Renato Nalini *
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As redes sociais tomaram conta do mundo. O Brasil é o laboratório instigante para análise desse fenômeno. Fácil constatar como estão mergulhados nos celulares, humanos de todas as idades.
A influência da internet é crescente e absoluta. Conheço pais impotentes diante da tirania do celular. Às vezes por comodismo, outras vezes por não saber exatamente o que fazer, consolida-se o domínio digital.
Algo que atinge a todos, suscita o interesse de pensadores de vários calibres. O livro “A Geração Ansiosa”, do psicólogo norte-americano Jonathan Haidt, contemplou a gravidade dos prejuízos causados pelo uso celular a crianças e adolescentes.
Não é preciso ser especialista para concluir que existem problemas de saúde mental, aprendizado e de desenvolvimento físico e socioemocional. A dependência é um fato empiricamente comprovável. Quem já não presenciou cenas de crianças que são periodicamente proibidas de manusear seus aparelhos? O uso contínuo e incessante dos smartphones é um verdadeiro vício em inúmeros lares.
Por isso, existe polêmica a respeito do uso dos celulares em sala de aula, algo que defendi enquanto Secretário da Educação do Estado de São Paulo. Não é uma liberdade plena, porém o uso subordinado à finalidade pedagógica. Entretanto, o Movimento Desconecta, criado por mães paulistas, pressiona as escolas a proibirem o uso de celulares.
A polêmica vai perdurar. Algo que está disponível e que a cada momento ganha novos aplicativos, a internet continuará a existir, a ser utilizada e a ostentar novas finalidades. O necessário é cotejar o custo benefício dessa utilidade. Quais os benefícios que o mundo digital oferece? Quais os prejuízos? É possível compensar aqueles com estes?
Tudo na vida tem várias facetas. O maniqueísmo é algo mais próprio à utopia. Nada pode ser de imediato, automaticamente excluído, se houver alguma vantagem na sua utilização. E a ansiedade é uma questão atualíssima, que resulta dos desafios nunca dantes postos à humanidade. O maior e mais grave deles é a emergência climática. Mercê do mau uso dos recursos naturais, a Terra exauriu-se e agora responde com fenômenos extremos, causadores de morte e desgraça. Diante desse perigo, o uso inadequado dos celulares é uma questão que perde importância e significado.
* Reitor da Uniregistral, docente universitário, desembargador, presidente da Academia Paulista de Letras e autor de “Ética Geral e Profissional”: presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo (2014-2015)