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As missões do Águia

Seja em apoio à PM nas perseguições, ao Corpo de Bombeiros em incêndios e salvamentos, em resgate e até no transplante de órgãos, o Águia é a PM cortando os céus paulistas 

Águia opera em Ribeirão Preto desde 4 de março de 2006  (Alfredo Risk)

Por Adalberto Luque 

Desde 4 de março de 2006, o helicóptero Águia, da Polícia Militar, é presença constante e bem-vinda nos céus de Ribeirão Preto e nas outras 92 cidades que integram o Comando de Policiamento de Área do Interior (CPI-3), órgão que coordena as ações da PM na região. A Base de Aviação de Ribeirão Preto, à qual o Águia e sua equipe fazem parte, fica ao lado do Aeroporto Leite Lopes, na zona Norte de Ribeirão Preto. 

A partir de lá, em 2023 a aeronave fez 800 missões, com 409 horas voadas, resultando na prisão de 166 pessoas, 19 armas apreendidas, 121 veículos recuperados e apreendidos e duas pessoas salvas. Em 2024, até setembro, foram 697 missões, com 390 horas de voo, 114 presos, 15 armas apreendidas e 87 veículos recuperados ou apreendidos. 

Mas as ações do Águia não se limitam apenas ao auxílio em perseguições policiais. O Águia presta apoio aéreo para a Polícia Militar, Polícia Militar Rodoviária, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Policiamento de Trânsito, Choque e Polícia Ambiental. 

No combate à recente onda de queimadas em matas, que trouxeram terror para a região, o Águia realizou, entre 22 de agosto e 08 de outubro, 194 missões. Foram 166,2 horas voadas e 1.757 lançamentos de água por “bambi bucket”, uma espécie de balde suspenso em um cabo, usado no combate a incêndios. 

Estrutura estadual e local 

Fundado em agosto de 1984 como Grupamento de Radiopatrulha Aérea, o hoje Comando de Aviação da Polícia Militar (CAvPM), com sede na Capital, já realizou mais de 400 mil missões em 182 mil horas de voo. Além da sede na Capital, o Águia conta com outras 10 bases destacadas espalhadas pelas diversas regiões do interior, entre elas, Ribeirão Preto. 

Desta forma, de acordo com a Polícia Militar, isso possibilita que qualquer helicóptero Águia esteja a menos de 15 minutos de voo de 85% da população paulista. 

Até hoje, o CAvPM já realizou cerca de 3 mil salvamentos, 13 mil resgates aeromédicos e 900 transportes de órgãos humanos. Com cerca de 500 policiais e uma frota de 29 helicópteros e três aviões, o comando também opera drones, que são aeronaves não tripuladas. 

Em Ribeirão Preto, a Base de Aviação conta cum uma aeronave, quatro pilotos, três mecânicos, 14 tripulantes e três membros de permanência noturna, num total de 24 integrantes. 

Apoio aéreo 

A partir da esquerda, soldado Blummer, sargento Jeferson, sargento André, tenente Caroline e capitão Galhardo: equipe a postos para qualquer solicitação (Alfredo Risk)

Segundo o capitão da polícia militar Juliano Galhardo, comandante de aeronave, a Base de Aviação de Ribeirão Preto presta apoio direto aos policiais que estão atendendo ocorrência de emergência ou operações programadas. 

“Quem merece todo destaque e importância na eficiência do trabalho, são os policiais que estão na rua atendendo ocorrência a cada dia, pelos riscos em que estão envolvidos nesses atendimentos. Nossa satisfação se encontra no apoio que podemos prestar a esses policiais e indiretamente para a sociedade, com a aeronave como forma de plataforma de observação para o policiamento urbano, salvamento e combate a incêndio para o corpo de bombeiros, fiscalização e reconhecimento para o policiamento ambiental e sobrevoo em rodovias para o policiamento rodoviário”, explica Galhardo. 

O oficial lembra que além das perseguições, são comuns apoio ao Corpo de Bombeiros em ocorrências de combate a incêndio e salvamento, inclusive nos casos onde tenha alguém perdido em mata ou ferido em local de difícil acesso para os integrantes do Corpo de Bombeiros. Ele lembra que há outros tipos de apoio comuns ao Águia. 

Transporte de órgãos 

Constantemente, os integrantes do Águia fazem voos relacionados ao transplante de órgãos. Muitas vezes um doador está numa localidade e a pessoa que necessita de doação do órgão está distante de lá. Neste caso, não fosse a agilidade do Águia, muitos órgãos acabariam perdidos se o transporte fosse feito via terrestre.  

O transporte de órgãos para serem implantados é outra grande missão do Águia. “Existe um médico regulador que coordena esse trabalho e a tripulação já é preparada para atender essa demanda, pois junto com nossa equipe vai um médico responsável pelo órgão”, revela. 

