Gilberto Maggioni *
No Tribuna de sábado 19/10/2024, nosso querido e competente amigo, o jornalista Antônio Carlos Morandini que carinhosamente o chamamos de Mourão, fez seu artigo Larga Brasa, comentando a ausência do nosso aeroporto internacional de cargas. Conto a historia do nosso aeroporto.
Em| 1997,presidente da ACIRPdesde1992, iniciamos dois movimentos em prol da nossa cidade, o Aeroporto Internacional de Cargas e a vinda do Gás Natural Bolívia–Brasil. À época, o aeroporto era administrado pelo Daesp, Depto Aeroviário do Estado de São Paulo, onde iniciamos nosso trabalho no sentido de lograrmos o aeroporto.
Para tanto, fizemos pesquisa de volume de cargas da região, o que foi bem satisfatório. Com isso, entramos em contato com o governador Geraldo Alckmin, que concordou com nossa ideia, solicitando ao Daesp dar total atenção ao nosso projeto, anteprojeto já efetuado pelo nosso então secretário de Planejamento, lvo Colicchio. Daí, o Daesp fez correções que se fizeram necessárias, cumprimos a lei fazendo no salão nobre da Acirp as audiências públicas, sendo finalmente aprovado o projeto.
Então vieram as exigências de meio ambiente, construções do entorno, etc., licitação de concessão, culminando, em SETEMBRO DE 2004, a assinatura do contrato de concessão a empresa Tead de São Paulo, para nossa alegria de tarefa realizada em prol não só dos empresários, mas de toda uma comunidade.
Porém, em 2005 ou 2006, o promotor de Meio Ambiente e o prefeito da época, firmaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), onde a proposta da Promotoria era construir o aeroporto no município de Serrana, o que o prefeito da época não concordou.
No TAC, ficou ajustado que a pista de pouso não poderia ser alongada e também na sua largura, sendo os dois itens extremamente necessários para receber aeronaves de carga, mas, Ribeirão só tomou conhecimento após 24 meses, ou seja, transitou em julgado, não podendo mais nenhuma ação para reverter o TAC.
Assim perdemos nosso aeroporto de cargas. O que veio depois, já em 2009/2010, entre governo municipal e entidades, alardeando que iríamos ter no Leite Lopes o aeroporto de cargas, foi “conversa fiada”, puro oba– oba dos sabedores do TAC.
Sobre o gás natural, o governo do Estado já havia assinado contrato de concessão com a empresa italiana Gás Brasiliano, quando tomamos conhecimento da “Espinha de Peixe”, que foi a forma de demonstrar onde de início o gás Bolívia-Brasil iria atender as cidades do interior, e vimos que nossa cidade estava fora da concessão.
Também o governador Alckmin nos atendeu muito bem e destacou dois secretários para acompanhar nossa solicitação, sendo que os mesmos concordaram plenamente com nossa proposta de incluir Ribeirão Preto na concessão, o que foi fundamental para a vinda do gás.
À época, tomamos conhecimento que havia planejamento do gás para abastecer Brasília, seria vindo de Cuiaba–MT, 1.200 km aproximadamente, no meio do nada, aí fizemos uma pesquisa de consumo nas empresas de Ribeirão até Uberlandia–MG, convidamos os prefeitos de municípios paulistas e os dois de Minas para fortalecer nossa solicitação junto a Petrobras para levar o gás de Ribeirão a Brasília (800km), e atendendo inúmeras empresas que teriam diminuição de consumo e de energia elétrica e barateamento de custos.
A Petrobras levou o gás a Brasília de Cuiabá (sic), mas o governador Alckmin mais uma vez nos atendeu, refazendo a concessão e incluindo o gás natural para nossa cidade.
Mourão, meu caro, essa é parte de nossa história, que hoje vejo o quanto beneficiou nossa cidade, pena que o Aeroporto de Cargas não se concretizou, porém, se fizermos um movimento é muito provável que consigamos, não no Leite Lopes.
Forte abraço, caro amigo. Nosso agradecimento ao governador Alckmin em atender nossa Acirp e consolidar nossas propostas.
* Empresário, ex–presidente da Associação Comercial e Industrial (Acirp) e ex-prefeito de Ribeirão Preto