José Aparecido Da Silva*
A Doença de Parkinson (DP) recebe seu nome do médico James Parkinson que pela primeira vez descreveu os sintomas da enfermidade no ano de 1817. Inicialmente James Parkinson a denominou “Paralisia agitante” destacando seus dois componentes mais característicos: a acinesia (paralisia) e o temor (agitação). A Doença de Parkinson é uma condição clínica neurodegenerativa, a segunda com maior prevalência, depois da Doença de Alzheimer (DA) e afeta cerca de 1% da população maior de 60 anos.
A Doença de Parkinson se caracteriza por problemas motores cujas principais manifestações clínicas são a lentidão de movimentos, temor, rigidez e instabilidade postural relacionadas com a perda de mais de 80% dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra. A enfermidade também apresenta sintomas “não motores), tais como disfunção autonômica, dificuldade de perceber odores, dor, alterações do sono noturno, exceto sono durante o dia, fadiga, deterioração cognitiva, ansiedade e depressão.
Em particular, as alterações cognitivas da Doença de Parkinson variam desde os déficits sutis e focais, demonstrados basicamente mediantes testes neuropsicológicos, até à demência global. Os declínios cognitivos leves incluem, principalmente, um uso anormal da armazenagem de memória e uma síndrome disexecutiva secundária à alteração dos circuitos corticosubcorticais que conectam o Cortex prefrontal dorsal e ventrolateral com o estriado dorsal e a área tegmental ventral mesencéfálica.
No desenvolvimento dos declínio cognitivos moderado e grave que levam à demência se encontram implicados em múltiplas regiões tanto corticais como subcorticais, assim como em diversos sistemas neuroquímicos. Na Doença de Parkinson o declínio cognitivo se manifesta de uma forma muito sutil. O desempenho cognitivo alterado se observa nos testes neuropsicológicos tanto em pacientes não medicados e em estágios, fases, precoces do transtorno. Podem-se observar alterações em diferentes habilidades cognitivas, tais como na memória, no processamento visuoespacial, na atenção, na formação de conceitos, resolução de problemas, resistência à interferência, alteração precoce na fluência verbal e nas funções executivas.
A Demência irá aparecer na evolução da Doença de Parkinson de maneira inevitável depois de 10-15 anos. A demência na Doença de Parkinson se origina pela disfunção neurocortical secundária dos déficits neuroquímicos produzidos pela degeneração dos diferentes núcleos subcorticais e tronco encefálicos. Os declínios cognitivos que se seguem associados à Doença de Parkinson têm uma base cortical (linguagem, memória de reconhecimento) e junto à disfunção disexecutiva progressiva até suas fases iniciais se refletem nos estudos neuropsicológicos.
Em suma, deficiências cognitivas interferem com a independência nas atividades cotidianas, isto é, no mínimo requerendo apoio com as atividades instrumentais complexas, tais como pagar as contas ou manejar os medicamentos. Importante, os testes neuropsicológicos e os de rastreio cognitivo são ferramentas muito úteis para avaliarem e acompanharem a extensão e o grau do comprometimento cognitivo.
Professor Visitante da UnB-DF*