A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirma que o prejuízo em São Paulo já havia chegado aos R$ 2 bilhões para os agricultores, principalmente os plantadores de cana-de-açúcar. Segundo ela, já são 900 mil hectares de áreas de agricultura e pecuária queimadas, 1,4 milhão de hectares em área de campo de pastagem e um milhão de hectares em áreas florestais.
O governo de São Paulo anunciou balanço das multas aplicadas por crimes relacionados a queimadas criminosas em 2024, com um total de R$ 25 milhões em autuações. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), a Operação SP Sem Fogo atendeu, entre 1º de janeiro e 16 de setembro, 2.392 ocorrências e vistoriou 2.159 focos de incêndio em vegetação em todo o estado.
Foram lavrados 420 autos de infração ambiental, em ocorrências que afetaram 107 mil hectares, o equivalente a 115 mil campos de futebol. A Secretaria de Comunicação confirmou também que 23 pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento em ações de início intencional de fogo.
A primeira prisão foi em 21 de agosto e a polícia descarta correlação entre os envolvidos até o momento, diferente do apontado pela Polícia Federal em relação às investigações para os incêndios nas regiões Centro-Oeste e Norte do país.
São onze prisões na macrorregião de Ribeirão Preto. Agora são três prisões em Batatais, três em Franca, uma em Santo Antônio da Alegria, uma em Patrocínio Paulista, outra em Guaraci, uma em São Carlos e uma em Pedregulho. As outras doze ocorreram fora da macrorregião.
Cerca de 8.049 propriedades rurais foram afetadas pelos incêndios em 317 municípios. Apesar da diminuição considerável em focos ativos, o alerta para queimadas no estado tem previsão de aumento das áreas em situação de emergência.
A área de risco mais elevado deve voltar a regredir a partir deste sábado, 21 de setembro,com avanço de nova frente fria, breve como a que derrubou as temperaturas em todo o estado desde segunda-feira (16). Ribeirão Preto continua em alerta contra os incêndios florestais.
O risco de ocorrer novas queimadas na região é elevado devido à estiagem – que já dura cinco meses, desde meados de abril –, ao calor excessivo e à baixa umidade relativa do ar. A situação é de emergência, segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Além disso, a Região Metropolitana de Ribeirão Preto registrou a primeira morte devido aos incêndios florestais. Carlos Roberto Prado, de 44 anos, morreu no dia 6 de setembro após duas semanas internado na Ala de Queimados do Hospital das Clínicas. Ele morava em Santa Cruz da Esperança.
A vítima teve 50% do corpo queimado devido a um incêndio em canavial no dia 25 de agosto, domingo. O trabalhador rural arrendava um sítio e voltava de moto para casa quando teria se perdido por causa das labaredas e da fumaça. O filho conseguiu escapar e pediu ajuda a um sitiante.
Dados do BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que Altinópolis é a cidade com mais focos de incêndios registrados em 2024 no estado de São Paulo. Ao todo, foram 127 focos até o início da semana. Outros quatro municípios da região de Ribeirão Preto entre os dez com mais registros: Pitangueiras (106), Morro Agudo (83), Sertãozinho (78) e Ituverava (73).
No ano passado, por exemplo, a Semil fez a doação de 61 viaturas para a Polícia Militar Ambiental, um investimento de quase R$ 18 milhões que permitiu ampliar as ações de prevenção e repressão. Atualmente, a Polícia Ambiental conta com 1.866 PMs e 933 viaturas empregadas nas ações de fiscalização e combate.
Cada ponto de queimada identificado pelos satélites de monitoramento é vistoriado detalhadamente para que os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos. A Fundação Florestal mantém, desde 1º de setembro, 81 unidades de conservação localizadas na região metropolitana e interior do estado para proteger a população e manter foco total na prevenção a incêndios nessas áreas de preservação.
A Estação Ecológica de Ribeirão Preto, mais conhecida como Mata de Santa Tereza, importante fragmento florestal de Mata Atlântica, está na lista. O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, disse que 99,9% dos incêndios registrados no estado de São Paulo ao longo do fim de semana foram causados por “ação humana”.
Cana – A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) afirma que entre os dias 23 de agosto e 10 de setembro foram identificados mais de três mil focos de incêndios. As queimadas resultaram em mais de 181 mil hectares queimados em áreas de cana-de-açúcar e áreas de rebrota. O prejuízo é estimado em mais de R$ 1,2 bilhão.