Por: Adalberto Luque
Roberto Marques Trovão Lafaeff, de 36 anos, preso em Valinhos por suspeita de participação no ataque ao carro-forte em Batatais, foi interrogado, na tarde desta quinta-feira (12), na Cadeia de Guanabara, em Franca, distante 80 km de Ribeirão Preto. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Gabriel Fernando da Silva, o suspeito permaneceu em silêncio durante o procedimento.
O delegado explicou que o depoimento foi feito na própria cadeia pública por medida de segurança. O advogado de defesa acompanhou o depoimento e teria dito que seu cliente negou ter participado do assalto ao carro-forte.
Apesar do silêncio, o delegado acredita que os elementos obtidos na investigação são suficientes para seu indiciamento. Ainda na quinta-feira, o homem passou por audiência de custódia e teve a prisão mantida, sendo encaminhado para a Central de Detenção Provisória (CDP) de Franca.
A prisão
Lafaeff foi preso ao dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Valinhos – região de Campinas – na terça-feira (10), um dia depois do ataque ao carro-forte, alegando que teria sido ferido no pé com um vergalhão de obra de construção civil.
O médico que o atendeu percebeu que era ferimento de um tiro de fuzil. Acionou a PM. Assim que percebeu a chegada dos policiais na UPA, Lafaeff, que estava com dois celulares, teria ressetado ambos, apagando todo o conteúdo. Os policiais questionaram o ferimento e ele deu endereço da suposta obra. Também disse que chegou ao local trazido por um homem em uma caminhonete GM S10.
No endereço fornecido pelo suspeito não havia obra e, através de imagens de câmeras de segurança, os policiais perceberam que ele chegou à UPA trazido por um Jeep Renegade conduzido por uma mulher. A Polícia Civil foi acionada e Lafaeff foi preso. Como precisou ser transferido para a Santa Casa de Valinhos por conta da gravidade do ferimento, ficou com escolta policial.
Ao receber alta, na quarta-feira (11), o delegado deu voz de prisão e o levou para Franca. Gabriel Silva também disse que o Jeep Renegade que levou o suspeito para a UPA tem placas de Franca. O dono do veículo já foi intimado. O delegado explicou que ele teria vendido o carro, que está colaborativo e deve depor nos próximos dias para explicar seu envolvimento no caso.
Lafaeff tem extensa ficha criminal e, em dezembro de 2023, foi preso em Jundiaí, onde mora, com um grande arsenal de armas e munições, semelhantes aos usados pelos ladrões no ataque de Batatais. Na cidade onde morava, Lafaeff se apresentava como empresário. Além de ser indiciado por participação no ataque, o suspeito também vai responder pelo uso de documento falso, pois foi flagrado com outra identidade no atendimento médico.
O ataque
O carro-forte da Protege seguia de Franca para Ribeirão Preto pela Rodovia Cândido Portinari (SP-334) na noite de segunda-feira (9), quando, entre Restinga e Batatais, foi atacado por pelo menos 16 homens fortemente armados.
O ataque foi violento, mas os ladrões não conseguiram levar nenhum dinheiro e fugiram, deixando o veículo de transporte de valores destruído. Na ação, um vigilante foi ferido por um tiro e dois por estilhaços. Durante a fuga houve pelo menos três trocas de tiros entre ladrões e policiais que estavam em perseguição. Numa dessas trocas, o funcionário de uma usina foi ferido com um tiro de fuzil na perna.
Pouco depois, um dos carros dos assaltantes foi interceptado na Rodovia Abrão Assed (SP-333), próximo a Serra Azul. Em nova troca de tiros, um PM foi ferido na perna e encaminhado para o Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE). Nenhum dos cinco feridos na ação corre risco de morte.
Confronto letal
Os bandidos conseguiram despistar a polícia. Na tarde de quarta-feira (11), um Mitsubishi Outlander Comforte marrom seguia pela Rodovia Altino Arantes (SP-351), entre Altinópolis e Santo Antônio da Alegria, região metropolitana de Ribeirão Preto, quando passou por três viaturas do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep).
Os PMs desconfiaram e deram ordem de parada, não obedecida pelo motorista do carro suspeito, que empreendeu fuga. Durante a perseguição, os suspeitos entraram na Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338). Próximo ao trevo com a Rodovia Abrão Assed (SP-333), os três desceram do carro e passaram a atirar com armamento pesado contra as viaturas do Baep.
Houve intensa troca de tiros e o Sargento Márcio Ribeiro foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça. Foi levado ao hospital em Altinópolis, mas não resistiu e faleceu enquanto era atendido. Os três homens que atacaram os policiais foram mortos no confronto.
A PM, com apoio do helicóptero Águia, fez buscas na região, procurando por outro carro dos criminosos, uma VW TCross HL TSI cinza com placas de Niterói, mas o veículo não foi encontrado.
Depois do confronto, a Polícia Civil recolheu um verdadeiro arsenal com os criminosos: 02 pistolas Glock, 9mm, 32 carregadores calibre .762, 02 cunhetes metálicos para munição, 04 conjuntos de placas balísticax (frontal e costal), 01 metralhadora, calibre .50 marca Barrett, 03 fuzis, calibre 762, 528 munições calibre 762, 38 cartuchos de munição calibre .50. As investigações prosseguem.