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Bordeaux, França 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Há mais de 30.000 anos, nossos parentes neandertais já passeavam pela região do rio Garonne, onde, no século I, os romanos ergueram um assentamento, ao qual denominaram Burdigala, às margens do mesmo rio e próximo de sua foz, na Baía de Viscaia, no Oceano Atlântico. Especula-se que o nome derive de expressões dos povos primitivos e signifique alguma coisa como local de fundição de ferro.

Esta pequena vila consolidava a  conquista  da Gália, empreendida pelo imperador romano  Júlio César, em 56 a.C e que marcaria a expansão do império por toda a Europa.

À região, denominou-se Aquitânia (algo como região das águas, em tradução livre), relembrando a tribo dos aquitânios, ali residentes.

Uma das mais expressivas figuras da região foi Leonor d’Aquitânia, Rainha de dois Reinos, que, no século XII, casou-se com o Rei da França, com quem teve duas filhas, conseguiu anular seu casamento para se unir ao rival  Henrique II, da Inglaterra, pai de Ricardo Coração de Leão.

O Ducado da Aquitânia permaneceu então como território inglês até o final da Guerra dos Cem Anos ( 1337-1453 ), quando voltou definitivamente para a França.

Desde a época dos aquitânios, já havia vinhedos em redor da pequena vila, produzindo um vinho que se tornaria o mais famoso do mundo. Exportado para a Inglaterra, durante seu domínio da região, fez progredir os inúmeros vinhateiros que se estabeleceram em redor da pequena vila.

Em 1441, refletindo a importância da região, foi fundada a Universidade de Bordeaux, uma das mais antigas da França, que até hoje, com seus vários campi, oferece estudo e pesquisa de alto níveis.

Hoje, Bordeaux é uma metrópole de 300.000 habitantes, capital do Departamento da Nova Aquitânia. (A França é um país de governo unitário, não tem estados, mas sim departamentos, que são divisões administrativas sujeitas ao governo central de Paris).

Desenvolveu-se, como vimos, às margens do rio Garonne, onde um enorme passeio público acolhe diariamente pessoas que se exercitam, simplesmente passeiam ou deixam-se extasiar pela beleza de suas construções. Táxis fluviais conectam as duas margens do rio, para onde se estendeu a cidade e bondes modernos transitam entre o passeio e a cidade propriamente dita, numa área repleta de bares e restaurantes.

Sua Ópera é grandiosa e seu ponto principal é a Praça da Bolsa, com seus edifícios do começo do século XX, que relembram as construções de Paris.

Do passado, conserva também a grandiosa catedral gótica de Santo André, as mansões dos comerciantes de vinho do século XVIII e XIX,  a Cidade Velha, a fonte das Três Graças, bordejada pelo enorme espelho d’água, com borrifos, onde as crianças brincam e os inúmeros espaços públicos arborizados, tudo considerado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Os velhos armazéns de vinho, na beira do rio, vão sendo substituídos por modernos prédios de escritórios e hotéis de luxo, projeto de revitalização da antiga zona portuária fluvial da cidade.

Nos fins de semana, as ruas estreitas da Cidade Velha se enchem de uma multidão, em busca das lojas, dos bares e dos restaurantes ou simplesmente passeando.

Vários museus são encontrados na cidade, bem como a CitéduVin, instalação moderna e arrojada, que glorifica o vinho produzido na região.

Bordeaux merece ser incluída na listas das cidades a serem visitadas na França.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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