Duarte Nogueira *
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No último domingo, dia 1º de setembro, completou-se oito anos da deflagração da Operação Sevandija em Ribeirão Preto, perpetrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Federal, para revelar o maior e mais grave crime de corrupção vivido pela nossa cidade. A Sevandija – que significa pessoa que vive à custa alheia, parasita – acusou pessoas de participarem de esquemas de corrupção, desvio de recursos financeiros e conluio entre Executivo e Legislativo para a facilitação de aprovação de projetos e defesa da então prefeita por uma boa parte dos vereadores, que acabou afastada de suas funções.
Esta não é, portanto, uma data para ser comemorada, mas é muito importante que seja sempre lembrada, para que os acusados de oito anos atrás – caso sejam considerados culpados – sejam punidos severamente. E também para que não sejam novamente eleitos como representantes do povo. A não ser que, em caso de condenação, paguem antes suas dívidas com a Justiça. E é uma dívida considerável, afinal a cidade sofreu duras consequências da má versação dos recursos públicos, confiados a pessoas que se apresentaram como probas, honestas, mas que dilapidaram o patrimônio da cidade.
À época, a Operação foi responsável pela prisão de várias pessoas, entre elas vereadores, secretários municipais e a própria prefeita de então. Eles também foram impedidos de frequentar locais públicos. Por isso o afastamento de vereadores e secretários de suas funções. É claro que quem julga é o poder judiciário, constituído para esta finalidade. E apesar de condenações em primeira instância, o processo continua em tramitação, sem trânsito em julgado. Logo há a presunção de inocência por todos alegada.
Se houver inocência dos acusados e, logo, absolvição das acusações imputadas, a cidade já foi duramente condenada a viver sem os recursos desviados naquele momento da administração. E certamente houve o desvio porque nossa gestão conseguiu recuperar parte dos valores perdidos, incluindo a devolução feita por uma grande empresa contratada à época pelo então Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp), hoje transformado em Secretaria Municipal (Saerp).
A condenação de Ribeirão Preto, imposta pelos malfeitores acusados pela Sevandija, foi conviver com ruas esburacadas, praticamente intransitáveis, falta de medicamentos nas farmácias da rede municipal, programas de atendimento ineficientes e dívida crescente, com escassez de recursos para praticamente tudo. Só quem teve a oportunidade de conhecer os números sabe da gravidade da situação. Serviços foram interrompidos mais de uma vez em função da falta de pagamento, por parte da prefeitura.
Um bom exemplo de serviço interrompido foi a coleta de lixo, por mais de uma vez, nos últimos meses de 2017. Quando assumimos a prefeitura, em 2017, constatamos a existência de uma dívida superior a R$ 60 milhões com a empresa, o que provocava inclusive falta de recursos para que os caminhões de coleta fossem abastecidos com combustível para coletar o lixo das casas. Uma situação difícil que precisou ser enfrentada com coragem e capacidade de negociação para encontrar primeiro a saída temporária e, depois, a definitiva.
Nem mesmo os servidores públicos, que nada tinham a ver com todo o desacerto, escaparam de receber os impactos negativos. Eles tiveram que receber em janeiro de 2017 valores de salário e décimo terceiro que deveriam ter sido pagos em dezembro de 2016. Por isso é preciso não se esquecer da triste e sombria data para nossa cidade e das pessoas com ela envolvidas.
* Prefeito de Ribeirão Preto
Uma data triste e sombria
