Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Costa Roxo da Fonseca **
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Vem à lembrança constante as inúmeras vezes nas quais presenciamos discussões tendo como objeto a opinião posta na mesa de debates sobre, por exemplo, a importância apresentada por uma das partes que defende a grandeza insuperável do nosso time de futebol contra o qual é homenageada a equipe que o derrotou.
Quase sempre tivemos oportunidade de testemunhar a opinião daqueles que de um lado sustenta que o fogo que despencou na semana passada sobre Ribeirão Preto ou a chuva que meses atrás atacou o Rio Grande do Sul são da responsabilidade tanto de suas vítimas como de seus algozes.
O jornalista Amin Maalouf, nascido no mundo árabe, hoje de nacionalidade francesa, tem oferecido extraordinárias obras sobre a questão. É ele membro de Academia Francesa da Letras.
Quem pode levantar a bandeira da verdade eclodida no mundo de vitórias e derrotas e onde se encontram os limites entre vários países do globo terrestres, mas especialmente entre aqueles que têm famílias,filhos e filhas, pais e mães residindo nas áreas belicosas que estupidamente fingem dividir os árabes dos ocidentais?
Tivemos oportunidade de ler um texto de grande severidade da iniciativa do Vaticano condenando severamente cruzados cristãos que mataram crianças árabes, no passado remoto, para transformá-las em alimentos para saciar sua fome durante batalhas para, como então era dito, libertar as cidades até então qualificadas como sagradas.
Não podemos ocultar que os quadros que temos em muitas de nossas casas apresenta a imagem caridosa de Nossa Senhora, a mãe de todos, sobre a meia luz de magro pedaço de lua, como se estivesse até hoje amparando os cristãos na famosíssima Batalha de Lepanto: batalha vencida pelos cristãos.
O aplaudido escritor Maalouf, desenvolvido no jornalismo no oriente próximo, para atualmente brilhar no ocidente, demonstra o que significa a “guerra de pontos de vista” que nasceu num passado remoto e que ainda sobrevive para matar homens, mulheres e crianças nascidos e criados de todo os lados do conhecimento humano. Um sobre as cruzadas vistaspelos árabes e outro sobre o fim da nossa civilização.
Não é possível transformar a civilização humana como se fosse objeto do ponto de vista daqueles que debatem duramente sobre a qualidade do time de futebol em mesa de bar.
Nem mesmo a criação da ONU e dos Tribunais Internacionais conseguiu dar novo colorido ao ponto de vista das opiniões diversas.
Os países envolveram-se em pelo menos duas guerras mundiais, Na segunda guerra os países do ocidente, inclusive os Estados Unidos, a União Soviética e o Brasil, entre outros conhecidos como “aliados”, lutaram contra a Alemanha, a Itália e o Japão.
Após a vitória, fomos testemunha de nova e enorme elisão, abrindo fresta insolúvel entre os ocidentais e seus antigos aliados, então acusados de “comunistas”. Mas antes já no eram “comunistas”?
Mas agora os russos abandonaram o “comunismo”. Podem agora a paz retornar? Quase imediatamente as nações ocidentais instituíram a NATO e cercaram todo o território russo não comunista pelo seu limite leste, como se tratasse de um povo eternamente inimigo.
E os russos não comunistas invadiram a Ucrânia contra a manifestação contrária do ocidente!
Os Estados Unidos e a China litigam há anos sobre a soberania de uma ilha nas proximidades da China e muito longe dos Estados Unidos.
Nessa última semana, o governo democrático norte americano, estacionou um submarino nuclear nas costas de um país árabe, o Irã. O Irã e os Estados Unidos estão em litígio? Oficialmente não!
Podem os países e os homens permanecerem litigando acenando o seu ponto de vista como objeto de sua ciência?
Se esse bate-boca continuar crescendo, no campo do opinativo, acena Amin Maalouf, a civilização humana tenderá a se encaminhar para o abismo.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada