,61%) puxaram a alta na região mais nobre da cidade.
A Zona Leste tem a terceira cesta mais cara do mês. Saltou de R$ 646,08 em setembro para R$ 706,22, aporte de R$ 60,14 e aumento de 9,31% puxado por alcatra (25,58%), óleo de soja (8,23%), feijão carioca (7,90%) e batata-inglesa (2,99%), segundo o IEMB-Acirp.
Na Zona Oeste, o preço da cesta básica com 13 alimentos recuou de R$ 692,17 em setembro para R$ 687,29 em outubro, desconto de R$ 4,88 e queda de 0,70%, puxada pelo café em pó (20,03%), arroz branco (-14,77%), leite longa vida (-6,26%) e alcatra (-3,83), apesar da alta de 60,67% do tomate.
A Zona Norte tem a cesta básica mais barata de Ribeirão Preto. Saltou de R$ 649,28 em setembro para R$ 662,16 em outubro, acréscimo de R$ 12,88 e aumento de 1,98%, puxado por açúcar cristal (37,85%), batata-inglesa (23,94%), feijão carioca (17,22%) e alcatra (13,52%).
Dados do estudo – A cesta da Acirp inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).