A aeronave tem autonomia para voar por três horas com o tanque de combustível completo. Isso é o suficiente para os casos de transporte de órgãos e para diversas ações realizadas pela tripulação. 

A Base só não presta atendimento aeromédico como ocorre na Capital pois, segundo o oficial, é preciso contar com hospitais preparados com heliponto e haver demanda de acidentes, com estudos relacionados ao deslocamento de viaturas até o local do sinistro e posterior deslocamento ao hospital, em horários de pico de trânsito ou não.  

Rotina 

Cada dia é diferente na Base. Então para manter a “rotina sem rotina”, o dia começa com preleção, passagem de ordens e outras atividades. Depois a aeronave é colocada para fora do hangar, onde é feito o pré voo e equipamentos testados. 

Não havendo nada de imediato, a equipe parte para atividades físicas, seguidas de café da manhã e inicia os trabalhos administrativos, sempre a postos para qualquer acionamento. No decorrer do dia, há novas instruções práticas e leituras de ordens e procedimentos padrões variados, sempre de prontidão até o término do serviço. 

Queimadas e enchentes 

Para os integrantes do Águia, toda missão é importante e, desta forma, marcante. Mas Galhardo revela que o recente combate às queimadas marcou pela destruição da natureza. “A destruição da flora e fauna assistida por nós nos combates a incêndio, foi algo marcante para toda nossa tripulação. Esperamos que esse episódio demore para ocorrer novamente nos demais anos que virão.” 

Sobre os perigos da carreira, o comandante de aeronave lembra que a aviação, por si só, já é uma atividade de risco, somada ao fato de serem policiais militares. “Então toda operação é de risco, porém um risco controlado e diminuído de acordo com nosso treinamento e profissionalismo em que dedicamos nossa função.” Até porque, dentro da cabine, cada um tem sua função muito bem definida previamente para que tudo corra muito bem. 

Um exemplo de ocorrência que envolve muito risco é o combate a incêndio, onde o voo é baixo, com a aeronave próxima aos limites de peso, voando em meio a fumaça e calor do incêndio. “Voamos com a tripulação reduzida para diminuir o peso da aeronave, para poder levar a maior quantidade de água possível.” 

A Base Aérea de RP também atuou em missões humanitárias por todo o País. “Trabalhamos no desastre de Brumadinho, incêndios no Pantanal, enchentes do Rio Grande do Sul, enchentes na Bahia, entre outras operações”, destaca. 

Ingresso no CAvPM 

Integrar o CAvPM não é tarefa simples. Para pilotar aeronaves, por exemplo, é preciso antes prestar vestibular para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), um dos cursos mais concorridos do Brasil, com maior número de candidatos por vaga. Depois o interessado deve prestar concurso interno e a seleção inclui prova escrita, teste físico, médico e psicológico, além de entrevista feita por comissão de integrantes da unidade. Uma vez aprovado, inicia-se a formação em uma escola de aviação. 

“Prestei vestibular para me tornar aluno da escola de formação de oficiais da PM e, me tornando oficial da PM, trabalhei no policiamento, Corpo de Bombeiros, até decidir prestar concurso para piloto da corporação. Tive a satisfação de ser aprovado”, lembra Galhardo. 

Para ser tripulante de voo, é preciso ser soldado ou cabo da PM e prestar concurso interno nos mesmos moldes dos pilotos. Depois há um curso de capacitação para tripular aeronave.  

No caso de mecânico de aeronave, é preciso ser soldado, cabo ou sargento da PM e se inscrever para o processo, que igualmente inclui prova escrita, física, exame médico e psicológico. Passando pela entrevista, o candidato fará estágio de capacitação nas oficinas do Comando, em São Paulo, para se tornar mecânico de voo. 

Já para trabalhar nas funções administrativas, é preciso ser PM e ter disponibilidade para atuar nas diversas áreas, como logística, manutenção aeronáutica, compras, finanças, recursos humanos entre outras. 

Mas a formação dos integrantes da Base Aérea de RP não se limita apenas aos exames para ingresso. A equipe passa por estágios de aperfeiçoamento anual e treinamentos diversos, por conta de alterações de procedimentos, melhorias nos equipamentos e novas técnicas. Há cursos de aprimoramento e treinamentos de rotina diários, além de formação em diversas áreas. 

Desta forma, os integrantes da Base estão sempre à postos para que o Águia cruze os céus de Ribeirão Preto e outras 92 cidades da região, aumentando a segurança, intensificando o combate ao crime e salvando vidas. “A população de Ribeirão Preto e região pode esperar dedicação de nossos integrantes, profissionalismo, capacitação e amor pela causa, além de acolhimento e proteção”, conclui o capitão Juliano Galhardo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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