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São Paulo puxa queda da indústria  

Em São Paulo, o resultado interrompeu três meses seguidos de taxas positivas, período em que acumulou alta de 4,1%  

Locomotiva da indústria nacional, representando um terço da produção das fábricas do país, a indústria paulista encolheu 1,8% em julho, segundo o IBGE (José Paulo Lacerda)

Locomotiva da indústria nacional, representando um terço da produção das fábricas do país, o estado de São Paulo apresentou recuo de 1,8% na produção industrial em julho. Esse cenário explica o resultado nacional, que ficou no terreno negativo: -1,4%.

A constatação faz parte da Pesquisa Industrial Mensal Regional, divulgada nesta sexta-feira, 13 de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento é um complemento da pesquisa nacional, divulgada no último dia 4, que apura o comportamento do parque fabril em 15 regiões. Além de São Paulo, apresentaram diminuição na produção Pará (-3,8%) e Bahia (-2,3%).

Em São Paulo, o resultado interrompeu três meses seguidos de taxas positivas, período em que acumulou alta de 4,1%. “A queda de 1,8%, acima da média nacional, acabou eliminando parte do crescimento acumulado no período. A indústria farmacêutica influenciou negativamente o resultado da produção paulista”, explica Bernardo Almeida, analista do IBGE.

Antes da pandemia – No acumulado do ano, São Paulo apresenta expansão de 4,7% e, em doze meses, 2,5%. Com esse resultado, a indústria paulista está 2,2% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), acima da média nacional, que está 1,4% além do alcançado no segundo mês de 2020.

A produção industrial cresceu em 14 dos 18 locais pesquisados em julho de 2024 ante julho de 2023. “Vale citar que julho de 2024 (23 dias) teve dois dias úteis a mais do que igual mês do ano anterior (21)”, lembra o IBGE. Em São Paulo, maior parque industrial do país, houve uma expansão de 5,4%.

Os demais ganhos ocorreram no Paraná (14,1%), Amazonas (12,0%), Santa Catarina (11,8%), Pará (11,6%), Ceará (10,5%), Rio Grande do Sul (8,4%), Rio Grande do Norte (5,1%), Região Nordeste (3,9%), Minas Gerais (3,8%), Rio de Janeiro (3,8%), Pernambuco (3,2%), Bahia (2,6%) e Espírito Santo (0,6%).

Na direção oposta, houve perdas no Mato Grosso (-2,2%), Maranhão (-1,9%), Mato Grosso do Sul (-1,6%) e Goiás (-0,5%). Na média global, a indústria nacional cresceu 6,1% em julho de 2024 ante julho de 2023. No Pará, que representa 4,1% da produção nacional, a queda na passagem de junho para julho é explicada por redução no setor de minerais não metálicos.

Na Bahia, que responde por 3,9% da produção nacional. os resultados negativos foram explicados pelos setores de produtos químicos e celulose. No campo positivo, os estados com maiores altas de junho para julho foram Amazonas (6,9%), Espírito Santo (5,8%), Paraná (4,4%) e Pernambuco (4,2%).

Os outros locais pesquisados que apresentaram expansão foram Região Nordeste (3,0%), Minas Gerais (2,1%), Ceará (1,9%), Mato Grosso (1,8%), Rio de Janeiro (1,4%), Santa Catarina (1,3%), Goiás (1,2%) e Rio Grande do Sul (0,8%), segundo o IBGE.

Bernardo Almeida explica que o desempenho da indústria nacional não pode ser interpretado como um espelho do resultado das 15 regiões pesquisadas. “É preciso salientar que o resultado regional não esgota o resultado do Brasil, ou seja, uma parte da produção nacional não é vista pelos resultados regionais, já que são apenas 15 locais pesquisados”, diz. “Desse modo, o resultado nacional não deriva da soma dos resultados regionais”, explica.

Cenário – O analista avalia que a queda de 1,4% na média nacional está concentrada nas atividades com maior peso dentro da amostra. Houve recuos nos setores de produtos derivados de petróleo, no setor extrativo e de alimentos. Almeida aponta que a queda de julho está relacionada a condições macroeconômicas desfavoráveis, com a Selic (taxa básica de juros da economia) na casa de dois dígitos: 10,5%.

Pelo lado da demanda, os juros altos – política monetária que encarece os empréstimos – impactam na renda disponível e no consumo das famílias. Pelo lado da produção, os financiamentos mais onerosos desestimulam a tomada de decisão de investimentos. O pesquisador avalia que há um crescimento no ritmo de produção, mas, simultaneamente, observa-se que a indústria caminha de forma moderada.

“Por um lado, temos uma melhora no mercado de trabalho e, por outro, temos a taxa de juros refreando os efeitos desse fator positivo. Isso explica esse quadro oscilante no comportamento da indústria [nos últimos meses]”, analisa. Em 2024, até julho, a indústria nacional acumula expansão de 3,2%. Em doze meses, o resultado é positivo em 2,2%.

 

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