O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), ampliou o efetivo para combater os incêndios no estado. Serão 15 novas equipes que irão atuar nas unidades de conservação, somando-se às 19 já existentes. São mais 45 bombeiros civis, com 15 veículos 4×4, equipados com motobombas com capacidade de 600 litros d’água e mangueira acoplada, e novos equipamentos de controle do fogo.
Assim, o número de bombeiros sobe de 57 para 102 pessoas, um aumento de quase 80%. Brigadistas do Vale do Ribeira e do litoral se deslocaram para o interior do estado para ajudar no combate. O monitoramento é feito tanto por via terrestre como por meio de drones com leitura térmica para identificar focos, até mesmo durante a noite.
A Fundação Florestal, órgão vinculado à Semil-SP, anunciou no último domingo, 1º de setembro, o fechamento de 80 unidades de conservação localizadas na região metropolitana e interior do estado. A decisão foi tomada pelo crescente risco de incêndios florestais.
A medida visa proteger tanto os visitantes quanto às áreas de preservação. O fechamento seguirá até o dia 12 de setembro, podendo ser revisado conforme as condições climáticas e os riscos associados. A Estação Ecológica de Ribeirão Preto, mais conhecida como Mata de Santa Tereza, importante fragmento florestal de Mata Atlântica, deverá contar com reforços.
A estrutura da Fundação Florestal também conta com centenas de brigadistas, vigilantes, vigilantes motorizados, e vários tipos de equipamentos que são usados por esses profissionais. Entre eles estão: caminhões-pipa, tratores, carretas-tanque, picapes 4×4, quadriciclos, sopradores, atomizador costal, roçadeiras, motosserras, bomba costal e abafadores.
Além disso, só neste ano, o governo de São Paulo realizou mais de 1.500 quilômetros de aceiros, faixa de terra livre de vegetação que é criada para impedir a propagação de incêndios. A decisão de fechar as unidades de conservação foi justamente para proteger a população e direcionar os funcionários para atuar diretamente nos incêndios.
Além disso, a ideia também é evitar que algum visitante fique preso em uma trilha em meio às chamas. O número de focos de calor cresceu 386% entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com 2023. Cerca de 8.049 propriedades rurais foram afetadas pelos incêndios em 317 municípios. O prejuízo estimado passa de R$ 1 bilhão.
“O fechamento das unidades de conservação foi fundamental para combater as queimadas. Esse reforço por parte da Fundação Florestal vai ajudar diretamente a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Coordenadoria de Fiscalização Ambiental e Biodiversidade, DER, entre outros órgãos”, afirma Rodrigo Levkovicz, diretor-presidente da Fundação Florestal.
Setor privado – O governo paulista também vai ampliar o enfrentamento às queimadas em São Paulo em parceria com a iniciativa privada, sobretudo com entidades do setor sucroalcooleiro, de energia elétrica, de gás, água e concessionárias de rodovias, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. As entidades ofereceram suas estruturas de monitoramento e combate ao fogo.
“A cooperação será intensificada nos próximos dias com a integração das empresas ao Plano de Contingência montado na operação SP Sem Fogo”, diz a pasta. As usinas ligadas à União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), por exemplo, contam com dez mil brigadistas e dois mil caminhões-pipa disponíveis para combater incêndios nos canaviais.
Já a Florestar, especializada no setor de inteligência em segurança patrimonial, ofereceu um trabalho em conjunto com o governo para o monitoramento de unidades de conservação afetadas pelas chamas. As concessionárias de rodovias, por sua vez, colaborarão prestando serviços de informação à população sobre, por exemplo, áreas interditadas por causa da fumaça.
Além disso, usarão o sistema de monitoramento via câmeras das rodovias para mapear novos focos de incêndio. A cooperação ocorre em momento de agravamento das condições climáticas favoráveis ao surgimento de incêndios, com o tempo extremamente seco, situação que deve se prolongar em quase todo o mês de setembro.
Várias empresas têm rede de monitoramento nas unidades produtivas e utilizam torres com câmeras que podem ter um alcance de até 100 quilômetros, a depender da topografia. A comunicação é feita imediatamente para que tenha uma resposta imediata. “Temos um planejamento muito bem estabelecido aqui no estado, com um plano de curto, médio e longo prazo”, diz a secretária do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.
“E para robustecer isso cada vez mais, ficou acordado que cada um vai mandar as informações de suas infraestruturas, principalmente do que chamamos de infraestruturas críticas. Vamos agregar os mapeamentos para termos esse planejamento articulado dentro do nosso gabinete de crise”, afirma.
Mata de Santa Tereza – O bioma inclui matas ciliares e áreas destinadas às monoculturas de pinus e eucalipto e campos de agricultura. A Mata de Santa Tereza tem no total 181 hectares, ou 1.810.000 metros quadrados – o equivalente a mais de 200 campos de futebol (120x75m).
Porém, a Estação Ecológica de Ribeirão Preto é um pouco menor e tem oficialmente 154 hectares – os demais 27 hectares são propriedade particular. A área abriga cerca de 174 espécies vegetais nativas, 126 diferentes espécies de aves (a jacu está ameaçada da de extinção) e nove espécies de mamíferos (o lobo-guará corre risco de extinção).
É um dos derradeiros refúgios de onças-pardas e suçuaranas, animais que no passado habitavam as matas da região. Há dez anos, em setembro de 2014, mais da metade de reserva – cerca de 90 hectares – foram destruídos por um incêndio iniciado na noite de 31 de agosto daquele ano e só controlado quatro dias depois.