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Impulsionado pela família e por finado ídolo, jovem é esperança do ciclismo brasileiro 

Lucca Marques, o Batatinha, busca conquistar o mundo e levar adiante legado de Batateiro 

Batatinha tem apenas 18 anos, mas já carrega muita experiência no ciclismo (Divulgação)

Por Hugo Luque 

Para alguns, a bicicleta é um lazer. Para outros, um meio de transporte. Já para Lucca Marques, de 18 anos, é o veículo que o empurra rumo à realização de sonhos diariamente. Natural de Batatais, na região de Ribeirão Preto, o atleta rompeu barreiras, se tornou internacional e competiu em países como Paraguai, Peru e China. 

Apesar da pouca idade, são muitos anos de experiência, treinos e dedicação para o ciclista, apelidado de Batatinha. Nada veio da noite para o dia e, embora pedalar pareça uma prática individual, Lucca carrega em ‘sua garupa’ muitas pessoas que deram força para que seu sonho pudesse se manter vivo. 

Atrás dele estão seus pais, Adriano Ferreira da Silva e Leandra Marques. Que todo filho muda a vida de um casal, isso não há dúvida. Porém, no caso da família batataense, a chegada do garoto apaixonado por pedalar transformou a família toda em um time tão forte e unido quanto a Astana e a AG2R. 

“Nós começamos a nós empolgar de tanto ver a dedicação e o entendimento prematuro dele pelo esporte. Até a mãe começou a competir e passamos a nos dedicar ao ciclismo. O esporte para o Lucca era apenas uma brincadeira. Nunca foi por falta de opção, pois ele tinha feito judô, natação, skate e moto de trilha, mas o ciclismo estava cada vez mais na mente dele”, conta Adriano. 

O garoto se destacou em 2017, com apenas dez anos de idade, quando venceu uma prova da Copa São Paulo em Matão (SP), sua primeira pela equipe de Ribeirão Preto. Aquele foi o primeiro grande resultado de uma trajetória que havia começado com apenas um ano e quatro meses, ainda de chupeta e fralda, numa bicicleta aro 10 com rodinhas dada pelo pai, também praticante do esporte. 

“Na época (2017), quase não tinha crianças nessa idade para competir e o deixavam competir por incentivo à categoria acima. O Batatinha foi ficando cada vez mais entusiasmado e mais competitivo. Isso começou aos quatro ou cinco anos de idade. Aos sete, ele já tinha na cabeça que seria atleta profissional e competia sem faltar nas provas.” 

Jovem atleta é grato aos pais, que o encorajam desde criança (Arquivo pessoal) 

O apoio dos pais se provou incondicional nos momentos de necessidade. Desde muito cedo, Adriano e Leandra abriram mão de muito para que Lucca pudesse manter um equipamento de qualidade e, acima de tudo, tivesse condições de viajar para competir por medalhas, como o próprio atleta explica. 

“Meus pais são fundamentais para mim. Eles sempre fizeram de tudo para que eu pudesse competir e ter um equipamento, me levaram para as corridas, sempre investiram muito, deixaram de fazer muitas coisas que para muitas pessoas são normais, como viagens para curtir com a família, para investir num equipamento ou numa viagem para uma corrida. Eles me deram a coragem de seguir em frente neste esporte”, diz Batatinha, que também contou com a ajuda de alguns amigos da família, verdadeiros patrocinadores. 

O Batatinha e o Batateiro 

Lucca já carrega várias conquistas, entre elas títulos da Copa São Paulo e da Prova Internacional 9 de julho, e medalhas de ouro no Brasileiro de Pista e no Pan-Americano. Isso sem contar pódios no Campeonato Brasileiro de Estrada e no Mundial de Luoyang, na China – foi vice-campeão. 

José Reginaldo Cardoso, o Batateiro, foi mentor de Lucca (Divulgação) 

Seja na estrada ou na pista, Batatinha tem se tornado uma verdadeira marca do pedal. O simpático apelido também carrega uma história e um importante legado. Logo quando começou a gostar do esporte, ele conheceu José Reginaldo Cardoso, seu conterrâneo, apelidado de Batateiro, famoso nacionalmente na modalidade e competidor da seleção brasileira. 

“Batatinha surgiu quando eu era bem novinho ainda. A gente estava em uma corrida e, como a gente sempre ia às corridas com Batateiro, conhecido por todo o Brasil, o locutor citou o nome dele. Para se referir a mim, tentou criar alguns nomes até achar Batatinha. Assim, todo mundo no ciclismo passou a me chamar de Batatinha, por causa do Batateiro, e pegou”, explica. 

Em 2015, pouco antes de Batatinha entrar para a equipe de Ribeirão Preto, Batateiro, sua inspiração, morreu aos 52 anos após sofrer um mal súbito montado em sua bicicleta, quando disputava uma prova dos Jogos Regionais em Penápolis (SP). Ele havia vencido outra disputa no dia anterior. 

“Eu me orgulho muito de seguir honrando o Batateiro muito bem e com bons resultados. Tenho certeza que, lá no céu, ele está muito feliz”, acrescenta Lucca. 

O pó da estrada 

Antes do glamour de quem ocupa o topo, há muito sacrifício para aqueles que sonham em viver do esporte de alto rendimento. Batatinha divide seu tempo entre treinamentos, longas viagens, competições e o segundo semestre da faculdade de Educação Física. 

Além disso, enfrenta também a distância para sua casa e as mudanças constantes. O jovem tem passagens por times de Batatais, Ribeirão Preto, Santos e, atualmente, está em Indaiatuba. 

“Temos uma equipe muito boa na pista, bem estruturada, com Armando Camargo como técnico, e tem o velódromo, algo que poucas cidades no Brasil têm. Como eu estava me desenvolvendo, foi excepcional, ganhei muita experiência e tive uma evolução gigantesca”, comenta o batataense, que não esconde os percalços. 

“A maior dificuldade que a gente enfrenta é questão de apoio. É um esporte muito caro, difícil de bancar e meus pais fizeram um trabalho excelente, porque eles investiram tudo o que a gente tinha e tem em mim. É muito difícil, complicado e, como tem de viajar muito, demanda um gasto financeiro muito grande.” 

Batatinha também lamenta a falta de respeito que enfrenta todos os dias durante os treinamentos nas estradas. “Vemos caminhão ou carro passando muito perto da gente, tirando fina e achando que a gente é vagabundo. Mas não. É um trabalho.” 

Mesmo com os problemas, para Batatinha, não há sentimento melhor do que o descrito na canção de Sá, Rodrix e Guarabyra, quando o pó da estrada fica na roupa e o cheiro forte da poeira levantada o leva sempre mais à frente.  

“Tive bastante sorte de achar uma coisa que sempre gostei de fazer desde muito novo. Meu pai sempre me colocou para fazer bastante esporte até para tirar um pouco a pressão do ciclismo e não ficar só nisso, o que me ajudou a continuar pedalando e gostando por bastante tempo. É o esporte que amo, adoro estar em uma competição, num pelotão, em cima da bike. Me ajuda mentalmente e fisicamente, e também a gente treina para evoluir e alcançar grandes objetivos. Desde cedo, achei um esporte que sempre gostei muito de assistir e de competir”, conclui. 

 

 

 

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