Após quedas de 0,55% em junho, de 7,7% em julho e de 1,8% em agosto, o preço da cesta básica de alimentos essenciais disparou 8,06% em Ribeirão Preto, segundo o levantamento mensal do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial (Acirp). O valor do kit saltou para R$ 672,65, contra R$ 622,47 do mês anterior, acréscimo de R$ 50,18.
Em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o pacote com 13 alimentos essências custava R$ 590,32, a alta chega a 13,95%, acréscimo de R$ 82,33. No acumulado do ano, entre janeiro e setembro, a inflação na cidade é de 5%, ante deflação de 2,86% até agosto e alta de 1,08% até julho – era de 7,17% no primeiro semestre.
O levantamento do Instituto de Economia Maurílio Biagi aponta que o aumento foi impulsionado, principalmente, pelas queimadas e pela estiagem prolongada, que vêm afetando a produção de alimentos e elevando os custos de vários produtos essenciais.
“A escassez de chuvas, característica do outono e do inverno na região, impactou diretamente nas colheitas, encarecendo o preço dos alimentos. Além disso, as queimadas agravaram a situação, prejudicando a qualidade do solo e reduzindo a produtividade agrícola”, avalia Livia Piola, analista do IEMB-Acirp.
O estudo aponta ainda que da região com menor custo (R$ 646,08) para a mais cara (R$ 716,38), o consumidor pode chegar a gastar até R$ 70,30 a mais pela compra dos mesmos 13 itens básicos. A variação chega a 10,88%, segundo a pesquisa do IMEB-Acirp.
Entre os vilões do mês, o preço da alcatra subiu 12,12%, impulsionada pelo aumento no custo da alimentação do gado, que foi afetado pela falta de pasto e a necessidade de maior quantidade de ração. Outro destaque foi o café, que apresentou aumento de 19,64%. O clima seco desde abril tem afetado a produção do grão.
O café já vinha sofrendo desde 2023 com as altas temperaturas e os baixos níveis de umidade. “A expectativa é de que o preço da carne continue subindo nos próximos meses devido à estiagem prolongada e à alta nos custos dos insumos para ração, como cana-de-açúcar e soja, que também foram afetados pelas condições climáticas adversas”, comenta Livia Piola.
O preço do kit na cidade registrou dois meses seguidos de deflação, de 3,34% em março e 1,59% em abril, depois avançou 3,33% em maio. Subiu 3,89% em janeiro e 3,95% em fevereiro, quando o preço do pacote de itens essenciais superou a barreira de R$ 700 pela primeira vez desde o início da série histórica, atingindo R$ 702,46. O percentual também é o mais elevado até agora.
Os dados do Índice Mensal de Cesta Básica foram divulgados nesta quinta-feira, 26 de setembro. Os analistas da Acirp percorreram 14 estabelecimentos no dia 23: dez supermercados e hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade. O levantamento não tem caráter fiscalizador.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 37,71% do valor total da cesta, é o da carne, que em agosto consumia 36,34%. Frutas e legumes absorvem 27,38% do orçamento (26,98% no mês anterior), seguidos dos farináceos (20,67%, ante 21,9% de agosto), laticínios (7,15%, depois de 7,28% no mês anterior), leguminosas (3,66%, era de 3,9%), cereais (2,54%, ante 2,75%) e óleos (0,9%, após 0,85%).
Também subiram os preços do tomate italiano (16,06%), margarina com sal (-14,64%), óleo de soja (13,54%), banana nanica (8,52%), leite longa vida (4,42%), batata-inglesa (2,81%), feijão carioca (1,39%) e pão francês (0,40%). As quedas foram constatadas nos preços da farinha de trigo sem fermento (–8,20%), açúcar cristal (-6,15%) e arroz branco (-0,48%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 51,51% de sua renda apenas com gastos alimentares em setembro.
A alta foi de 3,84 pontos percentuais em um mês – era de 47,67% em agosto. Em carga horária, equivale a trabalhar 113,33 horas das 220 previstas na jornada do assalariado só para comprar comida, 8,46 horas a mais do que em agosto – era de 104,87 no mês anterior. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.