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O deus dinheiro! (parte V) 

Cleison Scott *
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O mercado financeiro: o Cassino Global

Na crise de 2008/09 a grande mídia veio a público questionar: para que servem os analistas (do mercado financeiro)? E os economistas? E os gurus da economia? Tudo isso para mostrar a indignação dos aplicadores no mercado financeiro com os erros nas previsões dos chamados especialistas que, pouco tempo antes faziam as mais otimistas previsões para um mercado, que seis meses depois, entrou numa das maiores crises da história. Sem dúvida que analistas, economistas e gurus erram, pois são humanos e como tais suscetíveis ao erro. Quando nos debruçamos sobre o irrequieto mundo do jogo das finanças, porém, vemos que o ambiente é muito mais propício ao erro do que se imagina. Vamos juntos analisar esse ponto.

As crises econômicas não são provocadas por fatores que contenham alguma lógica. Com os juros compostos e o rápido desenvolvimento da informática as riquezas passaram a crescer com muita rapidez e em montantes inimagináveis. Ganharam também uma mobilidade impensável antes do computador e da internet. Decorre daí o rápido surgimento de muitos ‘bilhardários’ (A exemplo de Jô Soares, me permiti criar essa espécie de neologismo para dar uma ideia das enormes riquezas que se acumulam nas memórias dos computadores desde meados do século XX a esta parte: – É mais que milionário, é mais que bilionário é ‘bilhardário’), cujas riquezas não têm qualquer consistência física; são meros números em computadores que pulam daqui para lá e de lá para cá na velocidade da luz, sempre ávidos pelo ganho fácil, o qual, quase sempre só serve para alimentar uma ganância que raia a beira da loucura. Como vivemos num GLOBO dividido em 24 fusos horários, o Cassino não fecha NUNCA, fazendo da rapidez um dos quesitos para o sucesso dos modernos jogadores financeiros. Assim, considerações com questões humanas ou ambientais são fatores que não entram em suas análises, uma vez que demandam muito tempo para serem avaliados convenientemente. Tempo num jogo que movimenta $1,5 trilhões de dólares por dia (números de 15 anos atrás, quando isto foi escrito) e na velocidade da luz é um ingrediente que não pode ser ‘desperdiçado’. A pressão daí decorrente é tão grande que os jogadores são pessoas sem vida pessoal, ermitões que vivem em montanhas de concreto, que se alimentam mal e vivem pior ainda, embora muitos deles, em curtas e meteóricas carreiras, consigam amealhar fortunas consideráveis.

No caso da última crise econômica mundial houve mais uma razão para induzir ao erro de avaliação: Ela foi precipitada através da manipulação e corrupção das agências de avaliação de risco, em cujas informações, normalmente os jogadores se baseiam para fazer seus movimentos e estas corrompidas, davam sustentação aos números irreais sobre as mega-organizações econômicas que, mancomunadas com o Governo norte-americano, mais tarde usufruiriam das consequências do desastre, conforme documentário Trabalho Interno do cineasta indicado ao Oscar, Charles H. Ferguson.

https://vimeo.com/39018226

Trabalho Interno (A Verdade sobre a “crise econômica mundial de 2008”)

Tais volume e velocidade não permitem erros ou hesitações. Essa é uma das principais razões que torna o mercado financeiro um monstro sem face e sem coração; consumidor voraz de vidas. Quando se conhece pessoalmente um desses jogadores ninguém pode imaginá-lo como um comedor de criancinhas. São profissionais que vivem, permanentemente, num estado de tensão tão alta, que alguns chegam até a mostrar um comportamento esquizofrênico, mas ao mesmo tempo com reações humanas normais. A facilidade com que esse tipo de riqueza é manipulada, somada à rapidez e relativa precisão com que são controladas levaram os especialistas a criarem inúmeros tipos de jogos com o dinheiro.

Até o século XIII os homens ainda não tinham conseguido uma maneira fácil e econômica de transportar e guardar dinheiro. Particularmente, o transporte de pesadas cargas de moedas, em demoradas viagens, por arriscadas e malcuidadas estradas, era um sério inibidor da expansão das relações comerciais. Os negócios tinham que se sujeitar a essa demora e o risco inerente, ficando restrito à quantidade de dinheiro, em espécie, disponível, isto é, o mercado não era medido só pela capacidade de comprar e vender de seus participantes, pois muitas vezes a falta de moeda era o balizador de seu crescimento. Com a ideia inicial de facilitar a guarda e o transporte do dinheiro, banqueiros italianos inventaram as letras de câmbio, documentos que eram garantidos através de um lastro em dinheiro ou metais preciosos que eles mantinham em seus cofres, fazendo delas o verdadeiro dinheiro por um bom tempo. (continua

* Administrador de empresas com especialização em Marketing 

 

 

 

 

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