Uma rede de atendimento e reabilitação foi estruturada pelo departamento de fauna silvestre do Estado de São Paulo para receber animais vitimados pelos incêndios florestais que estão ocorrendo principalmente no interior paulista. Já são 26 unidades integradas, que estão em alerta para atender animais resgatados das queimadas.
Também atende outros animais que, ao tentar fugir do fogo, acabam muitas vezes sendo atropelados nas rodovias. A medida faz parte de um conjunto de ações do gabinete de crise anunciado pelo governo para combater os incêndios que atingiram o interior do estado nos últimos dez dias.
Em apenas quatro cidades, 47 animais foram atendidos, dos quais 31 estão se recuperando e 16 morreram. Somente o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro de São Bento, que atende no Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio Barreto, em Ribeirão Preto, recebeu 18 animais resgatados desde 24 de agosto.
Até segunda-feira, 2 de setembro, oito deles tinham morrido em decorrência de queimaduras, insuficiência respiratória e outras complicações. Entre as espécies socorridas havia cobra, lagarto, gambá, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, filhote de onça-parda, macaco-prego e tatu.
O caso mais grave na unidade é o de um tamanduá-bandeira, espécie em extinção no Brasil. Um filhote de onça-parda foi resgatado com ferimentos considerados graves após ser atropelado quando fugia de um incêndio em São Joaquim da Barra.
O tamanduá, uma fêmea adulta, que ganhou o nome Vitória, teve nas patas e no focinho queimaduras de terceiro grau. Mesmo machucada, lutou tanto para escapar das chamas que acabou sofrendo um estresse severo, descompensando praticamente todas as funções vitais.
Vitória está sendo monitorada durante 24 horas por dia, assim como todos os outros que chegam em estado crítico. O filhote de onça-parda foi resgatado e inicialmente levado ao Zoológico de Guaíra para receber os primeiros socorros. Segundo a médica veterinária Estefane Siqueira, o felino sofreu cortes profundos e fratura, por isso foi transferido para o Cetras. Dificilmente terá condições de retornar ao hábitat natural.
Segundo nota do Cetras enviada ao Tribuna, os primeiros animais atendidos durante o incêndio foram o tamanduá–bandeira proveniente de Santa Rita do Passa Quatro e seis filhotes de gambá resgatados pela Polícia Militar Ambiental (PMAmb), infelizmente já sem vida.
Atualmente, três animais estão sob cuidados intensivos no setor de ambulatório e quarentena: um tamanduá–bandeira, um tamanduá–mirim e um macaco–prego. Como parte do processo de reabilitação, um lagarto papa-vento e uma falsa coral já foram devolvidos ao seu habitat natural
Suçuarana – Está sob os cuidados do Cetras um filhote de suçuarana, vítima de atropelamento, que no momento fugia de incêndio na região de São Joaquim da Barra. O filhote de suçuarana perdeu o terceiro dedo da pata esquerda e fraturas, mas a saúde dele é estável.
O animal é um macho, pesa 1.100 quilos e tem apenas 30 dias de idade. A suçuarana recebeu o nome carinhoso de “Benedito”. Para alimentar e satisfazer a suçuarana, os responsáveis pelo Cetras – Alexandre Gouvêa e Pedro Favaretto – estão manipulando o leite.
Assim, o alimento fica mais proteico e com maior índice de gordura. A suçuarana chegou na segunda-feira ano Cetras, trazida do Zoológico Municipal Joaquim Garcia Franco, da cidade de Guaíra, onde recebeu os primeiros atendimentos.
Em caso de dúvidas ou emergências envolvendo a fauna basta acionar o Cetras pelo telefone (16) 3636-2513 ramal 32. A obtenção da autorização de uso e manejo para início das atividades de Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres ocorreu em março de 2024.
Primeiro, passou por um período de reestruturação das instalações e deliberações junto ao Departamento de Fauna do Estado de São Paulo (Defau), ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil-SP).
O empreendimento compreende um quarentenário capaz de albergar mamíferos de pequeno e médio porte, como raposas-do-campo, tamanduás, capivaras e bugios, por exemplo. A estrutura é também capaz de manter em quarentena aves e repteis em recuperação após cirurgias ou completude do desenvolvimento da fase de filhotes para adultos.
Há ainda os setores de maternidade, zootecnia/nutrição, ambulatório veterinário, sala de cirurgia, sala de diagnóstico por imagem, sala de insumos, sala de necropsia e laboratório de análises clínicas. O Bosque Fábio Barreto Fica na rua Liberdade s/nº, no bairro Campos Elíseos. Mais informações podem ser solicitados pelos telefones (16) 3636-2283 e 3636-2513.
Em Assis, chegaram 21 animais. São 15 filhotes de periquito-rei que foram abandonados em ninho; dois gaviões carcarás e um carijó, com intoxicação por fumaça, um gato do mato, com queimaduras e fratura, e dois filhotes de cachorro do mato, um deles com queimaduras também. Jundiaí teve oito animais atendidos, sete gambás e um tatu, e nenhum sobreviveu. Em Araras, um gambá atendido continua em tratamento.