José Aparecido Da Silva*
O que é depressão? Todo mundo se sente triste ou deprimido às vezes, mas esses sentimentos geralmente passam com um pouco de tempo. A depressão (também chamada de transtorno depressivo maior ou depressão clínica) é diferente. Pode causar sintomas graves que afetam como você se sente, pensa e lida com as atividades diárias, como dormir, comer ou trabalhar. É uma doença que pode afetar qualquer pessoa — independentemente de idade, raça, renda, cultura ou educação. Pesquisas sugerem que fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos desempenham um papel na depressão. A depressão pode ocorrer com outros transtornos mentais e outras doenças, como diabetes, câncer, doenças cardíacas e dores crônicas. A depressão pode piorar essas condições e vice-versa. Às vezes, os medicamentos tomados para essas doenças causam efeitos colaterais que contribuem para os sintomas de depressão. Duas formas comuns de depressão são: A depressão maior, que inclui sintomas de depressão na maioria das vezes por pelo menos 2 semanas que normalmente interferem na capacidade de trabalhar, dormir, estudar e comer. E o transtorno depressivo persistente (distimia), que geralmente inclui sintomas menos graves de depressão que duram muito mais tempo, geralmente por pelo menos 2 anos. Outras formas de depressão incluem: A depressão Perinatal, que ocorre quando uma mulher sofre de depressão maior durante a gravidez ou após o parto (depressão pós-parto). O transtorno afetivo sazonal, que vem e vai com as estações, geralmente começando no final do outono e início do inverno e desaparecendo durante a primavera e o verão. A depressão com sintomas de psicose, que é uma forma grave de depressão em que uma pessoa apresenta sintomas de psicose, como delírios (perturbadores, falsas crenças fixas) ou alucinações (ouvir ou ver coisas que os outros não veem ou ouvem). Ademais, dos indivíduos diagnosticados com transtorno bipolar (anteriormente chamado de depressão maníaca ou doença maníaco-depressiva) também sofrem de depressão.
Quais são os sinais e sintomas da depressão? Os sintomas comuns de depressão incluem:1) Humor triste, ansioso ou “vazio” persistente, 2) Sentimentos de desesperança ou pessimismo, 3) Sentimentos de irritabilidade, frustração ou inquietação, 4) Sentimento de culpa, inutilidade ou desamparo, 5) Perda de interesse ou prazer em hobbies ou atividades, 6) Diminuição da energia, fadiga ou “desaceleração” , 7) Dificuldade de concentração, lembrança ou tomada de decisões, 8) Dificuldade em dormir, acordar cedo ou dormir demais, 9) Mudanças no apetite ou mudanças de peso não planejadas, 10) Dores ou dores, dores de cabeça, cãibras ou problemas digestivos sem causa física clara e que não melhoram mesmo com tratamento e 11) Tentativas de suicídio ou pensamentos de morte ou suicídio.
A depressão pode ser mensurada? Sim. Há inúmeras escalas de mensuração cada uma delas refletindo as diferentes abordagens conceituais acerca da depressão e, também, o fato de que depressão é uma síndrome (constructo multifacetado) em vez de um constructo unitário. Nenhum sintoma isoladamente poder ser usado exclusivamente para diagnóstico para a depressão, e diferentes pessoas exibirão variados e diferentes sintomas. As escalas, ou seja, as medidas de depressão são usualmente agrupadas nos domínios afetivos (choro, tristeza, apatia), cognitivos (pensamentos de desesperança, desamparo, suicídio, inutilidade, culpa) e somáticos (distúrbios do sono, alterações no nível de energia, apetite, constipação). Nem todos estão presentes em cada caso. Consequentemente, as medidas devem cobrir várias dimensões, ou domínios, e a amplitude de inclusão destes domínios que distingue uma escala de outra. Tipicamente as escalas de depressão podem ser agrupadas em dois subgrupos: as escalas de auto registro O próprio paciente faz os registros) e as escalas de avaliação clínicas (por parte dos clínicos).
O enfoque básico está na avaliação clínica, com as autoavaliações (auto registro) oferecendo um processo de avaliação menos custoso tanto em tempo quanto financeiro. Elas não requerem avaliações clínicas. Ademais, as autoavaliações enfatizam os elementos subjetivos e afetivos: a experiência da depressão. Neste contexto, O Inventário de Depressão de Beck e as Escalas de Autoavaliação de Zung têm sido frequentemente recomendadas e usadas em ambientes clínicos e hospitalares. O inventário de Beck foi fundamentado pelas observações clínicas efetuadas ao longo da psicoterapia, mas do que baseadas numa particular teoria de depressão. Devido ao fato de Aaron Beck ponderou as origens cognitivas da depressão, o conteúdo do seu inventário destaca as atitudes dos pacientes em relação ao sentimento de si próprio (ego).
De outro lado, a Escala de Auto registro de Zung foi originalmente desenvolvida para quantificar a severidade da depressão, no momento presente, em pacientes de todas a idades com o diagnóstico primário de transtorno depressivo. A escala é composta de 20 itens, dois quais 10 contém descrições positivas e 10 com descritores negativos. Ao longo da Pandemia da Covid-19, o meu grupo internacional comparou a incidência e prevalência de variados sintomas depressivos entre diferentes nações, revelando que as pontuações da população brasileira se situam entre os mais elevados. Esta escala quanto aquela de Beck apresentam coeficientes de validade e de fidedignidade bastante elevados e são usualmente usadas em estudos interculturais. Importante, são fáceis e rápidas de serem aplicadas. Finalmente, importa mencionar que com o progresso das ferramentas de Inteligência Artificial, certamente, a natureza das medidas da depressão irá ser enriquecida tornando seus indicadores mais válidos e confiáveis.
Professor Visitante da UnB-DF*