Por Hugo Luque
Após mais de um mês de fortes emoções, o mundo se despediu, no último fim de semana, dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris. Se no primeiro o Brasil foi bem, mas ficou com uma medalha a menos em relação à edição anterior, o segundo foi marcado pelo protagonismo nacional, até mesmo com prata para Ribeirão Preto.
Na capital francesa, os principais destaques brasileiros, entre os esportes olímpicos, foram as mulheres, que conquistaram a maior parcela dos pódios, sobretudo com os títulos da ginástica artística, do judô – como já é tradição – e do vôlei de praia. Já nas modalidades paralímpicas, a nação foi guiada à quinta colocação geral no quadro de medalhas pela natação e pelo atletismo.
De 26 de julho a 8 de setembro, os fãs de esporte saciaram a fome e a sede por competições de alto nível no maior palco mundial. Agora, a preparação é para a edição de Los Angeles, cidade estadunidense que receberá o evento pela terceira vez, daqui quatro anos, em 2028.
Jogos Olímpicos
O Brasil iniciou as competições com grandes expectativas para sua delegação de 277 atletas, especialmente em modalidades como ginástica artística, vôlei, canoagem, surfe, skate e atletismo. Na edição de Tóquio-2020, disputada em 2021, o time igualou o recorde de medalhas de ouro do Rio-2016 (sete) e superou a maior quantidade de pódios em uma só Olimpíada (21, dois a mais do que em solo carioca).
Enquanto alguns esportes ficaram abaixo das expectativas, como a maratona aquática, outros surpreenderam. Foi o caso da marcha atlética. Na prova masculina, Caio Bonfim foi prata e trouxe a primeira medalha na modalidade para solo brasileiro.
Contudo, não foi a primeira conquista verde e amarela em Paris. O judô, como já era esperado, inaugurou o pódio. Willian Lima foi prata na categoria até 66 kg. No mesmo dia, Larissa Pimenta foi bronze na disputa até 52 kg. O terceiro lugar também veio nas equipes mistas, a primeira medalha do país em categorias mistas considerando todos os esportes.
Mas, é claro, a cereja do bolo foi o ouro que abriu a contagem de títulos. Em sua primeira participação olímpica, na categoria acima de 78 kg, Beatriz Souza “quebrou a banca”, derrotou a israelense Raz Hershko, vice-líder do ranking mundial, e alcançou o posto mais alto do judô.
Outro grande destaque foi a ginástica artística. Pela primeira vez na história, o Brasil conquistou uma medalha na disputa por equipes, um bronze. Individualmente, Rebeca Andrade deu um show e levou um ouro no solo, além de duas pratas (individual geral e salto). Com seis pódios, ela se tornou a maior medalhista da história do país, com seis.
O último de três ouros também foi feminino. Ana Patrícia e Duda bateram as canadenses Melissa Humaña-Paredes e Brandie Wilkerson por 2 sets a 1 e recolocaram a nação no topo da modalidade, entre as mulheres, pela primeira vez desde Atlanta-1996.
Algumas esperanças de título não chegaram lá. Todavia, outras medalhas vieram. Um dos representantes da região, Alison dos Santos foi bronze nos 400 metros com barreiras. No surfe, Tatiana Weston-Webb passou perto do ouro, mas foi prata, enquanto Gabriel Medina ficou com o bronze. Já no skate, foram dois terceiros lugares: Rayssa Leal no street feminino e Augusto Akio no park masculino.
Outras campanhas de destaque foram no vôlei de quadra feminino (bronze), na canoagem de velocidade (prata com Isaquias Queiroz) e no futebol feminino, que superou a primeira fase ruim e a desconfiança, foi à final, acabou batida mais uma vez pelos Estados Unidos e ficou com a prata, terceira da história, na despedida de Marta.
Alguns pódios que eram esperados não vieram, como no tiro com arco, canoagem slalom, ginástica rítmica e tênis de mesa. No último, entretanto, Hugo Calderano fez a melhor campanha do Brasil na modalidade e chegou à disputa pelo bronze.
Representante de Ribeirão Preto, o nadador Guilherme Basseto participou do revezamento 4x100m medley misto. A equipe ficou na 16ª posição nas eliminatórias e não foi à final.
Ao todo, foram 20 medalhas: três de ouro, sete de prata e dez de bronze, concretizando a segunda melhor campanha brasileira em todos os tempos. No quadro geral, a 20ª colocação foi ocupada – inferior a outras seis edições. O primeiro colocado foi o time dos Estados Unidos, com 126 pódios e 40 títulos.
Jogos Paralímpicos
O Brasil é uma potência nos Jogos Paralímpicos e isso ficou ainda mais evidente em Paris. Pela primeira vez na história, o país ficou entre os cinco primeiros no quadro de medalhas. A quinta colocação veio com 89 medalhas – 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze –, conquistadas por uma delegação de 280 atletas. O título foi da China, com incríveis 220 pódios e 94 ouros.
Natação e atletismo foram os destaques, com 26 e 36 medalhas, respectivamente, as melhores participações da história das modalidades. Porém, assim como na Olimpíada, o judô fez história com quatro ouros e foi quem garantiu o “top 5” no ranking dos países.
Se nas pistas as conquistas douradas se dividiram, nas águas, com exceção do título de Talisson Glock, só deu Gabriel Araujo e Carol Santiago, cada um com três primeiros lugares. Carol, inclusive, se tornou a maior campeã paralímpica da história nacional: são dez medalhas, sendo seis de ouro.
Para Ribeirão Preto, a edição de Paris da Paralimpíada também foi especial. No penúltimo dia de competições, Zileide Cassiano saltou para 5,76m e ficou na segunda colocação do salto em distância T20 feminino. Foi a chave de prata perfeita para fechar uma Paralimpíada de ouro.