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Clima ameaça a produção de cana  

As mudanças climáticas poderão provocar queda na produção brasileira de cana-de-açúcar de até 20% nos próximos dez anos (Alfredo Risk)

Um estudo do Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) projeta que as mudanças climáticas poderão provocar queda na produção brasileira de cana-de-açúcar de até 20% nos próximos dez anos. A diminuição, de acordo com a pesquisa, causaria um efeito drástico similar no mercado de etanol combustível e no setor de biocombustíveis do Brasil.  
 
O país é líder mundial na produção e consumo de biocombustíveis Segundo o levantamento, a redução na quantidade e frequência de chuvas é apontada como o principal fator prejudicial ao desenvolvimento da cana-de-açúcar, superando até mesmo a elevação das temperaturas. 
 
“A projeção foi possível graças a técnicas de modelagem agroclimática. Os pesquisadores analisaram dados climáticos históricos e fizeram simulações considerando variáveis para estimar o que pode acontecer, nos próximos anos, com a cultura de cana na região Centro-Sul do Brasil”, destacou o CNPEM, em nota. 
 
A região estudada abrange os estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que produzem atualmente 90% da cana-de-açúcar do país. A pesquisa utilizou dados climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
 
Também adotou o modelo Crop Assessment Tool, desenvolvido pelo CNPEM, para descobrir como as mudanças climáticas podem afetar a produtividade da cana-de-açúcar.  O principal participante do estudo, o engenheiro agrícola Gabriel Petrielli, alerta que a diminuição da produção da cana poderá causar uma forte queda nas receitas no setor. 
 
O recuo na produtividade da cana-de-açúcar pode levar a uma redução da receita de CBIOs da ordem de US$ 1,9 milhão para cada bilhão de litros de etanol produzido, resultando em uma perda de receita no setor da ordem de US$ 60 milhões anualmente”, destaca. 
 
“A queda na produção já começou a ser sentida e pode se agravar, caso não sejam adotadas ações para mitigar os impactos ambientais. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima redução de 3,8% na safra de 2024/2025, em consequência dos baixos índices pluviométricos e das altas temperaturas na região Centro-Sul”, ressalta a pesquisa. 
 
Na primeira quinzena de agosto, as unidades produtoras da região Centro-Sul processaram 43,83 milhões de toneladas ante a 47,94 milhões da safra 2023/2024 – o que representa queda de 8,57%. No acumulado da safra 2024/2025 até 16 de agosto, a moagem atingiu 377,44 milhões de toneladas, ante 360,06 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo anterior. 
 
Ao término da quinzena, permaneciam em operação 258 unidades no Centro-Sul, sendo 239 unidades com processamento de cana-de-açúcar, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex. O balanço não compreende o período dos incêndios que destruíram cerca de 80 mil hectares de cana no estado de São Paulo, entre os dias 21 e 25. Os dados são da União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). 
 
A estimativa de produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2024/2025 está em 689,8 milhões de toneladas. O volume, se confirmado, será o segundo maior a ser colhido na série histórica acompanhada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atrás apenas da produção obtida no ciclo anterior, retração de 3,3%.  
 
Os dados, divulgados são do 2º Levantamento da Safra 2024/2025 do produto. Com estimativa de 8,63 milhões de hectares destinados à colheita, crescimento de 3,5% em relação ao ciclo 2023/2024, essa redução na produção de 3,3% é explicada principalmente pelo menor desempenho das lavouras. 
 
A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) – que conta, atualmente, com 35 associações de fornecedores de cana e representa mais de doze mil produtores de cana-de-açúcar – fez um novo balanço dos impactos dos incêndios que atingiram as propriedades rurais no estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil.  
 
Os números contabilizam os incêndios registrados no fim de semana dos dias 24 e 25 de agosto e as ocorrências subsequentes até dia 4 de setembro. Ao longo desse período foram identificados mais de 2,3 mil focos de incêndios que resultaram em mais de 100 mil hectares queimados em áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana. 
 
O um prejuízo estimado passa de R$ 800 milhões, pelos efeitos dos incêndios na cana em pé, nas soqueiras e na qualidade ruim da matéria-prima. Vale lembrar que a quantidade de hectares queimados não contabiliza áreas de APP, reserva legal e pastagens. 
 

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