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Incêndio em Sertãozinho: morre mais uma vítima

A segunda vítima fatal tinha 67 anos e trabalhava como terceirizado, a exemplo do primeiro trabalhador morto

Bernardino tinha 67 anos e estava internado no HC-UE (Foto: Redes Sociais)

Por: Adalberto Luque

O incêndio ocorrido em uma indústria química, registrado na Vila Industrial, em Sertãozinho, na sexta-feira (11), deixou mais uma vítima fatal. Aparecido Olímpio Bernardino, de 67 anos, morreu na noite desta quarta-feira (16). Ele estava internado no setor de queimados do Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência, região central de Ribeirão Preto.

Bernardino morreu horas depois de Estevão Felisberto Campanini, de 27 anos, que foi a primeira vítima fatal do incêndio em Sertãozinho. A exemplo de Campanini, Bernardino também era funcionário terceirizado e participava da retirada da carga do caminhão, quando o fogo começou.

Outras duas pessoas seguem internadas, uma no HC-UE e outra no Hospital São Lucas Ribeirânia, zona Leste da cidade. O estado de saúde de ambos não foi informado.

Depoimento

Na manhã desta quarta-feira (16), diretores da empresa Innove Química, acompanhados de seus advogados, foram ouvidos pelo delegado que investiga o caso. O teor dos depoimentos não foi liberado.

Em nota divulgada pelos advogados, a empresa contesta a hipótese de que o fogo começou no caminhão. “O foco inicial do incêndio ainda é objeto de apuração e investigação pelas autoridades policiais competentes, pelo que é incorreta, por ser prematura, a indicação de que o foco inicial tenha partido do veículo que fazia o transbordo dos produtos químicos”, diz a nota.

Fogo teria começado em caminhão e atingiu terreno da indústria química, passando para residências vizinhas (Foto: Redes Sociais)

O incêndio

Um caminhão estava parado na rua e algumas pessoas descarregavam produtos químicos num terreno que, segundo a indústria química, seria uma área de transbordo. O fogo começou por volta de 13h30 de sexta-feira (11), em local ainda não confirmado pelas investigações.

Rapidamente se alastrou e atingiu o caminhão e a área de transbordo, iniciando um grande incêndio, que liberou muita fumaça tóxica. Os bombeiros tiveram dificuldade em combater as chamas. A corporação não pode usar água porque, ao entrar em contato com os produtos químicos, pode causar novas explosões e alimentar as chamas. Uma casa próxima foi destruída e alguns imóveis teriam sido comprometidos, com abalos estruturais.

O local foi isolado. Quatro pessoas sofreram queimaduras graves e foram levadas a hospitais de Ribeirão Preto. Três ficaram internados no HC-UE e uma pessoa no Hospital São Lucas Ribeirânia. Durante a internação, duas vítimas que estavam no HC-UE morreram em consequência das queimaduras sofridas.

Estevão Felisberto Campanini, de 27 anos, morreu na madrugada e Aparecido Olímpio Bernardino, de 67 anos, morreu à noite, ambos na quarta-feira (16). Em Sertãozinho, de acordo com a Prefeitura, pelo menos 30 pessoas foram atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, das quais 11 com queimaduras. Todas já receberam alta nos dias subsequentes ao incêndio.

A Defesa Civil evacuou um quarteirão inteiro e pelo menos 12 casas haviam sido interditadas. Oito das doze famílias que tiveram seus imóveis interditados no sábado (12), pela Defesa Civil de Sertãozinho, ainda estavam abrigadas em hotéis até a manhã desta quinta-feira (17).

Cetesb informou que vai multar indústria química e Polícia Civil apura responsabilidades (Fotos: Redes Sociais)

Multa e investigação

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou, por nota, que através da Agência Ambiental de Ribeirão Preto, após conclusão do relatório técnico de atendimento ao acidente, deve penalizar a empresa Innove Química por danos ambientais.

Segundo o gerente regional da Cesteb, Otávio Okano, a indústria não tem licença ambiental para utilizar o espaço que pegou fogo na sexta-feira como depósito de produtos químicos. A sede da empresa, a cerca de dois quarteirões de distância, no mesmo bairro, está com a documentação em ordem, segundo a autarquia estadual.

A Polícia Civil investiga se o material transportado pela empresa seguiu os procedimentos de segurança. A investigação quer saber se houve negligência ou imprudência. Com as mortes já registradas, o caso também será investigado como homicídio culposo, isto é, quando não há intenção de matar.

Bairro ficou isolado e várias casas foram interditadas (Foto: Redes Sociais)

A empresa diz, por meio de advogado, que o transbordo dos produtos segue as normas de segurança e que não é prática da indústria embalar produtos nas ruas.

Técnicos da Cetesb adiantaram que foram encontrados resíduos de uréia, clorito de sódio e ácido fosfórico. Os dois últimos, quando em contato, podem causar explosões.

Em nota, a Innove Química informou que, por volta das 12 horas de sexta-feira, “ocorreu um princípio de incêndio em um caminhão de uma empresa terceirizada.” No momento, funcionários faziam o manejo e o transbordo de produtos usados na linha de produção da indústria. As causas do fogo ainda são desconhecidas.

Segundo a empresa, apesar de cumpridos todos os procedimentos técnicos de segurança, houve uma onda de choque e explosões múltiplas nos insumos. O fogo atingiu o caminhão, a fábrica e imóveis vizinhos.

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