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Mensurando Psicologia (13): Liderança Transformadora 

José Aparecido Da Silva* 

 

Definições de liderança traçam-na como o cerne de processos grupais. A partir desta perspectiva, o líder está no centro da atividade e mudança do grupo, incorporando a vontade do mesmo. Outras definições, conceitualizando a liderança a partir da perspectiva da personalidade do líder, sugerindo que liderança é uma combinação especial de traços, ou características, próprias aos indivíduos e que os capacita a induzir outros à realização de tarefas. Outras mais definem liderança como ações ou comportamentos, ou seja, considerando as realizações efetuadas pelo líder para provocar mudanças no grupo. Também, liderança tem sido definida considerando as relações de poder que existem entre o líder e seus seguidores. Deste ponto de vista, o líder tem poder e permissão para efetuar mudanças no ambiente e nos outros. Já outras concepções veem a liderança como um instrumento de realização de objetivos, no sentido de ajudar membros de um grupo a realizarem-nos, bem como, a suprirem suas necessidades. Finalmente, outra concepção focaliza a liderança a partir da perspectiva das habilidades. Esta concepção enfatiza as capacidades, conhecimentos e habilidades que tornam a liderança efetiva possível. 

A despeito desta pluralidade de conceituações, entendo que os seguintes componentes podem ser identificados como centrais ao fenômeno da liderança. São eles: (1) liderança é um processo, (2) liderança envolve influência, (3) liderança ocorre dentro de um contexto de grupo e (4) liderança envolve realização de objetivos. Tomando por base estes componentes, defino liderança como um processo no qual um indivíduo influencia um grupo de indivíduos, para alcançar um objetivo comum. Definir liderança como um processo significa reconhecer que ela não é um traço, ou característica, que resida no líder, mas, sim, um evento transacional que ocorre entre o líder e seus seguidores. Tal processo implica que um líder afeta, e é afetado por seus seguidores, isto é, esclarece que liderança não é algo linear e de mão única, mas, sim, um evento interativo. Assim considerada, liderança torna-se algo disponível para todos, não se restringindo àquele formalmente designado líder num grupo. 

Várias pesquisas têm tentado investigar os fatores, as dimensões, as características ou os traços que distinguem os líderes dos não líderes. Muitos estudos têm focalizado especialmente as diferenças entre líderes eficientes e líderes não eficientes.  Há atualmente uma robusta literatura sobre diferentes definições, estilos e teorias da liderança; todas diferem de algum modo e todas têm fracassado em fornecerem uma descrição comum. A liderança é difícil de ser definida e explicada, mas na prática é facilmente reconhecida. Por outro lado, outros estudos revelam que as características transformadoras da liderança poderiam ser agrupadas em quatro componentes inter-relacionados: influência idealizada (ou carisma), motivação inspiradora, estimulação intelectual e consideração individualizada. 

A influência idealizada pode ser definida como tendo um papel de modelo carismático para os seguidores. Esta dimensão é frequentemente referida como carisma e é o protótipo e a mais importante dimensão da liderança.  Os líderes possuidores destes comportamentos mostram convicção, enfatizam a confiança, entendem as dificuldades, apresentam os seus valores mais importantes e destacam a importância dos objetivos, do compromisso e as consequências éticas das decisões. Tais líderes são admirados como modelos e geram orgulho, lealdade, confidência e fidelidade em direção ao propósito compartilhado. 

A motivação inspiradora envolve a articulação de uma atitude visionária clara, apelativa e inspiradora para os seguidores. Embora, esta atitude visionária seja conceitualmente distinta do carisma, a motivação inspiradora é usualmente correlacionada com a influência idealizada e, na prática, são usualmente combinadas.  Os líderes, neste caso, articulam uma visão atrativa do futuro, desafiam os seguidores impondo altos padrões, conversam com entusiasmo e fornecem encorajamento e significado para aquilo que necessita ser feito. 

A estimulação intelectual envolve estimular a criatividade dos seguidores e encorajá-los a pensarem de forma independente e irem além das ideias passadas ou das limitações existentes.  Os líderes questionam velhas suposições, tradições e crenças; estimulam outras novas perspectivas e maneiras de fazer as coisas. Além disso, encorajam a expressão de ideias e motivos. A consideração individualizada envolve o atendimento e o apoio às necessidades individuais dos seguidores; focaliza mais o desenvolvimento do seguidor e menos a tomada de decisão participativa. Os líderes lidam com os outros como verdadeiros indivíduos; consideram suas necessidades, habilidades e aspirações individuais: ouvem-nos atentamente, fomentam o seu progresso e orientam, ensinam e treinam os liderados.  Em resumo, esta dimensão essencialmente se relaciona com a capacidade do líder de entender as necessidades e os objetivos de cada seguidor em particular. Que Ribeirão Preto ganhe um líder transformador e carismático, que pense o município em todas as suas facetas, conhecendo profundamente as necessidades do seu povo e de sua gente; como diria José Saramago, “minha gente amiga”. 

Professor Visitante da UnB* 

 

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